Pular para o conteúdo principal

Enquete e10blog

Aberturas das novelas do autor Dias Gomes


        Influenciado pela esposa Janete Clair, Dias Gomes acabou se tornando um dos grandes novelistas brasileiros. Marcou época com suas  tramas em  uma linha polêmica e contestadora, subvertendo a fórmula folhetinesca desenvolvendo o drama sem chavões tradicionais.
         Para continuar homenageando  esse grande autor,  o post vai relembrar a abertura dos  seus principais trabalhos.





        Em 1969, começava uma nova era na teledramaturgia da Globo, abandonando a realidade distante das tramas de Glória Magadan e apostando no realismo brasileiro com locações e externas em importantes pontos do Brasil. Dias Gomes apresentou a forte trama de Verão Vermelho que marcava a estreia do horário das dez da emissora e juntamente com Véu de Noiva, trama das 20 horas iniciada pouco antes , de autoria da Janete Clair  acabou de vez com a força que Magadan tinha como chefe do núcleo de teledramaturgia e que culminaria com sua demissão meses depois.
                A Trama marcou a estreia de Dias Gomes como autor titular assinando  seu próprio nome.  Antes ele  havia escrito A Ponte dos Suspiros (1969)  sob pseudônimo de Stela Calderón.
Verão Vermelho tinha um grande chamariz,  a grande estrela Dina Sfat que estreava na Globo e vindo do sucesso do filme Macunaína (1969), do Joaquim Pedro de Andrade. Inclusive  uma das chamadas de estreia da trama  era : “Com Dina Sfat,  a estrela de Macunaíma”.
       

O Bem Amado (1973)




        Em 1973, Dias Gomes   apresentou O Bem Amado  no horário das 22 horas e que foi a primeira novela  a cores da Globo.
            A novela foi adaptação da peça do autor Odorico, o Bem Amado e os mistérios do amor e da morte.  O Bem Amado acabou se tornando um grande sucesso  do autor  com interpretações memoráveis e inesquecíveis do saudoso  Paulo Gracindo, na pele  de Odorico Paraguaçu;  Lima Duarte, como o Zeca Diabo e Emiliano Queiroz como Dirceu Borboleta.
A Abertura da trama ,  para os padrões de hoje , é bem simples, mas vale a pena  revê-la. No vídeo eram apresentadas  imagens da Bahia revelada através da montagem de um quebra-cabeça.  Como tema de abertura o Coral Som Livre  cantou a música   homônima  feita especialmente para a trama.

O Espigão (1974)




         Dias Gomes foi o primeiro autor de novelas a incluir o tema sobre a ecologia  na temática de uma novela.    Em  O Espigão  ele falou sobre a desumanização  da cidade e de como o progresso poderia, se feito de maneira errada, prejudicar   e até engolir o ser humano.

            O Espigão  trazia os tipos já conhecidos do autor,  personagens com características exageradas, e nesse campo se destacou  Ary Fontoura na pele do reprimido Baltazar Camará, o Tatá. Palavras como o “Espigão” , “Ecossistema”, “Ecologia” entraram para  o vocabulário brasileiro através da trama.

        A Abertura mostrava o logotipo da trama rasgando o céu com imagem de grandes prédios das metrópoles brasileiras, ao som de “O Espigão”, música feita especialmente para a novela  e cantada por Zé Rodrix. 

       
Saramandaia (1976)




        Saramandaia abordou os vários problemas do Brasil através da pequena e fictícia cidade  de Bole-Bole. Com  personagens inusitados que iam desde uma que explodia de tanto comer até o que voava com asas próprias, o autor deixava nas entrelinhas do seu realismo fantástico a crítica social, que na época ainda tinha que ser velada.
        A Novela criou um nova linguagem e narrativa, e depois delas várias outras seguiram essa linha também marcadas pelo sucesso como Roque Santeiro (1985) do autor com Aguinaldo Silva,  Tieta  (1989), Pedra sobre Pedra (1992) e  A Indomada (1997), as três do Aguinaldo.
        A abertura da novela trazia como estrela o seu personagem central, o João Gibão , vivido pelo ator Juca de Oliveira. O Personagem escondeu durante toda a trama as asas que carregava em sua corcunda se  libertando e mostrando as asas na reta final. 
        A música “Pavão Misterioso”  foi escolhida como tema de abertura. A música havia sido gravada em 1970 pelo cantor cearense Ednardo, que até então estava no ostracismo. Tão logo a música tocou na abertura da trama o cantor ganhou notoriedade e hoje é impossível não associar a música imediatamente à novela.

