A Maristela de "Garota do Momento"
Uma atriz cirúrgica! Sempre gostei desse termo
usado para Lília Cabral . Acho que ele foi dito quando a atriz
brilhou vivendo a vilã Marta de Páginasda Vida (2006) , e desde então
eu sempre uso quando posto algo sobre a bela carreira da atriz.
Na pele da Maristela de Garota
do Momento vive uma
vilã clássica, cuja inteligência e manipulação a colocam sempre um passo à
frente, mas cujas ações acabam levando à sua própria destruição. Mas um
grande momento da atriz em
nossa teledramaturgia.
Lília Cabral estreou na tv em 1981, na novela OsImigrantes, da Rede Bandeirantes. Em 1984, ingressou na Rede
Globo, consolidando-se como uma das atrizes mais versáteis e respeitadas do
país. Entre seus papéis mais marcantes estão a vilã Marta em Páginas da Vida (2006),
que lhe rendeu uma indicação ao Emmy Internacional de Melhor Atriz, a
protagonista Griselda em Fina Estampa (2011) e a personagem Tereza em Viver a Vida (2009),
que também lhe garantiu uma segunda indicação ao Emmy.
Lilia
também se destacou no cinema com o filme Divã (2009), baseado na obra de Martha Medeiros,
no qual interpretou Mercedes, uma mulher em busca de autoconhecimento através
da psicanálise. O sucesso do filme resultou em uma minissérie homônima exibida
pela TV Globo em 2011.
Ao
longo de sua carreira, Lilia Cabral acumulou diversos prêmios, incluindo quatro
Troféus Imprensa, um Prêmio APCA, um Prêmio Shell e um Grande
Otelo. Sua dedicação e talento a tornaram uma das figuras mais respeitadas
da dramaturgia brasileira.
Para comemorar
o sucesso da Maristela em Garota do Momento, Lilia Cabral é a estrela
do post desta quinzena onde
vamos relembrar suas melhores e mais marcantes personagens. A
Atriz já havia sido homenageada
na seção em agosto de 2013, que você pode
rever AQUI.
No
post de hoje vamos relembrar
os personagens que ficaram de fora desse primeiro
e os que ela viveu
a partir de então.
Margarida de Corpo aCorpo (1984)
A Margarida de Corpo a Corpo marcou a estreia da Lília Cabral na Globo. A personagem
era a esposa de Olavo
(Marcelo Picchi), o filho mais velho
do Alfredo Fraga Dantas (Hugo
Carvana), na trama do Gilberto Braga. Interesseira e puxa-saco, como o marido, vive
tentando agradar Alfredo. Em vão, já que é vista como uma figura deslumbrada e
risível.
Antonieta de Hipertensão (1986)
Em 1986, Lilia voltou em Hipertensão,
trama das sete da Ivani Ribeiro. Sua personagem
Antonieta “Tatá” é marcada
uma delicadeza e dualidade. Durante o dia, ela é
uma professora de colégio de freiras, irmã de Fifi (vivida por Fafy Siqueira),
e se destaca por sua inocência, bondade e mansidão . À noite, porém, ela revela
um lado oculto: se transforma em dançarina de forró em uma gafieira da cidade
vizinha—algo que esconde de todos.
Alva de Pedra
sobre Pedra (1992)
Em Pedra sobre Pedra, do Aguinaldo Silva,
ela interpretou a personagem
Alva, uma das meninas do Grémio Recreativo de Esplendor,
que fazia a alegria
dos homens da cidade.
