Todo vilão de novela que se preze tem
que fazer o telespectador adorar odiá-lo no decorrer da trama. É isso que vem
conseguindo César, o atual do vilão do autor Walther Negrão na trama de Sol Nascente.
O César é um dos personagens mais
críveis da trama e vem sendo muito bem construído pelo Rafael
Cardoso, que estava precisando de um tipo desses para abrilhantar seu
currículo. É sem dúvidas a mola mestra da fraca trama principal da novela, e
brilha mais com suas maldades do que a dupla ,
seus principais algozes e alvos,
formados por Mário e Alice, personagens do Bruno Gagliasso e da Giovanna Antonelli. O Personagem assim como a maioria dos vilões do autor já vem
dando indícios de desiquilíbrio e patologia, com base em traumas do passado, o que explica,
mas claro, não abona suas vilanias.
Viver um vilão do Walther Negrão é sempre um teste para o ator que o interpreta, exatamente
por essa característica patológica da vilania do personagem, marca registrada
dessas criações do autor, e alguns atores se saíram tão bem que
imortalizaram esses vilões em suas
intepretações. Vamos lembrar alguns deles:
Danilo vinha de uma infância difícil, principalmente
por causa da complacência da mãe Dona Xida (Elizabeth Henreid) e da irmã
Bia (Nívea Maria) com os primeiros desvios do ainda garoto. Viciado em jogos de
azar, se aproveitava da afeição que
Helena (Dora Peregrino), diretora da empresa onde trabalhava, sentia por ele,
para pedir empréstimos constante. Apaixonado por Bebel (Carla Camurati), se vê
obrigado a casar-se com Helena para livrar-se das promissórias dos empréstimos
que ele lhe devia. Começou mostrar seu
desiquilíbrio mais explicitamente, no dia do seu casamento com Helena, ao mostra a todos na igreja as promissórias
pelas quais estava sendo obrigado a
casar, e ao descobrir que Bebel e Pardal (Tony Ramos) iam se casar, chega a
agredir o noivo. Conseguiu separá-los e casar-se com Bebel no decorrer da
trama, mas claro que a Paixão por Pardal não morreu dentro de Bebel que acabou
vivendo um casamento infeliz com Danilo, que ainda tinha um caso com Verona
(Cássia Kiss Magro). Nesse jogo de ambição e poder com Helena, Danilo se deu
mal quando esta, no rompante de loucura
mata o vilão e termina a trama presa.
A Joana Flores foi a última personagem
na tv da atriz Yara Amaral, que
morreria no naufrágio do Bateau Muche no
réveillon de 1989. Matriarca da Família
Flores, Joana cuida dos filhos Fernando (José Mayer) e Heitor (Thales Pan
Chacon) e não permite que nada abale a estrutura familiar que armou em volta deles juntamente com o
marido Altino (Paulo Goulart) com quem vive há 30 anos. Com a chegada de
Cláudia (Malu Mader) a cidade e à sua família,
logo de cara não vê com bons
olhos, principalmente depois que nasce uma amizade fraternal entre ela e
Altino, e uma louca paixão dos seus dois
filhos pela forasteira. Vendo seu castelo ruir, depois que descobre que Cláudia
e filha da família que ela mesma mandou massacrar no passado e fora criada pela
verdadeira mão de Olívia (Denise Del Vecchio), filha de Altino que ela criara
desde criança, usa todas as forças contra quem considera a partir de então sua
inimiga. Sem saída e prestes a ser desmascarada, Joana sequestra Cláudia e
numa luta corporal com ela acaba sendo
morta com um tiro no auge da sua loucura.
Top Model foi uma parceria entre o Negrão e Antônio Calmon, mas nem assim faltou um vilão
à altura como o Alex Kundera
(Cécil Thiré). A suposta predileção da mãe Morgana (Eva Todor) por seu irmão caçula Gaspar (Nuno Leal Maia), foi o estopim para
a disputa constante com o irmão, de quem
tomou as esposas Susana (Marília Pêra) e Marisa (Maria Zilda Betlhem), e seu
filho Lucas (Taumaturgo Ferreira) que assumira como seu, numa manobra para
manter o rapaz sob sua vista. Seu
desiquilíbrio também assombrou a vida de Duda (Malu Mader), a amada de Lucas, que com um contrato de trabalho assinado à
tornava bem mais do que a principal modelo de sua grife. Sua relação doentia
com o sexo oposto, o levou a trancafiar Duda em uma casa em Petrópolis, mesmo
lugar em que sua esposa, Letícia (Tânia Loureiro), faleceu, em condições
adversas. No fim, Alex prova do próprio veneno, e um comparsa pago por ela para
matar Marisa, acaba sequestrando seu filho. Alex, numa prova de talvez amara pelo menos sua
cria, duela com o sequestrador, salva o filho, mas morre na briga. Antes de
morrer pede perdão ao irmão Gaspar.