Roque Santeiro (1985)




        Roque Santeiro iria ao ar em 1975 comemorando os 10 anos da Rede Globo. Mas a primeira versão da novela foi censurada pela ditadura e só em 1985, nos 20 anos da emissora, finalmente o Brasil pode acompanhar a vida de Roque (José Wilker), Porcina (Regina Duarte) , Senhorzinho Malta (Lima Duarte) e os vários outros inesquecíveis habitantes de Asa Branca.
        A abertura da trama trazia elementos regionais, animais e vegetação  mesclados com elementos das grandes cidades. No vídeo podíamos ver um homem andando de motos em cima de cocos,   um engarrafamento em cima de uma vitória-régia e até um aeroplano sobrevoando um jacaré.

        O Tema de abertura, aquele com o refrão “Deus e o Diabo na Terra . . .” era a música “Santa Fé” na voz do Moraes Moreira.

        Vale a pena rever !!

Mandala (1987)




        Em 1987, Dias Gomes apresentou no horário nobre global  e em plena a ainda vigente Censura Federal, a trama da novela Mandala, que transpassava para os dias atuais o Mito de Édipo, tendo como ponto de partida  a tragédia grega Édipo Rei de Sófocles.
        A Trama muito ousada para época, tratava de temas como paranormalidade, incesto, uso de drogas, bissexualidade, política  e jogos ilegais. Mandala era nitroglicerina pura, quase uma Babilônia (2015), do Gilberto Braga,  para os dias de hoje.  A Censura claro interferiu diretamente na trama , e Dia Gomes teve que atenuar vários temas antes mesmo da estreia, e conseguiu a duras penas pôr a trama no ar. 
        A abertura da trama ao som de “Mitos” na voz do César Camargo Mariano,  começava com uma mão que ao abrir espalhava búzios na tela que ultrapassavam imagens geométricas que representavam o misticismo  da trama.


Araponga (1990)



Em 1990 , a Globo resolveu lançar uma nova novela em horário alternativo. Na  época  a emissora brigava  com a Manchete pela audiência depois que a empresa dos Bloch´s lançou o fenômeno do Benedito Ruy Barbosa, a novela Pantanal.

       Assim ao invés de apresentar show´s no horário posterior a novela das 8, que na  época era Rainha da Sucata do Silvio de Abreu, foi encomendada à Dias Gomes uma trama para ser  apresentada às 21:30h.

      Nasceu então Araponga. A novela  que trazia como protagonista Tarcisio Meira, foi anunciada como “Um Novo jeito de Fazer Novelas”. A novela inovou em vários sentidos, a começar pelo roteiro que era escrito a três mãos por Dias Gomes , Lauro César Muniz e Ferreira Gullar e o Tarcisão que voltava a fazer comédia depois do término do seriado Tarcisio e Glória (1988).

        A Abertura da trama era um charme só. Tarcísio Meira na pele do detive Araponga passando pelos mais diversos apuros até encontrar o aconchego no colo da sua protetora mãe, vivida pela saudosa Zilka Salaberry.  

 O Fim do Mundo (1996)




        O que você faria se só te restasse um dia?” Era com essa frase que todos os dias a novela O Fim do Mundo, novela do autor Dias Gomes, invadia nossas casas.   
        A Frase  que fazia parte do tema de abertura “O Último Dia” música dos compositores Billy Brandão e Paulinho Moska, e interpretada por esse último, acabou virando referência dentro da trama da novela que tinha como mote principal o fim dos tempos. 
        No vídeo da abertura vários meteoros invadiam a terra e a população tentava inutilmente correr num tremendo salve-se quem puder.

Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
Vídeo : You Tube

  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Tributo “Zezé Motta”

          Nesta sexta (10.05) foi a vez da série   “ Tributo ” homenagear Zezé Motta , uma das mais   versáteis profissional   nacional   – Canta e atua   com a mesma   intensidade nesses    mais de 5 décadas   de carreira.         Eternizada com a Xica da Silva , do filme   homônimo de Cacá Diegues , é sem dúvidas um dos nossos patrimônios, e   muitos antes de falarmos sobre   empoderamento e respeito   as profissionais negras, Zezé Motta já era um baluarte nessa luta   por   seu lugar   ao sol.               O Tributo mostrou sua trajetória   nos cinemas, tv e teatro e também seu lado pessoal, a   vontade de ser mãe entre outros pontos que marcaram a vida e carreira dela.         Muito bom ver um programa   feito especialmente para uma atriz merecedora e do nível que é nossa Zezé Motta ! Veja Também: Zezé Motta  Tributo Manoel Carlos   Tributo Laura Cardoso  Fonte: Texto: Evaldiano de Sousa          

