Chega o fim o ano
de 2025 deixando um retrato bastante revelador do atual momento das nossas séries, seriado e minisséries. Entre estreias
aguardadas, apostas ousadas, retornos consagrados e algumas decepções
inevitáveis, o ano se mostrou intenso, diverso e cheio de discussões sobre
narrativa, representatividade e inovação.
As
produções exibidas ao longo desses meses não apenas disputaram a atenção do
público, mas também refletiram transformações no modo de contar histórias, no
comportamento da audiência e nas estratégias das emissoras . Neste balanço
anual, revisamos os principais destaques de 2025, analisando tendências,
acertos, tropeços e os títulos que realmente marcaram o ano.
Grande
Sertão Veredas (Globo
- 07 a 10 de Janeiro 2025)
Uma releitura arrojada que desloca o sertão para o ambiente
urbano no clássico de Guimarães Rosa, ainda que discutível em seu
resultado, revelou-se coerente com o espírito e a essência da obra original.
A partir de 7 de janeiro, as telas da Globo ganharam
mais ação e drama com a exibição de Grande
Sertão, de Guel Arraes, com roteiro dele e de Jorge
Furtado, em formato de minissérie. Adaptação do clássico romance literário
"Grande Sertão: Veredas.
Tratou-se de uma
proposta audaciosa. O clássico de Guimarães Rosa está profundamente
associado, em nosso imaginário, ao sertão mineiro, e parecia quase impossível
conceber outros Riobaldo e Diadorim que não aqueles eternizados por Tony Ramos e Bruna Lombardi na minissérie homônima exibida pela Globo em 1985,
com texto de Walther George Durst — ainda hoje considerada uma das
grandes obras do formato.
A
releitura dialoga com o tempo presente e encontra maior ressonância nas
dinâmicas contemporâneas, sobretudo nas realidades periféricas. Em
contrapartida, acaba se afastando da força da memória afetiva do telespectador
que, como eu, buscava reencontrar a essência daquela adaptação de 1985.
A criação desse novo
universo se sustenta no equilíbrio preciso entre a fotografia assinada por Gustavo
Hadba e o uso eficiente dos efeitos visuais, responsáveis por materializar
uma atmosfera distópica que redefine plasticamente este novo Grande Sertão.
Entre
os acertos da produção, mesmo diante das liberdades da adaptação, está a
decisão de Guel Arraes de preservar o texto original de Guimarães
Rosa. Essa escolha garante à obra um caráter poético e teatral que, ao
invés de colidir, estabelece um contraste instigante com a estética visual
proposta.
CaioBlat e Luisa Arraes assumem Riobaldo e Diadorim com uma
missão árdua, mas em nenhum instante fragilizam a essência dos personagens. A
construção da relação complexa entre os dois volta a se afirmar como um dos
grandes pilares da narrativa, conduzida com intensidade e delicadeza.
Eduardo
Sterblitch, como o Diabo, surge também como um expressivo
destaque cênico, confirmando mais um trabalho sólido do ator fora do registro
cômico que o consagrou.
Grande Sertão se apresentou como uma
adaptação ousada e inventiva de Grande Sertão:
Veredas. Os mais conservadores e
saudosistas podem reagir com estranhamento, mas Guel Arraes e Jorge Furtado
entregam uma releitura contemporânea e vigorosa, que preserva a essência da
obra original ao dialogar com uma distopia sobre a violência urbana.
Encantado´s (3ª. Temporada – Globo – 29 de Abril a 5 de Junho de 2025)
Encantado´s terminou a exibição da sua terceira temporada este
ano mantendo o alto padrão das
anteriores, oferecendo uma combinação de humor, crítica social e
representatividade, consolidando-se como uma das produções mais relevantes da
televisão brasileira atual,
tanto que, diferente das 2 primeiras
temporadas, a terceira foi apresentada primeiro na Globo e depois disponibilizada
episódio por episódio na Globoplay, mostrando a
confiança da emissora no sucesso da série.