Dafhne de Estrela
Guia (2001)
Em Estrela-Guia,
da Ana Maria Moretzsonh, Lília Cabral
viveu Daphne , que representa
a primeira vilã da carreira da atriz, trazendo uma personagem cômica e perversa
ao mesmo tempo. Seu estilo “country perua” (chapéu, roupas sofisticadas, couro)
reforça seu status de socialite esnobe, que sente verdadeiro nojo de animais e
vive cercada pelo luxo . A presença de Daphne é central para tensionar o
conflito entre a comunidade Jagatah — símbolo de vida alternativa, paz e
harmonia — e o poder econômico e predatório representado por ela. A personagem
impulsiona reviravoltas como o incêndio trágico, a tentativa de sedução de Cristal
(Sandy), pelo seu filho Carlos Charles (Rodrigo Santoro) e planos cada vez mais
maquiavélicos para alcançar seus objetivos.
Barbara de Chocolate
com Pimenta (2003)
Em Chocolate com Pimenta, do Walcyr Carrasco,
Lília Cabral surge como Bárbara que,
inicialmente é a grande antagonista de
Ana Francisca (Mariana Ximenes), usando seu poder e influência para tentar
separar o casal de protagonistas. Mas sua trajetória ganha profundidade com o
drama pessoal, a busca por independência e a espetacular volta que endurece
ainda mais a rivalidade com Vivaldo (Fulvio Stefanini ) e as demais personagens.
A mudança repentina
na trama, com a fuga ao circo e o incêndio, foi toda uma adaptação para
permitir que Lília Cabral fizesse um tratamento de saúde durante as
gravações
Para a cena icônica da careca, a atriz usou
uma touca de látex. Seu cabelo não foi raspado de fato. O processo demorava
cerca de 1h30 para ficar pronto.
Vitória Vilar de Saramandaia (2013)
A Vitória Villar, que a Lília viveu na trama do remake de Saramandaia, é uma empresária de sucesso, que vivia em São Paulo. Volta a Bole-Bole ao
ficar viúva, após trinta anos morando fora. É uma mulher voluntariosa,
temperamental e geniosa, mas também é bem-humorada, inteligente e vaidosa.
Tenta lutar contra o seu coração, mas seu corpo entrega o que sente: ela,
literalmente, se derrete quando está apaixonada
dentro dos entrechos de realismo fantástico da obra
de Dias Gomes.
No remake, RicardoLinhares deu mais profundidade psicológica a personagens femininas como
Vitória, em comparação com a versão de 1976. Lilia Cabral foi bastante
elogiada por sua interpretação intensa e contida, dando nuances à personagem
que ora se mostra rígida, ora frágil.
Maria Marta de Império (2014)
Em 2014, interpretou Maria Marta Medeiros de Mendonça
e Albuquerque uma das personagens
centrais da novela Império, escrita
por Aguinaldo Silva.
Maria Marta é a ex-mulher do protagonista José Alfredo de
Medeiros (vivido por Alexandre Nero), o "Comendador". Ela é uma
mulher elegante, forte, sofisticada e extremamente ambiciosa. Vive um casamento de aparências com o
Comendador, com quem tem uma relação conflituosa, repleta de ressentimentos,
ciúmes e disputas de poder. Mesmo separados emocionalmente, continuam ligados
pelos negócios e pelos filhos. Ela vê o império de José Alfredo como também
sendo "seu" e quer assegurar que sua família mantenha o controle
sobre ele.
Ao longo da trama, Maria Marta se envolve em diversas
intrigas, tanto dentro da família quanto com aliados e inimigos externos. Ela
disputa espaço com Maria Isis (Marina Ruy Barbosa), a amante jovem de
José Alfredo, e com outros personagens que ameaçam sua posição.
Lília dominava as cenas com uma autoridade impressionante.
Mesmo quando dividia espaço com atores igualmente carismáticos (como AlexandreNero, o Comendador), ela conseguia impor uma força dramática intensa.
Embora Maria Marta fosse manipuladora e fria, Lília conferiu
à personagem uma complexidade emocional que fez o público compreender (ou até
simpatizar com) suas motivações.
Um espetáculo em cena!