Sérgio Santarém foi outro vilão que teve
suas vilanias e desiquilíbrio explicado pela infância complicada depois de
criado em um prostíbulo e vendo a mãe passar pelas piores situações nas mãos de
todos os tipos de homens. Adulto, se transformou em um homem que tinha um único
objetivo – ser respeitado, poderoso e
temido. Para isso, se fez onipresente na vida de pessoa que passavam por
situações de limite, como a Família Souza Bastos e Lenita (Tássia Camargo),
quando estas viram suas estruturas desabarem depois de ter seus parentes presos
injustamente. Rapidamente, se tornou um dos principais executivos das empresas de Dona
Emília Sousa Bastos (Lolita Rodrigues) e marido de Lenita. Entre
quatro paredes, Sérgio se revelou: abandonou Marta (Lucinha Lins) grávida para
seguir com seus planos; se mostrou agressivo perante Lenita; seduziu Glória (Cinira
Camargo) até torna-la sua aliada; sustentou Bianca (Rita
Guedes) em troca de sexo; jogou charme até mesmo para Inês (Maria
Estela), sua sogra. Fez do corpo e do dinheiro as suas
armas de sedução; do sexo e da agressão, a válvula de escape, talvez reflexo de seus traumas. A relação com Corumbá (David
Cardoso) e com Jorge
Jordão (Othon Bastos) trouxe à tona a
face mais criminosa de Sérgio, capaz de fazer favores a marginais para poder
tê-los em suas mãos quando preciso. No
final, Sérgio ainda é revelado o grande
mentor do plano que pôs João Marcos
(Felipe Camargo), então noivo de Lenita, Shampoo (João Vitti), o filho de Dona
Emilia, e seus amigos Pedro (Paulo
Gorgulho) e Paschoal (Eduardo Galvão) na cadeia. Marcos Paulo foi impecável à frente do vilão que dirigiu todos os
acontecimentos da pequena cidade Remanso, ofuscando até grandes astros com sua
interpretação cirúrgica.
Vitor
Velasquez do Selton Mello em Tropicaliente (1994)
Outro vilão com distúrbios relacionados
à mãe. Assim era Vitor Velasquez, que o Selton
Mello deu vida brilhantemente na trama de Tropicaliente. Como justificativa para suas ações Vitor tinha o
fato de achar que a mãe, Letícia (Silvia Pffeifer) era a responsável pela morte
do seu pai. Fez tudo que tinha direito na trama. Incitou Cassiano (Márcio
Garcia), à agredi-lo para posar de vítima; contribuiu para derrocada da empresa
de seu avô, Gaspar (Francisco Cuoco); pouco fez da amizade com Davi (Delano
Avelar), quando resolveu usar sua noiva
Olívia (Leila Lopes) em seus planos patológicos;
desvirginou Açucena (Carolina Dieckmann), só para se vingar do pai da menina,
Ramiro (Herson Capri), depois de descobrir o
relacionamento deste com sua mãe;
expulsou a mãe do seu casamento com
Açucena, que mesmo vendo todo o desiquilíbrio de Vitor, brigou com todos para
se casar com seu grande amor. Em nome
desse amor, Vitor internou-se em um
clínica psiquiátrica e encontrou na música a paz para seus traumas e terminou a trama perdoado pela mãe. O
personagem é um dos poucos vilões do autor a ter uma redenção no final.
Um conto de fadas não é um conto de
fadas sem sua bruxa má, certo ? Então, em Era Uma Vez , trama do autor que foi ao ar em 1998,
trazia como essa Bruxa a desiquilibrada
Bruna, vivida pela atriz Andreia Beltrão. Bruna era a bela filha de Rudy (Jorge Dória)
e Anita (Yoná Magalhães), uma
mulher falsa e que disputa o amor do noivo com Madalena (Drica Moraes). Não
suporta crianças, nem animais. Para preencher seu tempo, trabalha como advogada
na fábrica de chocolates de Xistus (Cláudio Marzo), com quem mantém uma grande cumplicidade.
Ele, inclusive, incentiva-a a ficar com Álvaro, afinal quer o caminho livre
para conquistar Madalena, a babá dos filhos de Álvaro, netos de Xistus que
chegou na cidade arrebatando corações. Logo que conhece Madalena, Bruna ver o
perigo que ela representa em sua relação com Álvaro, visto que tem as característica da mulher dos sonhos
dele. Vendo todos os seus planos para separar Álvaro de Madalena darem errado,
Bruna surta. Sequestra Fafá (Pedro
Agum), o filho mais novo de Álvaro e deixa seu amado desesperado. Abandona Fafá
em uma gruta sã e salvo e acaba sendo internada em uma clínica psiquiátrica
junto com Danilo (Tuca Andrada), o primeiro marido de Madalena que a perseguia.
Na última cena da vilã, ela aparece pedindo emprestado um vestido de uma
empregada da clínica onde estava, dando indícios de que pensava em fugir dali.