Criada por Renata Andrade e Thais Pontes, a temporada
integrou as comemorações dos 60 anos da Globo ao resgatar figuras
marcantes do humor televisivo, como Solineuza (Dira Paes) e Paulão da Regulagem
(Evandro Mesquita), personagens eternizados em A
Diarista e A Grande Família.
Nos
novos episódios, Olímpia (Vilma Melo) vive o dilema de um coração dividido
entre dois opostos: Walter (Paulo Lessa), o porto seguro, e Cuíca (Thiago
Thomé), o espírito livre. Paralelamente, Eraldo (Luis Miranda) enfrenta as
próprias inseguranças para levar à avenida a história de seu pai.
Luis
Miranda e Wilma Melo, O Eraldo e a
Olimpia, continuam sendo o
coração da série. O carisma e
versatilidade da dupla são unanimente elogiados. Os
atores conseguem equilibrar o exagero
cômico com momentos mais sutis de emoção, dando profundidade aos irmãos.
Vale
destacar nesta temporada a entrega cômica de Evelyn Castro com a deslumbrada
Maria Augusta - afiada e precisa. Ela se destaca com seu
timing perfeito e expressões corporais marcantes.
Encantado's em sua terceira temporada se
destacou pela abordagem inovadora e inclusiva,
sempre citada pela crítica, e que soma ao
entretenimento simples a preocupação em
quebrar paradigmas alicerçados há décadas nas
produções audiovisuais.
Os Outros (2ª.
Temporada – Globo – 29 de Abril a 05 de Junho
de 2025)
Sem a essência da
primeira, a segunda temporada de Os
Outros foi exibida entre abril e junho de 2025.
A segunda temporada criada e escrita
por Lucas Paraizo, com colaboração de Fernanda Torres, Flavio Araujo,
Pedro Riguetti, Thaís Fujinaga, Bruno Ribeiro e Dimas Novais,
terminou a sua exibição com uma
queda significativa na qualidade em relação à espetacular primeira temporada.
Roteiro irregular, direção e visual carregados, personagens
pouco aprofundados e um humor que surge sem intenção estão entre os principais
aspectos que comprometeram a temporada.
Algumas
cenas se mostraram tão dispensáveis que acabaram beirando o cômico, como a
sequência em que Marcinho (Antônio Haddad) tenta capturar um jacaré, estimulado
por Sérgio (Eduardo Sterblitch).
Porém
o elenco se manteve no nível - A
performance de Eduardo Sterblitch como Sérgio foi destaque
positivo. Sua capacidade de transitar entre diferentes emoções trouxe
intensidade às cenas. A dobradinha com AdrianaEsteves e Letícia Colin abrilhantou a série.
A
Raquel da Letícia Colin, foi uma das gratas surpresas, claro que
isso já era esperado, afinal tudo que a Letícia toca
vira ouro, mas faltou por parte do
roteiro da série maior profundidade da personagem.
No
elenco, destaque ainda para Sérgio Guizé (Paulo), Marina Nunes (Maria), Luis
Lobianco (Durval) e o Cauê Campos (Kevin).
Em
meio a falhas e qualidades a série terminou sua segunda
temporada já com um terceira em produção.
E Agora,
quem Via Ficar com a Mamãe? (SBT - 1º. a 5
de Setembro de 2025)
O SBT estreou de surpresa
a série E
Agora, Quem Vai Ficar com a Mamãe?. O
título, que contou com cinco episódios, é a "última" produção do
departamento de dramaturgia do canal, que passa por uma pausa e deve ser
retomado em 2026.
Escrita
por Alexandre Teixeira, com direção de João Batista e
direção-geral de Rica Mantoanelli, o enredo aborda, com toques de
humor e sensibilidade, o envelhecimento, a demência e os laços familiares
a partir desse diagnóstico.
No elenco nomes
como Stella Miranda, Joaquim Lopes, Lidi Lisboa, Mariana Molina, Ju
Knust, João Pessanha, Laura Luz e Valentina Borlenghi.
