Quem era o gêmeo mau? Como Yaqub e Lívia (Bárbara Evans)
se encontraram novamente? O Telespectador menos atento ficou um tanto perdido dentro da trama teatral ,
poética e trágica de Dois
irmãos. A minissérie da autora Maria Camargo exigiu a entrega visceral
do telespectador à história, caso contrário qualquer deslize de atenção poderia
ser fatal para entendimento da narrativa.
Mais em seu conjunto o
que vimos foi mais uma obra prima tão bem retratada na tv, com uma adaptação impecável da autora Maria Camargo, a direção cirúrgica do Luiz Fernando Carvalho, além de detalhes como
figurino, reconstituição de época, cenografia e produção de arte que foram cruciais para o
sucesso e credibilidade de Dois
Irmãos.
Mas de nada adiantaria todo esse conjunto sem o espetacular
elenco, que parece ter sido escolhido
sob medida para cada personagem em cada fase.
A Zana que teve três
interpretes foi construída de uma forma tão singular por cada atriz, que a
passagem de fase ficava quase invisível o fato de termos outra atriz fazendo o
papel. A impressão que me passou é que a Gabriela
Mustafá (da primeira fase), envelheceu um pouco realmente e se transformou na Juliana Paes, na segunda fase e fechou o espetáculo com Eliane Giardini.
Aliás,
Juliana Paes deu um novo status a
sua carreira na pele da mãe superprotetora, que mesmo tendo toda a sua
sensualidade emprestada para Zana, não foi apenas isso. A sensualidade era
apenas um detalhe, a força do amor incondicional da Zana parecia ter embriagado
a atriz que estava perfeita na entrega à personagem. E Eliane Giardini foi irrepreensível na fase de degradação daquela
bela mulher, que refletia em seus olhos a destruição pela qual sua família
passava.
Antônio Calloni também defendeu com maestria o Halim. O
Ator já acostumado a viver personagens estrangeiros na tv, pontuou sua carreira
na forte interpretação do turco que perdia a mulher diante dos seus olhos para
o filho que ele inicialmente nunca desejou.
Cauã Reymond sem
dúvidas viveu seu melhor momento na tv em Dois
Irmãos. Eu havia gostado muito do novo tipo que o ator havia feito no ano
passado na minissérie Justiça,
mais o Omar e o Yaqub exigiu uma entrega impressionante do seu intérprete, e o
ator não se poupou e apresentou os
gêmeos numa interpretação tão crível que
com certeza mudou os parâmetros de qualidade de interpretação de gêmeos na tv.
A loucura do Omar contrastando com a introspecção do Yoqub foi o grande
destaque da minissérie e que nos deixava em um estado de nervos com o receio de
que a qualquer momento essa “bomba”
fosse estourar. Como aconteceu no capítulo final, com o Omar despejando todo o
seu ódio e desequilíbrio no irmão que ele julgara ter lhe destruído.
Outros destaques: O Cantor/ator Bruno Anacleto, o Halim da primeira fase; Mateus Abreu, Omar e Yaqub, na segunda fase; Jahy Guajajara, a Domingas da segunda fase, Antônio Fagundes, que deu vida ao Halim em sua fase final, além de Maria Fernanda
Cândido (Estelita primeira fase) e Michel
Melamed (Laval), que mesmo em pouquíssima aparições foram brilhantes.
Acho que o único percalço no elenco foi a escalação de Irandhir Santos para viver o personagem filho do Cauã Reymond. Claro que o ator tirou o personagem de letra, mas visualmente falando, ficou
difícil engolir o Irandhir mais novo que o Cauã.
Mesmo com o tom teatral exacerbado, um charme à parte, mesmo que
algumas cenas ficasse impossível
entender o que os personagens diziam, Dois Irmãos fez uma trajetória de
sucesso, pedindo para o telespectador pensar e não apenas assistir, nos
tragando para o clima poética trágico que inebriou toda a minissérie.
Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
Rum hum hum! Não vi nada demais na interpretação do Cauã Reimond! Continua do mesmo jeito de quando iniciou na tv! Talento mandou lembrança!
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