Hoje
há exatos 35 anos entrava no ar o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT. Em 19 de agosto de 1981, o já famoso apresentador e empresário Silvio Santos realizava o seu grande
sonho de ter sua própria emissora. O SBT
é a única tv aberta a apresentar ao vivo sua inauguração.
Nesses
35 anos, o SBT apresentou diversos tipos de programas, seriados, novelas e é considerada uma emissora atípica, destinada
a um tipo de perfil de telespectador que mesmo em 35 anos não foram esquecidos
pela evolução da tv.
O
Blog para comemorar esses 35 anos da
emissora que faz parte da infância desse
autor que vos fala, vai focar o post na teledramaturgia apresentada pelo canal.
Claro que vale frisar que a teledramaturgia nacional nunca foi o forte do SBT, o canal é até mais conhecido por
suas novelas estrangeiras, as enlatadas
trazidas do México, Colômbia e outros países. Mas a emissora também deu seus
saltos em produções nacionais com até
pontuais sucessos.
A
primeira trama brasileira apresentada pelo SBT
estreou em 08 de Julho de 1982, quase um ano depois de sua inauguração. A novela chamava-se Destino,
de autoria do Raymundo
Lopes e Crayton Sarzy e com Ana
Rosa, Flávio Galvão e Ricardo Blat como protagonistas. A novela mostrava
uma novidade, principalmente se comparada às luxuosas produções globais. A
novela centralizava toda a trama em seus protagonistas, sem tramas paralelas. O
Público que já estava cansado das
imitações da Tupi e Bandeirantes, que
na época brigavam com a Globo pela
audiência, viu na novela do SBT um
chance de escapismo. No mesmo dia em que lançou Destino, o SBT apresentou também a primeira novela do canal exportada: Os Ricos também
Choram. Infelizmente, Destino passou despercebida e Os Ricos Também Choram se transformou em fenômeno. Com certeza esse sucesso
foi o principal motivo que fez com que a alta cúpula do SBT visse nas tramas estrangeiras o grande trunfo do canal.
Ainda
no ano de 1982, O SBT apresentou as
novelas A Força
do Amor, do Raymundo Lopes;
A Leoa,
da mesma dupla de Destino e Conflito da Susana
Colonna.
Sombras do Passado
foi a primeira novela a ser apresentada no ano de 1983. A trama apresentava um
filão já muito usado na nossa teledramaturgia, a perda da memória da
protagonista. E inovava em centralizar a trama tendo um circo como locação. A
novela tinha autoria do Tito di Miglio.
Com a
adaptação de Acorrentada e A Ponte do Amor, dos autores Henrique Lobo e Aziz Bajur em parceria com Tito de Miglio, o SBT
apresentava pela primeira vez dois horários de novelas próprias , às 19:00 e
20:50.
O ano
de 1983 ainda for marcado pelas tramas de A Justiça de Deus, dos autores Cryton Sarzy e Amilton Monteiro; Pecado de Amor,
do Henrique Lobo; Razão de Viver, do Walcir Wey; O Anjo Maldito, do Mauro Gianfrancesco e Vida Roubada, do Raimundo Lopes.
Em 1984,
o SBT resolveu abandonar os textos
adaptados e apresentou Meus Filhos, Minha
Vida, uma trama original escrita por Ismael Fernandes, Henrique Lobo e Crayton Sarzy. A troca surtiu
efeito na audiência que cresceu consideravelmente comparada as antecessoras.
De
olho no sucesso das tramas radiofônicas, o SBT
contratou Moysés Weitman para
adaptar Jerônimo,
sucesso do autor na Tupi em 1972,
mas que tinha seu protagonista originado nas rádios nos anos 50. Tal qual
acontecera com outras tentativas de trazer sucessos do rádio para a tv, a
novela não teve muita repercussão.
Depois do sucesso de Meus Filhos, Minha Vida, a emissora resolveu
investir pesado em produções nacionais, e apresentou Jogo do Amor, do autor Aziz Bazur , como uma das grandes estreia do ano de
1985. Contratou nomes consagrados da Globo como Jorge Dória e Rosamaria Murtinho, mas pecou em tirar o foco dos
textos mais dramáticos dando ênfase a uma história mais elaborada. Isso sem
falar na falta de coerência de atitudes entre alguns personagens o que
comprometeu definitivamente o folhetim.
Uma Esperança no Ar , novela dos autores Ismael Fernandes e Amilton
Monteiro, apresentou uma trama muito dramática para o horário das sete. O
protagonista ficava cego depois de um desastrosa desilusão amorosa. Vale
lembrar que a troca de supervisão de texto da trama, que passou por várias
mãos, também comprometeu em muito o bom andamento da novela.