Henrique do Daniel de Oliveira em Desejo Proibido (2007)
Daniel de Oliveira também foi
presenteado com um grande vilão do Negrão, era o Henrique Toledo de Desejo Proibido. Sua falta de caráter
provinha da criação que tivera. Sua Avó, Candida (Eva Wilma), não permitiu que
o menino ficasse aos cuidados do pai, Chico Fernandes (José de Abreu), quando
este, já viúvo, se uniu a Ana (Letícia Sabatella). Henrique acabou apaixonado por Laura
(Fernanda Vasconcellos), filha de criação de Chico e Ana. Seu calvário começa
quando Laura o abandona no altar, atordoada ao descobrir que Miguel (Murilo
Rosa), o homem que amava, era padre. A Fuga de Ana culminou em um acidente que
deixou Henrique, temporariamente aleijado. Os dois acabam se casando, mas Laura
não consegue fugir de sua paixão por Miguel. Inconformado, Henrique passou a
usar a fé que norteava a história do casal para afrontá-los : atribuiu sua
recuperação a imagem da Virgem da Pedra, santa que, segundo os moradores de
Passaperto, era responsável pelo aparecimento de Laura, e insuflou romeiros a
se rebelarem contra a “menina da santinha” e o padre enamorados. Henrique acaba
morrendo já no auge da sua loucura durante um procissão em louvor a Santa,
envenenado por seu aliado Diogo (Pedro Neschling), vice-prefeito.
Alberto
do Igor Ricklli em Flor
do Caribe (2013)
Em Flor do Caribe, Alberto ,
o personagem do ator Igor Ricklli,
era grande amigo de infância de Cassiano (Henri Castelli), mas sua paixão doentia por Ester (Grazzi
Massafera) transforma essa ligação fraternal num misto de inveja e ódio que é a mola mestra de toda a história da
trama. O agora falso amigo, induz Cassiano a levar diamantes (na verdade,
cristais de sal ) ao caribe. Feito prisioneiro por Dom Rafael (César Troncoso),
contrabandista, Cassiano amarga sete anos de trabalho escravo, enquanto Alberto
providencia um falso atestado de óbito e casa-se com Ester, a namorada e grande paixão do amigo enganado. Assim,
ele assume a criação de Samuca (Vitor Figueredo), filho de Ester e Cassiano. O
Retorno deste, e também o de Guiomar (Cláudia Netto), mãe de Alberto, perturbam
o vilão. Alberto tenta induzir Ester a acreditar que Cassiano tem um caso com
Cristal (Moro Anghileri), toma da esposa o imóvel em que a ONG dela funcionava,
luta pela guarda dos filhos na justiça, manda Cassiano de volta ao trabalho
escravo no Caribe e chega a implodir uma mina na tentativa de matar o rival.
Depois de totalmente desestruturado, Alberto ver sua força se esvair quando
descobre o verdadeiro caráter do avô que o criara, Dionísio (Sérgio Mamberti),
um carrasco nazista. No final, após
passar dias em um hospital psiquiátrico, Alberto tenta suicídio, sendo salvo
por Ester e Cassiano. Arrependido e grato, por essa nova chance, o vilão agora
redimido, pede perdão ao casal que tanto prejudicara.
Fonte:
Texto
: Evaldiano de Sousa
Pesquisa
: www.memoriaglobo.com.br
Faz posts de vilões de todos os autores
ResponderExcluirAmei esse post um dos melhores
Parabens
Ótima ideia viu Victor.
ExcluirNa verdade eu já havia feito de alguns :
João Emanuel Carneiro : http://e10blog.blogspot.com.br/2014/04/as-adoraveis-vilas-de-joao-emanuel.html
Gilberto Braga : http://e10blog.blogspot.com.br/2015/03/as-vilas-do-gilberto-braga_57.html
Oie:
ResponderExcluirBacana a matéria!
Alias quem fez tais vilões se saiu bem mesmo...
Onde o pior seriam os da VIDA REAL (alias esta está cheia destes).
Achei aqui pela baita IARA AMARAL (clássica a cena da morte em FERA RADICAL).
Lembro quando deu a reportagem de uma possível morte (estava acordando e de manhã escutei na TV num telejornal do acidente e da artista lá). Outro exemplo de impunidade do Brasil (alais essa época de REVEILLON sempre me trás algo ruim). Onde parece que a IOLANDA CARDOSO tb iria e não chegou a tempo pelo transito (de arrepiar). No RJ o transito sempre foi difícil. Onde imagino estar pior até.
Vendo outros aqui: nem me lembro que o ALEX KUNDERA era; sei que era diferente do irmão - TOP MODEL até marcou. Só que uma história meio sem pé nem cabeça (já pelos nomes dos filhos). E outras coisas mirabolantes. Tinha o vinil até.
ERA UMA VEZ acabou há pouco. E que bom. Chata até.
Outra que acho até hipócrita/a DA COR DO PECADO _ se salvava a TRILHA SONORA e a bela imagem da protagonista.
Onde vejo que curtes novelas. Eu era assim quando menor. Tempo das boas. Ou NORMAIS. Tais remakes só servem para dar emprego aos artistas. Sem falar nas aberturas que mexiam mesmo.
E adoro quando passam no exterior (quando estive fora, vi algumas: e conversei com alguns destes aqui no país mesmo onde me comentavam).
Saudação novelal,
Rodrigo