A Rosana de “Terra Nostra” e a Rosa de “Além do Tempo” na Globoplay Novelas
Elegante, versátil e dona de uma carreira marcada por
personagens memoráveis, Carolina Kasting se consolidou como uma das
artistas mais completas de sua geração. Muito além das novelas que a tornaram
conhecida pelo grande público, sua trajetória envolve teatro, dança, artes
visuais, poesia e performance — um verdadeiro universo criativo que ela vem
expandindo ao longo dos anos.
No ar em 2 reprises - com a Rosana de Terra
Nostra (1999) no Vale a Pena
Ver de Novo e a Rosa em Além do Tempo (2015) na Globoplay Novelas - o público está conferindo alguns dos seus melhores e nos mostrando o
quanto ela faz falta a tv.
Nascida em Florianópolis, Carolina ingressou na vida
artística cedo. Aos 14 anos, mudou-se para Curitiba para estudar dança no
tradicional Teatro Guaíra. Pouco depois, ampliou sua formação em São Paulo,
dedicando-se ao teatro e às artes dramáticas. Sua base artística sólida e
diversa explicaria, mais tarde, a profundidade de suas personagens e a
naturalidade com que transita entre emoções diferentes.
Carolina Kasting estreou na TV em 1996, como um
dos principais papéis da novela Anjo de Mim.
O talento chamou a atenção e, desde então, ela passou por papéis marcantes,
ganhando reconhecimento pela consistência e pela entrega em cena como a Bela B
de Hilda Furacão (1998), a protagonista de
Brida (1999),
a alcóolatra Mariana de Coração de Estudante (2003), a médica Laura de Mulheres Apaixonadas (2003) , a Jamille no remake de O Astro (2011)
entre outras.
Carolina também expandiu sua carreira internacional ao atuar
em produções portuguesas, como a novela Valor da
Vida.
Nos últimos anos, Carolina passou a se dedicar cada vez mais
às artes plásticas e à produção autoral. Sua linha artística inclui pintura
gestual, fotografia, performance, escultura, trabalhos têxteis e poesia. Apesar
do afastamento temporário das novelas, ela reforça que não abandonou a atuação
— apenas ampliou sua expressão criativa para outras linguagens.
Essa
fase revela uma Carolina ainda mais inquieta e experimental, conectada à sua
essência multicriativa desde a adolescência.
Carolina
Kasting é daquelas artistas que não se acomodam. A cada
fase da vida, encontra uma nova forma de se expressar — seja interpretando uma
personagem complexa na TV, seja pintando, escrevendo ou performando. Seu
trabalho atravessa a teledramaturgia brasileira e também o campo das artes
contemporâneas, revelando uma trajetória rica, pulsante e em constante
transformação.
É
essa carreira que vamos revisitar no
post de
hoje através de suas personagens
mais marcantes na tv.
Valentina de Anjo de Mim (1996)
Quando Anjo de Mim estreou em 1996, o público conheceu não apenas
uma novela sensível e cheia de misticismo, mas também uma nova atriz que logo
chamaria atenção: Carolina Kasting, então com apenas 21 anos, vivendo
sua primeira personagem na TV, a delicada e trágica Valentina Santarém.
Na
trama criada por Walther Negrão, Valentina vivia em 1880, envolvida em um
romance proibido com o tenente Belmiro — personagem que, no presente,
reencarnaria como Floriano, interpretado por Tony Ramos. E foi
justamente ao lado desse grande nome que Carolina encarou uma das cenas mais
difíceis de sua carreira logo na estreia: a morte de Valentina, em uma gravação
repleta de emoção, nervosismo e intensidade.
Bela B
de Hilda Furacão (1998)
Na aclamada minissérie Hilda Furacão (1998), inspirada no
romance de Roberto Drummond, Carolina Kasting deu vida a Bela Bê,
uma das figuras mais delicadas e simbólicas do universo do Mangue, o famoso
reduto onde a trama se desenrola.
Com
sua presença suave e ao mesmo tempo profundamente expressiva, Bela B era uma das
amigas de Dorinha (Tatiana Issa) e sobrinha
da beata Loló (Eva Todor). Mesmo em início
de carreira Carolina Kasting
mostrou maturidade artística ao construir Bela Bê.
Brida de Brida (1998)
Brida, interpretada
por Carolina Kasting, foi a protagonista da novela homônima exibida pela
Rede Manchete em 1998, baseada no romance de Paulo Coelho. Foi um
dos papéis mais marcantes da carreira inicial da atriz, consolidando seu
talento dramático e seu magnetismo em cena.
Infelizmente a novela acabou sendo prejudicada pela situação
financeira da Rede Manchete. Brida significou o desperdício do que poderia ter sido uma
ótima história e a consequência da situação econômica do país. Aliado aos
problemas da novela, os juros das dívidas da TV Manchete cresciam. Em
outubro de 1998, o elenco e equipe técnica entraram em greve por falta de
salários. O vice-presidente da emissora confessou aos atores que “o
fracasso da novela esgotou os recursos da empresa”. Sem ter o que fazer, a direção da rede
decidiu tirar Brida do ar na sexta-feira da mesma semana: em
23/10/1998, a emissora interrompeu subitamente a trama, apresentando uma
narração que explicava qual seria o desfecho da história. O final narrado pelo
locutor oficial da Manchete, Eloy de Carlo, foi improvisado
naquele dia.
