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Junto com a audiência, a falta de sutileza e os absurdos crescem em “O Outro Lado do Paraíso”


        Audiência nunca foi medida de um bom trabalho na tv, a história já revelou que grandes produções, marcadas por uma rigorosa direção, ótimo texto e elenco em total sintonia muitas vezes flambou na audiência. Mas é fato que nos dias atuais uma trama com  o apoio de um  grande público lhe acompanhando  já é 50% de garantia de sucesso.
        O Outro Lado do Paraíso, trama do autor Walcyr Carrasco, que começou com uma audiência lenta, se firmou de vez junto ao público com o retorno triunfal da Clara (Bianca Bin) e sua sede de vingança por seus algozes.
        Até ai tudo bem, mas me parece que o fato de a audiência da trama só crescer, fez com que o autor que nunca foi adepto de sutilezas em suas tramas, soltou o freio de vez  e vem dando um show de  falta de sutilezas e absurdos a medida que o público cresce.
        Algumas pontas soltas não  passaram na minha garganta, como o fato do advogado Patrick (Thiago Fragoso), nunca ter sequer contestado os documentos deixados pela tia, que cedeu sua fortuna em pinturas para a Clara (Bianca Bin). Ou seja, um advogado, um homem prático, do nada foi tomado pela emoção de uma amiga que viveu com a tia em seus  últimos anos, simplesmente sem nenhuma prova mais  forte  deixar ela tomar posse de uma  herança incalculável.

        Mas isso foi só o começo. E o fato da Adriana (Julia Dalavia), que foi abandonada pela mãe,  e que  se eu não me engano  já tinha por volta de uns 9 ou 10 anos, e simplesmente não reconheceu a Duda (Glória Pires)?  E o fato da Duda simplesmente do nada ter assumido a morte do Laerte (Raphael Viana) só por imaginar que a Clara seria a primeira suspeita?  Enfim são cenas e entrechos tão esdrúxulos que só empobrecem a trama.

        Depois do primeiro grupo de discussão, que entre outras coisas apontou que incialmente O Outro Lado do Paraíso era muito obscura e séria, Walcyr mais uma vez usou da falta  de sutileza  e deu um giro de mais de 360º no personagem do Eriberto Leão, que de homofóbico radical, foi posto para fora do armário,  depois que virou a primeira vítima da vingança da Clara,  assumiu o romance com Cido (Rafael Zulu) e junto com Ana Lúcia Torre, transformou seu núcleo em uma espécie de programa humorístico dentro da  novela,  sempre iniciado com um sonoro  “Mãe de Bicha” que virou bordão do personagem do Zulu, quando se refere a Adinéia, a personagem da Ana Lúcia, mãe do Samuel, personagem do Eriberto, recém assumido gay.
        Nada contra o humor nas novelas, muitas vezes ele é essencial como um suspiro dentro das tramas, bastar vermos o atual caso de Deus Salve o Rei, que no momento tem como destaque o núcleo cômico chefiado pelo Príncipe Rodolfo, vivido pelo Jonny Massaro. Mas em O Outro Lado do Paraíso, o Walcyr, assim como fez em boa parte de Amor à Vida, usa de clichês e um texto tão raso e barato, com cenas sempre repetidas,  que acabam  deixando essa dosagem de humor desmedida e cansativa para o público. A trama já tem três núcleo assim declarados, com o das bichas do salão de beleza e das tórridas noites de amor entre Nádia (ElianeGiardini) e Gustavo (Luis Melo).  O Pior é que  a audiência crescente constantemente faz com que isso provavelmente continue acontecendo, fazendo com que o autor esqueça de pontos e personagens importantes e que prometiam muito na trama.

        Fico com pena de assistir a Glória Pires vivendo um entrecho tão  chato,  sem nexo e bem, bem abaixo do que ela poderia render na trama. E nesta lista ainda tem a Livia da Grazzi Massafera, prometida como uma grande vilã, o Mariano do Juliano Cazarré; o Natanael do Juca de Oliveira,  entre outros que se perderam ou foram esquecidos dentro da nada sútil esquete de humor que vem se transformando O Outro Lado do Paraíso.

Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa

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