Depois de Uma Esperança no Ar, o SBT ficou quatro anos sem
produzir novela nacionais, apenas em 1989 voltou ao gênero com a trama de Cortina de Vidro,
novela independente da produtora Mikson
, do Guga de Oliveira, irmão do Boni, então diretor artístico da Globo. A novela é de autoria do Walcyr Carrasco, que nesta época ainda
não havia escrito Xica da Silva (1996)
na Manchete. A Cortina de Vidro do título é uma referência ao edifício Dacon,
em São Paulo, que fica entre as esquinas
da Faria Lima e Cidade Jardim, e era nesse prédio onde se passava a maior parte
dos acontecimentos da trama. Atores como Antônio
Abujamra, Jonh Herbert, Cláudio Curi e Aldine Muller, passaram quase que
automaticamente dos finais de O Salvador da Pátria (1989) e Que Rei Sou Eu? (1989) para Cortina de Vidro. Depois de um incêndio no prédio onde o Walcyr
matou vários personagens e deu um novo
foco à trama, a novela causou polêmica ao apresentar a cena em que Arnon
Kalabian (Antônio Abujamra) estupra a própria filha, Michele (personagem vivida
pela saudosa Carlota de Oliveira,
sobrinha de Guga e futura princesa
Scarpa, depois que se casa com o Playboy Chiquinho
Scarpa.
A
década de 90 na emissora foi iniciada com a estreia de Brasileiros e Brasileiras em novembro de 1990. A Trama dos autores Walther Avancini e Carlos Alberto Sofredini
tinha a proposta de apresentar uma novela focada na camada pobre da
sociedade e mostrava como uma das
locações uma academia onde mulheres treinavam luta. Uma novidade para época. A proposta não deu
certo e a solução foi apagar esse núcleo pobre focando apenas no núcleo
familiar dos personagens vividos por Rubens
de Falco e Lucélia Santos, que voltavam a contracenar depois de Sinhá Moça (1986) na Globo.
Em
1994, o SBT estreou aquela que seria
sem dúvidas o seu maior sucesso no ramo da teledramaturgia. A Adaptação de Éramos Seis,
dos autores Sílvio de Abreu e Rubens
Edwald Filho, trouxe um boa
audiência para a emissora, e a primorosa reconstituição de época e produção da
trama renderam vários elogios da
imprensa. Isso sem falar em Irene
Ravache, que voltava às novelas depois de Sassaricando (1987),
que esteve em estado de graças à frente da protagonista Lola. O ano de 1994 foi marcado ainda por outro
sucesso no canal, a adaptação de As Pupilas do
Senhor Reitor, do Lauro César
Muniz que com uma produção
caprichada manteve o SBT com uma boa audiência iniciada com Éramos Seis.
Em
1995, a emissora continuou na linha de remake´s e apresentou Sangue do Meu Sangue, novela de sucesso
do autor Vicente Sesso, que foi apresentada pela primeira vez em 1969, na
Tv Excelsior. Desta vez o SBT investiu pesado e gastou quase 42 milhões na trama.
Em 06
de Maio de 1996 a emissora estreou três novelas : Colégio Brasil, de autoria do Yoya Wursch às 18:30h, Antônio Alves,
Taxista , do Ronaldo Clamboni, com Fábio
Jr como protagonista às 20:00h e Razão de Viver, dos autores Zeno Wilde e Analy A. Pinto, que trazia como protagonistas Irene Ravache e Joana Fomm.
Dona Anja,
no ar no final do ano de 1996, marcava a volta de Lucélia Santos ao SBT. A
novela de autoria da Yoya Wurcsh e Cristianne Fridmann
primava pelo tratamento dado aos relacionamentos amorosos. A primeira vista
todos os personagens eram de uma reputação serena e indiscutível, mas ao mesmo
tempo quando a noite caia se tratavam sem nenhum pudor. Sobre a novela vale
lembrar a cena em que Dona Anja
engorda chegando a mais de 100 kg e Lucélia Santos aparecia em cena com uma
pesada maquiagem que lhe fazia ficar com esse tamanho.
Em
1997, a emissora volta aos remake´s com a trama de Os Ossos do Barão, sucesso do Jorge Furtado, reescrito por Walther
George Durst. Além da trama original de Jorge Furtado, o autor usou
algumas tramas de Ninho da Serpente, trama apresentada na Bandeirantes em 1982.