Porém em nenhum momento o trabalho da Carolina a frente do
papel foi contestado ou ofuscado - Brida permanece como um papel simbólico na trajetória
da atriz, lembrado pelo lirismo da novela e pela intensidade da personagem.
Rosana de TerraNostra (1999)
De volta à Globo,
em 1999, em Terra Nostra (1999), do
Benedito Ruy Barbosa, em reprise nas
tardes da emissora, Carolina
Kasting viveu Rosana, uma das personagens mais complexas e
emocionalmente intensas da novela. Filha de Gumercindo, o poderoso fazendeiro
vivido por Antônio Fagundes, Rosana cresceu cercada de privilégios, mas
também de uma profunda carência afetiva — algo que guiava muitas das suas
atitudes impulsivas.
Romântica,
orgulhosa e intensamente apaixonada, Rosana se envolve em um triângulo amoroso
com Matteo (Thiago Lacerda) e Giuliana (Ana Paula Arósio) marcado por
desencontros, ciúmes e idealizações. Sua trajetória passa por transformações
fortes: ela começa como uma jovem frágil e facilmente manipulável pelas
emoções, e ao longo da novela amadurece diante das próprias frustrações e
escolhas malsucedidas.
Carolina
Kasting entregou uma interpretação delicada e vulnerável,
destacando-se especialmente nos momentos de crise emocional da personagem, que
se tornaram marcantes na memória do público.
Inesquecível
a cena de quando depois do casamento, Matteo — ainda
apaixonado por Giuliana e preso ao ressentimento — vive uma lua de mel distante
e fria com Rosana. Ao perceber que ela ainda era virgem, Matteo interpreta isso
como prova de que a esposa mentiu sobre
ter sido usado por ele. No retorno à fazenda, tomado pela frustração
e pela raiva, Matteo faz uma das atitudes mais duras do personagem: expõe
publicamente Rosana, revelando diante de todos que ela ainda era virgem e
que teria inventado toda a história para que ele fosse obrigado a casar-se com
ela.
Esse
episódio marca uma virada na personagem. A humilhação pública acentua sua
instabilidade emocional e aprofunda o fosso entre ela e Matteo, influenciando a
forma como ela se comportará em quase toda a segunda metade da trama.
Julieta de Presença
de Anita (2001)
Julieta, interpretada por Carolina Kasting na
minissérie Presença de Anita (2001), do
Manoel Carlos, é uma personagem
marcante justamente por representar o contraponto emocional e doméstico do
universo turbulento que envolve Anita (Mel Lisboa) e Nando (José Mayer). Embora
não esteja no centro do escândalo e da sedução que movem a história, Julieta
tem um papel fundamental na construção do clima psicológico da trama.
Julieta
é uma jovem sensível, romântica e com um olhar puro sobre a vida. Filha de
moradores da pequena cidade onde a minissérie se passa, ela convive de perto
com as desordens sentimentais que Anita provoca, e sua trajetória é marcada por
fragilidade e ternura.
Carolina
Kasting compõe Julieta com uma doçura que contrasta com a
inquietação que domina os outros personagens. Sua atuação ajuda a reforçar a
atmosfera melancólica e tensa da obra.
Carolina
entrega uma Julieta de nuances, com gestos contidos, expressões suaves e uma
presença sempre carregada de emoção. Sua personagem, apesar de ter menos
explosões dramáticas que os protagonistas, se destaca justamente pela sutileza
— algo muito elogiado à época da exibição.
Mariana de Coração de Estudante (2002)
Em Coração de Estudante,
do autor Emanuel Jacobina, Carolina deu
vida a personagem Mariana, mãe do
personagem Lipe (Pedro Malta), filho do protagonista Edu (Fábio Assumpção). Após
deixar o filho sob a responsabilidade do
pai durante quase uma década, a ex-usuária de drogas e alcoólatra em recuperação, decide reconstruir os laços com o filho e
também se reaproximar de Edu (Fábio Assunção). Trata-se do amor antigo do
professor, cuja volta coloca em risco tanto o noivado com Amelinha (AdrianaEsteves) quanto o envolvimento dele com Clara (Helena Ranaldi).
O alcoolismo de Mariana não era mostrado apenas como um
problema, mas como algo que moldava toda a sua trajetória. Ela oscilava entre
momentos de lucidez e recaídas. Afogava suas frustrações na bebida como uma
tentativa de fugir da solidão. Seu vício interferia nas relações com Edu e com
outras pessoas do núcleo. Havia vergonha, culpa e tentativas de recomeço que
nunca eram fáceis.