Virgínia
de Liberdade, Liberdade (2016)
Virginia foi a personagem da Lília Cabral que marcou a
novela Liberdade, Liberdade,
do Mário Teixeira, exibida
pela Globo em 2016. Mulher forte,
independente e carismática, dirige um
bordel em Vila Rica (atual Ouro Preto, Minas Gerais), no período
pós-Inconfidência Mineira, no século XVIII.
Aliada de Joquina/Rosa
(Andrea Horta), Virginia representa uma
crítica à hipocrisia da sociedade colonial brasileira. Embora marginalizada por
sua profissão, ela demonstra sabedoria, coragem e senso de justiça, muitas
vezes superiores aos dos homens “respeitáveis” da cidade. Sua presença na novela
traz à tona questões sobre gênero, moralidade, poder e resistência.
Silvana
de A Força do Querer
(2017)
Silvana, foi a complexa
personagem que a Lília
viveu na novela A Força do Querer, escrita por Glória Perez. O ponto central do arco da personagem é seu
jogo compulsivo (ludomania). Ela mente, forja documentos, esconde dívidas e
toma atitudes arriscadas para continuar jogando. Sua compulsão coloca em risco
seu casamento, sua estabilidade financeira e até a relação com a filha.
Silvana é uma
personagem muito humana, porque oscila entre o arrependimento e a recaída. Em
muitos momentos, ela tenta parar, mas é tragada novamente pelo vício, o que
gera tensão e empatia do público.
Valentina Marsalla de O Sétimo Guardião (2018)
Nascida em Serro Azul como Marlene, humilde e rejeitada após
ser abandonada no altar por Egídio (Antônio Calloni), volta anos depois como
Valentina Marsalla, uma empresária de sucesso no ramo de cosméticos, porém fria
e calculista - a grande vilã de O Sétimo
Guardião, a complexa e cheia de
polêmicas trama do Aguinaldo Silva, que marcava o retorno
do autor ao realismo fantástico.
Valentina Marsalla é uma vilã típica do Aguinaldo Silva:
poderosa, estratégica, e cheia de nuances. A interpretação de Lília Cabral
potencializou uma figura amarga, vingativa, elegante e — surpreendentemente —
capaz de se reerguer. Sua trajetória entre o glamour, o rancor e a redenção
acabou sendo uma das mais marcantes de O Sétimo
Guardião, mostrando mais uma vez o
potencial da atriz que conseguiu
tirar leite de
pedra na trama que praticamente é considerada um dos
maiores fracassos do horário nobre global.
Bebel de Fuzuê (2023)
Em 2023, a Bebel de Fuzuê, do Gustavo
Reiz, marca a volta as novelas de
Lilia Cabral, depois de um hiato de 5 anos. Era uma personagem simples, muito aquém do
talento de Lília, mas que em nenhum momento foi
feito com menos maestria pela atriz.
Lília Cabral trouxe
charme, profundidade e autenticidade a Bebel. Sua interpretação foi elogiada
por representar bem uma mulher refinada, interiormente forte e emocionalmente
complexa. A química com o elenco, especialmente Marina Ruy Barbosa, foi
outro ponto alto.
Maristela de Garota
do Momento (2024)
A Maristela Alencar, vivida por Lília Cabral em Garota do Momento,
é uma das vilãs mais intensas da carreira da atriz – alguém sem empatia,
narcisista e estrategicamente fria. Desde o início da novela (ambientada nos
anos 1940/50), seu objetivo principal é controlar a história de seu filho,
Juliano (Fábio Assunção), impedindo que ele case-se com Clarice (Carol Castro).
A atriz conta que esta é a vilã mais marcante que já
interpretou – com uma atuação cuidadosa, investindo no figurino, linguagem e
mentalidade da alta sociedade dos anos 1950.
Maristela é a grande
antagonista da história de Alessandra Boggi, manipulando
situações, destruindo reputações e controlando mentes - Uma
vilã clássica, na melhor tradição das novelas das 6.
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Texto: Evaldiano
de Sousa
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