Foi
também no ano de 1997 que o SBT em parceria com a Telefé apresentou a trama de Chiquititas, novela original de Cris Morena, esposa do dono da Telefé. A trama virou mania nacional,
teve 5 temporadas , 807 capítulos e
consagrou vários atores que começaram como crianças na trama e se transformaram
em grandes astros da sua geração.
Como
castigo por ter escrito Xica da Silva (1996)
“escondido” para a Rede Manchete, Sílvio
Santos “obrigou” Walcyr Carrasco
escrever a trama de Fascinação para o SBT. A Novela foi ao ar em 1998 e
consagrou as atrizes Mariana Ximenes e
Regiane Alves.
Ainda
em 1998, a emissora produziu Pérola Negra, novela baseada na original de Enrique Torres, adaptada por Henrique Zambelli com a intenção de
reativar o núcleo de teledramaturgia. Junto com Pérola Negra, o remake de O Direito de Nascer, adaptado por Aziz Bajur e Jaime Camargo,
também começou a ser gravado, mas devido
o sucesso da importada Maria Mercedes, com a Thalia, que ainda traria ao Brasil mais duas tramas protagonizadas
por ela, acabou adiando a estreia de O Direito de Nascer para
2001, já depois de totalmente gravada.
Ainda
no ano de 2001 a emissora apresentou as tramas de Pícara Sonhadora, escrita por Henrique Zambelli, adaptada da original de Abel Santa Cruz, protagonizada por Bianca Rinaldi e Amor e Ódio, também do Henrique e protagonizada
por Suzy Rêgo.
Outra
adaptação do Henrique Zambelli foi apresentada em 2002 tendo Bárbara
Paz, vencedora da Casa dos Artistas
como a protagonista. Marisol tem o texto
original da Inês Rodena. Pequena Travessa foi outra adaptação de texto mexicano apresentado
pelo SBT. Porém a trama tinha um
texto leve e despretensioso do Rogério
Garcia e Simoni Boer e a Bianca
Rinaldi fazendo dois personagens, a travessa do título e essa mesma
travestida de homem.
As
adaptações de textos mexicanos continuaram por quase toda a década de 2000 com Jamais te
Esquecerei (2003), Canavial de Paixões (2003), Seus Olhos (2004), Esmeralda
(2004), Os Ricos
Também Choram (2005), Cristal (2006),
Maria Esperança (2007) e Amigas e Rivais (2007).
Em
2008, depois do termino do contrato do SBT
com a Televisa, que impedia a
emissora do Sílvio Santos de
produzir textos próprios, ela pode finalmente voltar aos textos originais e
apresentou a trama de Revelação , escrita
por ninguém menos que Íris Abravanel,
a primeira dama do SBT. A Novela
sofreu com alguns atrasos na sua estreia e quando finalmente estreou estava com
quase todos os seus 164 capítulos gravados.
O SBT fechou a década de 2000 com o
remake de um grande sucesso da autora Janete Clair. Íris Abravanel se inspirou na radionovela da autora para escrever Vende-se um Véu de
Noiva. Vale lembrar que Janete reescreveu a trama radiofônica para
Tv em 1969, apresentada na Globo.
Outro
remake produzido pelo SBT marcado
pelo sucesso foi Uma Rosa com Amor (2010) , do autor Tiago Santiago, inspirado na obra original de Vicente Sesso, e protagonizada na emissora por Carla Marins e Cláudio Lins.
No
mesmo ano de 2010, Tiago Santiago
apresentou a inédita trama de Amor e Revolução que
tinha como pano de fundo os anos de chumbo da ditadura iniciado pela revolução
de 1964. A novela ficou marcada por ser a primeira trama a apresentar o
primeiro beijo lésbico na tv nacional. O beijo foi protagonizado pelas atrizes Luciana Vendramini e Gisele Tigre.
A
partir de 2012 começou no SBT a era Íris Abravanel com a trama de Corações Feridos, adaptada da
original La Mentira da Caridad Bravo Adams.
Íris Abravanel vendo que faltava na tv
aberta produtos de teledramaturgia dedicados às crianças fez uma releitura de
sucesso da década de 90 que fizeram
história na emissora. Em 2012, adaptou Carrossel com 310
capítulos, em 2013 Chiquititas totalizando
545 capítulos e Cumplices
de Um Resgate no ar desde
agosto de 2015 e que está atualmente em sua reta final.
A
Emissora já está com a produção bem avançada de Carinho de Anjo, próxima trama da casa que também é uma
adaptação de Íris de outro grande
sucesso mexicano apresentado pela casa anos antes.
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : Wikipédia.com
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