Rapidinhas - 13.02.2024

Globo quer  reprises de novelas icônicas em 2025  para  comemorar os 60 anos da emissora         A Globo pretende reprisar novelas icônicas em   2025 para comemorar os   60 anos da emissora.         Títulos como   Avenida Brasil (2012) e Senhora do Destino (2004) deve entrar   no    Vale a Pena Ver de   Novo e , Roque Santeiro ( 1985) e   Alma Gêmea (2005) no horário   especial de reprises   a tarde.   Veja Também: Melhor reprise no ar  Joao Carlos Barroso Marly Bueno  Uma Saudade  Leonardo Villar  Eloisa Mafalda  Fonte: Texto: Evaldiano de Sousa

Tributo “Manoel Carlos”

          O Documentário Tributo já virou o melhor programa na tv das sextas a noite. Nesta sexta foi a vez do rei das Helena´s, o mais conhecido morador do Leblon no Rio, o   dramaturgo ManoelCarlos , nosso eterno Maneco.           A Veiculação na tv aberta   do documentário foi além   de tudo, um   afogo em nossos corações, nesta semana em que a atriz e filha do autor   divulgou sobre   a   doença do pai, foi bom demais rever   fragmentos das maravilhosas obras desse autor que sabe como ninguém escrever   e desenvolver   um texto em teledramaturgia com uma delicadeza e perícia de poucos.         Como imaginar   viver em um mundo sem ter conhecido as Helena´s do Maneco, ou a Eduarda ( GabrielaDuarte) e a Laura   ( Viviane Pasmanter ) de Por Amor (1997); a Paula ( Carolina Ferraz ) e   a Sheila   ( Lília Cabral)   de História de   Amor (1995), o Quinzinho e João Victor (Tony Ramos ) de BailaComigo (1981); A Íris    ( Déborah Secco ) e a   Capitu ( Giovanna Antonelli)   de

Tributo Laura Cardoso

                  Pioneira da televisão no Brasil, Laura Cardoso foi a estrela do   Documentário Tributo desta   semana, exibido nesta sexta   (26.04), mas uma das grandes homenagens da Globo e Globoplay aqueles que fizeram   a história da nossa tv.         Laura Cardoso    atuou em  teleteatros, séries e novelas  desde a década de 50, lapidando o gênero. É uma das profissionais mais atuantes com  inúmeros prêmios ao longos desses mais de 74  anos de carreira.         O Tributo nos mostrou   uma Laura Cardoso serena e pronta para novos trabalhos, e isso   conforta meu coração. Foi uma homenagem merecida e muito importante   para dar a atriz o status de grande profissional que ela sabe é, mas que muitos precisam   ver assim documentado para não esquecer. Veja Também: Laura Cardoso  Fonte: Texto: Evaldiano de Sousa        

“Renascer” – Remake

        O Remake de Renascer ,   próxima trama das nove da Globo ,   baseada na obra prima original do Benedito Ruy Barbosa , exibida em 1993, já está   a todo vapor com as chamadas pipocando na   tela.         Já é a novela mais aguardada, principalmente por ser    uma espécie de repeteco de Pantanal –   que tal qual a trama é,     escrita por Bruno Luperi em cima de um texto do seu avô.         Pelas primeiras chamadas, parece que o autor e direção vão seguir a mesma   linha de Pantanal ,   apesar das atualizações devidas   nessa diferença de mais de 30 anos, vai seguir com   o mesmo roteiro   da original,   para mexer ainda mais   com   nossa memória afetiva.         Vejam alguns dos   teasers já lançados pela Globo :   Veja Também: Renascer  Fonte: Texto: Evaldiano de Sousa Vídeos: You Tube  

Rapidinhas – 16.03.2024

Déborah Bloch de Volta em “ No Rancho Fundo ” Murilo Benício e Adriana Esteves de volta em uma novela do João Emanuel Carneiro “Mulheres de Areia” Déborah Bloch de Volta em “ No Rancho Fundo ”         Muito boa a volta repaginada da Deodora, personagem que a DéborahBloch viveu em Mar do Sertão , na próxima novela das seis, No Rancho Fundo , que é uma espécie de continuação da trama. Depois de perder o filho, como vimos no final de Mar do Sertão , Deodora deixa Canta   Pedra   e chega a nova trama como sócia de um bordel na cidade.   Atriz   de   muito recursos,   é sempre muito    bom vê-la em cena, seja no drama ou na   comédia.   Murilo Benício e Adriana Esteves de volta em uma novela do João Emanuel Carneiro         Murilo Benício e Adriana Esteves que imortalizaram Tufão e Carminha em Avenida Brasil (2012), acertaram a participação em Mania de Você , a nova trama das nove que substituirá Renascer , também escrita pelo JoãoEmanuel Carneiro. Murilo viverá o gr

