E depois de muitos planos, acertos e aparamento de arestas, o grupo liderado
pela Gerluce (Sophie Charlotte) em Três Graças finalmente botou o plano em ação e roubaram as
belas três estátuas recheadas de dinheiro da casa de Arminda (Grazzi Massafera).
Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva
conduziram com inteligência a expectativa do público, apostando em uma
cuidadosa engrenagem de roteiro que garantiu a força dramática de um dos
momentos mais decisivos da novela das nove. O resultado foi eficaz e cumpriu
plenamente seu papel na narrativa.
Joaquim (Marcos Palmeira), Misael (Belo), Júnior (Guthierry
Sotero) e Viviane (Gabriela Loran) se reuniram no ferro-velho à espera de
Gerluce para alinhar os últimos passos da estratégia. A tensão era visível
entre todos, embora estivessem convencidos de que aquela era a única saída para
ajudar os doentes da Chacrinha. No dia seguinte, o grupo partiu a bordo do
caminhão apelidado de Nazaré — uma homenagem à icônica vilã vivida por Renata Sorrah em Senhora do Destino — com destino ao bairro da Aclimação. Atenta,
Claudia (Lorrana Moussinho) acompanhou toda a movimentação e revelou o plano a
Rogério (Eduardo Moscovis), que é dado como morto, surpreendendo o público ao
mostrar que os personagens já tinham conhecimento da ação, em um inesperado
plot twist.
Um dos pontos altos da sequência foi a agressão a Gerluce,
que não esperava e reagiu
com um olhar de ódio em cima do pai. Uma interpretação brilhante de Sophie.
Raul (Paulo Mendes) apareceu por causa do grito de Gerluce e ficou na mira dos
quatro. A cozinheira Gisleyne (Glaura Lacerda) também chegou na sala e foi
proibida de se afastar. Arminda manteve a pose arrogante, mas Joaquim a puxou
pelo braço e ordenou que mostrasse todos os cômodos da casa.
A cena do roubo firmou-se como um dos pontos altos mais
aguardados da novela graças ao esmero com que foi preparada a explosão
dramática que a envolve. Nada surge de maneira súbita ou sem propósito: a
encenação foi arquitetada com rigor, semeando a tensão desde os primeiros
minutos, esticando o tempo, dosando o ritmo e guiando o público por uma
sensação constante de que algo estava prestes a acontecer. O encadeamento dos
planos, os movimentos de câmera, o destaque para o relógio na casa da
antagonista, o nervosismo da protagonista expresso nas mãos crispadas sobre as
pernas e a hesitação dos assaltantes inexperientes ao colocarem as máscaras em
plena luz do dia foram escolhas precisas, pensadas para que o desfecho não
apenas se concretizasse, mas reverberasse intensamente no espectador.
Essa preparação foi decisiva. O suspense não se sustenta apenas na
ação em si, mas na criação de uma atmosfera densa: nos silêncios cheios de
significado, na trilha sonora que entra com parcimônia, nos enquadramentos que
colocam os personagens frente a frente com seus próprios dilemas. A direção de Luiz
Henrique Rios revela total afinidade com o texto dos autores e, sobretudo,
a compreensão de que a emoção mais intensa nasce do tempo — da espera, da
expectativa e do acúmulo gradual de tensão dramática — e não exclusivamente do
momento do desfecho. É justamente essa construção que faz falta em muitas
novelas atuais, marcadas pela superficialidade e pela pressa em resolver
conflitos de forma descuidada, como se viu e foi duramente criticado no no
remake de Vale Tudo, onde situações
apareciam sem preparo e eram encerradas em questão de dias, ou eram esquecidas
no decorrer dos capítulos.
Os atores acompanharam a qualidade desse arco dramático com
absoluta precisão. Sophie Charlotte
, como já citei em outros post´s sobre outras sequências, novamente esteve irretocável como Gerluce e tinha o maior
desafio que era atuar dentro da atuação, uma vez que a mocinha era cúmplice e
precisava expressar seus sentimentos através de gestos contidos, incluindo a
raiva que sentiu do pai pelo tapa improvisado. Grazi Massafera e ArleteSalles foram outras gigantes que se destacaram, tanto nos momentos tensos
quanto nos de humor involuntário. E o que dizer de Gabriela Loran? A
melhor surpresa do assalto. Viviane incorporou uma bandida genial e o melhor
texto foi dela, com direito a chamar Josefa de Vovó Noel e Gerluce de Banquinha
Bonitinha. A atriz foi impagável. Guthierry Sotero, Marcos Palmeira e Belo
também merecem elogios e a sintonia do grupo é um bônus.
O
roubo da estátua em Três Graças deu origem a uma sequência conduzida com
sensibilidade, que soube equilibrar o ritmo do drama e do humor, sem subestimar
a inteligência do público. A cena evidenciou a solidez artística da novela ao
combinar uma direção criativa, interpretações precisas e uma construção
cuidadosa da tensão. O resultado foi um momento marcante, capaz de se fixar na
lembrança do espectador mesmo após o fim da exibição. Cenas como essas estavam
fazendo muito falta no horário nobre.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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