Laura de Mulheres
Apaixonadas (2003)
Laura foi uma das personagens mais marcantes de Carolina
Kasting na teledramaturgia, presente na novela MulheresApaixonadas (2003), de Manoel Carlos. Médica e sua assistente
de César, o personagem do José Mayer. Com a morte da esposa deste, cria
grande expectativa de assumir seu relacionamento com ele, por quem é muito
apaixonada. Porém, eles terminam e ela não aceita muito bem a situação.
Nos corredores do hospital, Laura era o retrato daquela
pessoa que ama em silêncio, que sofre calada, mas mantém a dignidade. Sem grandes escândalos, sem vilania, sem
excessos — Laura marcou justamente por sua humanidade, por representar tantas
mulheres que vivem amores não correspondidos e tentam seguir em frente.
Mariquinha de Cabocla (2004)
No remake de Cabocla, do autor Benedito Ruy Barbosa,
reescrito por Edmara e Edilene Barbosa, Carolina Kasting deu vida a Mariquinha, a filha do poderoso Coronel
Justino (Mauro Mendonça) que conquistou o público com delicadeza, coragem e um
coração voltado para o bem.
Mesmo nascida em um lar marcado pela rigidez e pela política
dos coronéis, Mariquinha se mostra diferente: é empática, justa e sempre coloca
o outro em primeiro lugar. Sua amizade com Tomé (Eriberto Leão) revela sua
humanidade, enquanto sua paixão por Tobias (Malvino Salvador) traz um dos romances mais
delicados da novela.
Judite de Escrito
nas Estrelas (2010)
Em Escrito nas Estrelas,
da autora Elizabeth Jhin, Carolina Kasting deu vida a Judite, que casada vive
problemas conjugais, o que se intensifica ainda mais depois que Guilherme
(Marcelo Faria), seu marido se interessa por Mariana, a personagem da Carol Castro.
Jamille de O
Astro (2011)
No remake de O Astro,
Carolina Kasting deu vida a Jamile, uma personagem marcada pela
sensibilidade, pela dor e por um percurso dramático que conquistou o público.
Jamile surge como uma mulher doce, dedicada e profundamente vulnerável,
envolvida num universo de abusos e manipulações que revelam, aos poucos, sua
força interior.
A
personagem vive um relacionamento tóxico com Amin (Tato Gabus Mendes), que controla sua vida e
a submete a situações de humilhação e medo, além de muita traição. Kasting interpreta cada nuance — da
fragilidade inicial à coragem que, aos poucos, renasce dentro dela.
No
conjunto da novela, Jamile funciona como aquela personagem que, mesmo fora do
foco principal, deixa uma marca profunda: uma mulher tentando reencontrar sua
dignidade e o direito de recomeçar.
Rosa de Alémdo Tempo (2015)
Na primeira fase de Além doTempo, novela da autora Elizabeth Jhin, Carolina Kasting deu
vida à Rosa, uma jovem simples, sensível e profundamente ligada à natureza e à
espiritualidade. Rosa era uma espécie de “alma boa” da história — uma
personagem calma, empática e sempre disposta a ajudar quem estivesse ao seu
redor. Ela trabalhava no casarão da
família Castelari, onde tinha forte ligação com Bento ( o personagem vivido pelo Luiz Carlos Vasconcellos ), com quem teve um filho.
Na segunda fase (100 anos depois), Rosa reaparece como personagem reencarnada em cena,
dona de um restaurante italiano. Foi casada com Bento, com quem teve uma filha,
mas vivem separados. Ela não gosta da aproximação do ex-marido com a filha Alice (Klara
Castanho), apaixonada por ele. Apesar das atitudes errôneas deste, não se
conforma da mãe ter se separado e faz o possível para atrapalhar qualquer
possibilidade de um novo romance na vida dela.
Agnes de Salve-se
Quem Puder (2020)
Na novela Salve-se Quem Puder, do Daniel Ortiz, Carolina Kasting deu vida à doce e resiliente Agnes Romantini, a
matriarca de uma família marcada pela delicadeza, pela dor e pela esperança.
Viúva, arquiteta e mãe dedicada de Kyra (Vitória Strada), Bia (Valentina Bulc) e Júnior (Igor Cosso). Agnes é o coração
silencioso da casa, aquela que tenta manter tudo de pé mesmo quando o mundo
parece desabar.
A
“morte” de Kyra no furacão transforma sua trajetória: Agnes passa a viver entre
o luto e a fé, cuidando dos outros filhos enquanto tenta reencontrar algum
sentido para seguir adiante. Sua doçura, elegância e leveza contrastam com a
imensa tristeza que carrega – e é justamente nessa dualidade que Carolina
Kasting brilha.
Quando
Kyra finalmente reaparece, viva, o reencontro entre mãe e filha se torna um dos
momentos mais emocionantes da novela. É a catarse de uma mulher que nunca
deixou de acreditar no amor, mesmo quando tudo parecia perdido. Agnes é
sensibilidade, força silenciosa e ternura. Uma personagem construída com
sutileza, verdade e profundidade — marca registrada dos trabalhos da
atriz.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa






















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