“Tributo Lima Duarte”

           Não tem com não se emocionar com o tributo ao Lima Duarte , um artista que   tem a trajetória entrelaçada com a história da Tv. “ Tributo ”,   projeto da Globoplay que vai homenagear grandes nomes que ajudaram a consolidar a história da tv, teatro e cinema nacional,       começou a ser apresentado   a   partir desta sexta -feira   (19.04), na Globo   com o documentário em homenagem ao Lima Duarte .   O Documentário apresentou além dos clássicos personagens imortalizados pelo ator – Como Zeca Diabo de O Bem Amado (1972), Senhorzinho Malta de Roque Santeiro (1985), O Sassa Mutema de O Salvador da Pátria   (1989), Murilo Pontes   em Pedra sobre Pedra (1992) entre outros,     cenas e momentos inéditos, nunca ainda apresentados na Tv.   Muito bom ver uma homenagem desse tipo   feita ainda com o   homenageado em   vida, o que é mais importante. Em tempos em que os artistas veteranos estão sendo cada vez mais descartados, o “ Tributo ”   é um registro mais que necessári

Trilha Sonora Eterna - Sinhá Moça (2006)

         A Segunda versão de  Sinhá Moça   (2006), trama do autor  Benedito Ruy Barbosa ,  estreou no início do ano   no  Canal Viva,  substituindo a reprise de  Escrito nas Estrelas  (2010), a partir das 15:30.         Protagonizada por  Débora Falabella ,  Danton Mello   e um grande elenco, a novela tem direção geral de  Ricardo Waddintgon e é considerada um dos grandes sucessos do horário nos anos 2000.         Remake da novela exibida em 1986 com a história dos personagens Sinhá Moça ,   Rodolfo   e Barão de Araruna, vividos por LucéliaSantos, Marcos Paulo e Rubens de Falco na ocasião – agora interpretados por Débora Falabella, Danton Mello e Osmar Prado . Baseada no romance de Maria Dezonne Pacheco Fernandes (lançado em 1950), a história já tivera uma versão cinematográfica, produzida pela Vera Cruz em 1953, dirigida por Tom Payne e Oswaldo Sampaio , com Eliane Lage (Sinhá Moça), Anselmo Duarte (Rodolfo) e José Policena (Barão de Araruna). A Trilha Sonora de Sinh

Meus Personagens Favoritos da Cláudia Raia

           Atriz, bailarina , cantora   e um furacão em forma de mulher ! Tudo isso é Cláudia Raia , a Lívia de Salve Jorge   novela da autora Glória Perez. Cláudia que estreou no programa “ Viva o Gordo ”    usando de toda a sua sensualidade,     logo foi mostrando talento e mesmo continuando dando vida a mulheres   sensualíssimas, a atriz conquistou o posto de um das grandes atrizes brasileiras.         Seu atual papel, a anunciada grande vilã de Salve Jorge Lívia Marini, acabou não agradando ao grande público, que não gostou do tom engessado dado à personagem, mas a Cláudia Raia já nos brindou com tantos outros personagens , que nós a perdoamos pela Lívia.         Vamos lembrar o Top 10 dessa atriz completa : 10º. Tancinha de Sassaricando (1987) Foto : mariaclaudiaraia.blogspot.com            Não é segredo para ninguém que o autor Silvio de Abreu é um dos fãs mais árduos   e declarados de Cláudia Raia . Os melhores papéis da atriz foram em novelas suas, só o

No Tema e Na Trilha da Sheryl Crow

          A   nossa homenageada do post   deste mês   ganhou a vaga graças as   minhas reprises particulares   pela Globoplay – Terminei a reprise de História de Amor e estou quase na metade   de Pátria Minha e,   o que ambas as tramas tem em comum?   Sheryl Crow   na trilha internacional!         A   Cantora   norte-americana Cheryl Crow foi o carro-chefe de ambas as trilhas com “ All By Myself ”   em Pátria Minha e “ Run Baby Run ”   em História deAmor .         Sheryl Crow é formada em música e composição. Seu estilo compõe elementos de pop, rock, country, jazz e blues. Ela   já lançou sete álbuns de estúdio, duas compilações e um álbum ao vivo, e tem composto   para várias trilhas sonoras de filmes.         Já vendeu mais de 17 milhões de cópias nos Estados Unidos e mais de 50 milhões no mundo todo. Tem   em seu currículo vários Grammy´S.         Além do trabalho solo, Crow se apresentou com os The Rolling Stones e   em dueto se apresentou com nomes como   Mick Jag