A série fugiu do
estilo infantil do SBT, e
pode ser até um aceno para novos projetos nesse gênero, mais adulto , do canal para esse novo ano.
Paulo,o Apóstolo (RecordTv
- 07 de
Julho a 12 de Setembro de 2025)
Paulo, o Apóstolo, roteirizada por Cristiane
Cardoso e dirigida por Leonardo Miranda, que estreou em 7
de julho fechando 4 semanas no ar, grande aposta do canal
para esse ano, não surtiu nenhum efeito na
audiência e ainda prejudicou o desempenho da reprise da
série Reis.
Além
do formato já está cansado, principalmente pelo fato da
sequencia de reprises que deixa o telespectador perdido
no que está assistindo, outros pontos contaram contra
essa nova produção.
A narrativa apresentou momentos arrastados e cenas com
excesso de didatismo, prejudicando o dinamismo da história. As
tramas paralelas — muitas vezes inventadas para preencher espaço — o
que poderia ser um escapismo do didatismo, tiram o foco da
trajetória principal de Paulo, e os mais
conservadores acabam por rejeitar a trama.
A
recepção nas redes sociais tem sido mista. Há elogios ao conteúdo espiritual e
educativo, mas também reclamações sobre o ritmo e o excesso de dramatizações
ficcionais, ou seja, o sempre do mesmo que vem acontecendo com
as tramas bíblicas da emissora.
A
Vida de Jó (RecordTv - 15
de Setembro a 10 de Outubro de 2025)
Outra minissérie
apresentada pela RecorTv - A Vida de Jó narra
a história de um homem íntegro e profundamente temente a Deus, cuja
existência é marcada por fé, provações e um intenso conflito espiritual.
Os atores Guilherme Berenguer e Juliana Didone viveram
os protagonistas Jó e Raquel. Na primeira fase, os personagens, ainda
adolescentes, foram interpretados
por Enzo Krieger e Mah Duarte.
A produção foi mais uma
que não acrescentou em nada ao
gênero ou a audiência do canal.
O
Senhor e a Serva (RecordTv
– 13 a 24 de Outubro de 2025)
Spin-off de “Paulo,O Apóstolo”, composto por dez episódios retrata a fé e a resistência em meio à
crueldade da Roma Antiga. O
Senhor e a Serva, protagonizada por Nathalia Florentino e Dudu
Pelizzari, teve dez episódios acompanhando os eventos relacionados à igreja primitiva.
O Senhor e a Serva reforçou a
linha de produções bíblicas da emissora ao apostar em uma narrativa de fé,
resistência e redenção. Com mediana aceitação junto ao público fiel do gênero,
a minissérie alcançou resultados satisfatórios de audiência, mas também
levantou questionamentos quanto à sua força dramática e impacto artístico.
Rengas Hit´s (Globo – Terceira Temporada
– 23 de Outubro de 2025 a 11 de Dezembro
de 2025)
A Série que é uma parceira Globoplay e Glaz
Entretenimento inspirada na indústria do universo sertanejo no Brasil
termina sua trajetória nesta terceira
temporada exibida entre outubro de novembro desse ano.
Escrita por Carolina Alckmin e Denis
Nielsen, com roteiros de Bia Crespo, Nathália Cruz, Otávio
Chamorro, Renata Corrêa e Victor Rodrigues foi
apresentada com uma aura de novela das sete - ágil, cômica na
medida, folhetinesca e musical.
Essa
terceira e última temporada encerra a trajetória das irmãs Raíssa (Alice Weigmann)
e Gláucia (Lorena Comparato) no
competitivo universo da música sertaneja. O desfecho dividiu opiniões, mas
manteve a série em evidência até o fim.
A
produção seguiu apostando em um ritmo ágil e em músicas originais que reforçam
a identidade da série. Alice Wegmann e Lorena Comparato continuam sendo
o grande trunfo da produção.
Rensga Hits! se
despede deixando sua marca: uma série popular, musical e carismática, que
acertou ao saber a hora de encerrar sua história — mesmo sem ser unânime.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa

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