Estou até agora me
perguntando cadê a vingança da Aline(Bárbara
Reis) em Terra e Paixão, que em 221 capítulos naõ
teve tempo de acontecer. Foi essa a sensação que Walcyr me deixou com o final de sua trama. As mudanças no roteiro, para agradar o público e chamar audiência, fizeram
com que o autor reiniciasse a trama várias
vezes, sempre com Antônio La Selva (Tony Ramos) tomando as terras e
Aline prometendo vingança pra plantar e
colher!
Enfim foi uma história que não aconteceu, com entrechos
inconsistentes, mudanças de rota sem maiores explicações, bem ao estilo
carrasquiano, com personagens
carismáticos carregando a história nas costas
e ganhando a empatia do telespectador.
Bárbara Reis viu sua protagonista ser esquecida praticamente por toda a trama,
e a falta de química dela com seus respectivos pares românticos –
Daniel (Jonny Massaro) na primeira parte, e Caio(Cauã Reymond) , ajudou muito.
Acho que Bárbara estava pronta para esse voo como protagonista, bastar
lembrarmos do que ela fez em Éramos Seis (2019) e em Todas asFlores(2023), que foi o que lhe credenciou para Terra e Paixão, mas o roteiro nunca ajudou a
Aline, e a Bárbara não conseguiu tirar leite de pedra. Uma Pena!
O que
aconteceu com o Cauã Reymond em Terra e Paixão nunca será explicado. Um ator do talento que
sabemos, porque ele já provou que tem, não é o mesmo que vemos
em Terra e Paixão. O Caio nunca entrou no
tom, são pouquíssimas as sequencias em que
pudemos vê-lo a vontade, bem em cena, isso em parceria com outros
atores. Mas as caras e bocas, o choro, os gritos, tudo destoou.
Chega ser inacreditável que esteja falando de um Cauã Reymond, que
foi tão criticado com os gêmeos de Um Lugar ao Sol que agora comparados ao Caio, são
dignos de um Oscar.
Sem um casal de protagonistas a altura de um horário nobre eles foram o verdadeiro
principal casal romântico de Terra e Paixão –
Quando imaginávamos ver o público do horário nobre torcendo por um casal gay?
Isso sim é representatividade. Claro que a falta de empatia
dos protagonistas oficiais ajudou nessa torcida, mas não posso nem de longe
tirar o mérito dos atores – Amaury Lorenzo e Diego Martins, que
tiveram a sensibilidade cênica e fizeram do
Ramiro e Kelvin, um capítulo muito importante para a
nossa teledramaturgia. Lá em 2013, o Walcyr já
havia feito isso com o Félix(Mateus Solano) e Carneirinho(ThiagoFragoso) em Amor àVida, e agora 10 anos
depois nos entregou novamente com maestria essa
abordagem. E bem ou mal , o Ramiro no
final acabou pagando por todo os crimes
que cometeu na novela. Achei magnifico o casamento final da novela ter
sido o deles , celebrado dentro
da prisão.
O elenco de Terra e Paixão foi o
grande pilar da trama com destaque para
Eliane Giardini que foi chamada para
ser a grande vilã da novela e gerar um “Quem
Matou?” para atiçar a curiosidade do
público até o final. A personagem destoava de todos os outros da trama- parecia
uma versão mais veterana da Cristina ou Sandra,
as vilãs que a Flávia Alessandra viveu em
duas outras tramas do Walcyr -Alma Gêmea(2005)
e Êta Mundo Bom(2016), mas foi
exatamente esse tom acima que deu o charme da Ágatha,
isso sem falar que a Eliane Giardini de
vilã foi magistral.
Tony Ramos
interpretou um dos personagens que mais sofreu
mutações no decorrer de Terra e Paixão. Mas em se tratando de um Tony Ramos, mesmo em
um personagem abaixo das suas habilidades, é sempre um deleite.
Glória Pires começou Terra e Paixão como
uma caricata vilã de novela mexicana -
acho que a Irene só desengessou mesmo depois
da morte do Daniel(Jonny Massaro), ai vimos uma Glória em estado de
graças, fazendo o que ela sabe fazer de melhor
– as vilãs.
Aliás Terra e
Paixão deixou provado que o público gosta de ver sim
atores veteranos em papeis de
protagonistas e destaque , que o pedigree de
um Tony Ramos, Glória Pires, Eliane Giardini entre outros,
tem muita força sim.
Anely e
Luigi / Tatá Werneck e Rainer Cadete carregaram
praticamente os primeiros 3 meses de novela nas costas-
Mesmo acima do tom e com a Tata de novo fazendo a
Tatá em uma novela, os personagens caíram na graça do público.
Uma grande surpresa
de Terra e Paixão foi a dobradinha Tatá Werneck e DeboraFalabella. Eu confesso que quando vi que elas fariam irmãs não achei que as
personagens teriam liga, e talvez nem contracenassem, afinal
eram 2 extremos. Mas foram exatamente essas
diferenças que deram o destaque cênico- Vimos a Débora numa vibe
mais leve, assim como a Tatá ao lado dela,
brilhou nas cenas dramáticas.
Outros destaques que brilharam nesse elenco- Inez Viana
(Angelina), Déborah Ozório (Petra), Ângelo Antônio(Andrade), Leandro
Lima(Marino) e Tatiana Tibúrcio (Jussara).
A Revelação do grande mistério da trama – a
morte da Ágatha(Eliane Giardini)
foi um dos pontos altos do último capítulo. A vilã teve um final
apoteótico, digno de sua participação, e já tinha sido desvendado que Irene
tinha dado os três tiros na rival, que agonizava na escada. Mas quem empurrou
ainda era dúvida. Só que no final das contas, até o envenenamento provocado por
Angelina foi criminoso. Ao contrário do que disse em seu depoimento, a
governanta não trocou as xícaras. Ela botou veneno para Agatha tomar, mas a
vilã logo sentiu o gosto e foi correndo pegar o antídoto. E na escada estava
Gentil (Flávio Bauraqui), que a empurrou. Um plot twist não
vazado pela imprensa. A troca de
risadas entre Angelina (Inez Viana) e Gentil encerrou o enigma com chave de
ouro. Vale lembrar que os dois eram os únicos que sabiam que Agatha estava na
prisão e não morta durante os anos que ficou sumida. Ou seja, um novo segredo
guardado a sete chaves pela dupla.
Terra e Paixão termina como mais um sucesso controverso do
Walcyr Carrasco, que sabe chamar
atenção para suas novelas, seja do jeito que for.
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Leona Cavalli |
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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