Em 1993, a
Globo teve um bug na audiência
quando levou ao ar o remake de Mulheres de Areia, da autora Ivani Ribeiro. A trama protagonizada por Glória Pires que viveu as gêmeas, Rute e Raquel, foi muito além do remake original e se
transformou novamente em um dos clássicos da autora , da
história do horário das seis da Globo
e da teledramaturgia nacional.
A trilha
nacional de Mulheresde Areia foi muito comercial e com
uma diversidades de ritmos e estilos para todos os gostos, mas nem por
isso fugiu da identificação com a história da trama, tanto que a autora primou por toda a
novela por ela, em detrimento a trilha
internacional que acabou sendo tocada timidamente.
Com a Glória Pires estampando a capa de
Rute e contra capa de Raquel (só isso já valia o disco), era
impressionante a caracterização e incorporação. Se virássemos a capa do disco víamos realmente duas personagens e não uma atriz vivendo gêmeas.
Abrindo a trilha,
uma levada pop com doses de rock and roll no “Ai Ai Ai Ai Ai” do IvanLins (Que no mesmo ano de 93 ainda emplacou o tema de abertura de Renascer
– “Confins”), que foi o tema da gêmea má Raquel. Ruth, a Rutinha , ganhou como tema “Figura” na voz de Orlando Morais, marido da Glória na vida real. A Música também foi
composta por Orlando, que já tinha em mãos o perfil da parte boa das
gêmeas que sua esposa viveria. A Música virou uma espécie de poema embalado por
uma dose suave e ritmo que casou perfeitamente com o
temperamento da personagem.
Humberto Martins viveu na trama o inesquecível cowboy Alaor, e para o tema do personagem foi
escolhido “Pensando em Minha Amada”
do repertório de raiz do Chitãozinho eXororó, que naquela época tinha alcançado o seu auge e gravado um dueto com
o Bee Gees. No decorrer da novela Alor, que era apaixonado por Ruth, se encontra em
cena com a rebelde Malu, personagem vivida pela magistral Viviane Pasmanter, que ganhou como tema para embalar toda essa sua rebeldia o clássico “Ovelha Negra”, imortalizado em 1975
pela Rita Lee e Tutti Frutti, regravado
para Mulheres de
Areia pela banda Os Fantasmas, que simplesmente sumiram do mapa depois dessa
gravação.
Três divas
da MPB integraram e abrilhantaram a trilha: Simone numa interpretação segura em “Desafios”, embalou os dramas da boazinha Arlete, vivida pela Thais de Campos; Gal Costa gravou com
maestria “Caminhos Cruzados” do Antônio Carlos Jobim, que embalou a reprimida matriarca dos
Assumpção, Clarita, uma das poucas intepretações tímidas feitas pela Susana Vieira; e fechando a trinca Joanna com “Toque de Emoção” o tema da
Andréia, vivida pela Karina Perez, a
primeira noiva do Marcos (Guilherme Fontes).
Pepeu Gomes fora do circuito comercial
fonográfico, resolveu tentar outros voos
e viu seu nome voltar às paradas de
sucesso de todo o Brasil com “Sexy Iemanjá” o inesquecível tema de abertura e que nos
situava dentro da trama praiana com esse toque solar que lembrava mais o ritmo calipso do que
o axé, marca registrada do cantor. Na
segunda reprise da trama, em 2011/2012, a música voltou aos hits das rádios e ainda ganhou uma versão em ritmo
de forró aqui no Ceará gravada pelo
cantor Welsey Safadão. Todo paredão
que se prezasse tinha que tocar “A Noite vai ter lu, lua cheia ...”
Uma nova
leva do axé baiano estava se preparando para invadir o Brasil. O trio elétrico
tinha se comercializado e todo baiano que pretendia fazer sucesso tinha que se
denominar também como cantor de trio. A Banda
Beijo , na época ainda comandada pelo cantor Netinho, foi a primeira de Axé Baiano a ganhar uma trilha em novela
global. Com “A Vida é Festa” a banda
embalou a aldeia de pescadores que era uma das principais locações da cidade de
Pontal da Areia.
A Atriz,
cantora e jornalista Marianna Leporace emprestou toda a sua perícia para a música “Paraíso” tema da cidade e moradores da
fictícia Pontal D´areia, onde se passava a trama de Mulheres de Areia. Dá uma vontade de
dar uma voltinha na cidade a cada acorde e verso da música. Uma das mais lindas
da trilha, e mais tocadas na novela. Mesmo assim não foi
sucesso nas rádios. Nunca entendi isso!
Maurício Mattar outro ator/cantor que
integrou a trilha, gravou “Encontro
das Águas” tema do protagonista
Marcos, vivido pelo Guilherme Fontes.
Depois das
gêmeas Ruth e Raquel, o Tonho da Lua
imortalizado pelo Marcos Frota é o
personagem mais marcante de Mulheres de Areia. Interpretado com maestria e sensibilidade,
o desiquilíbrio e ternura dele foi acompanhado
por “Fantasia Real”, música composta por Danilo Caymmi e Dudu
Falcão, e gravada pela inconfundível voz do Biafra, especialmente para o
personagem. Um dos versos da música
resumiam muito bem o Tonho da Lua : “E
Quem sabe explicar/Dizer o que é Normal/Fantasia ou Vida Real?
Tônia, a
personagem da Andreia Beltrão, foi
uma espécie de coadjuvante de luxo de Mulheres de Areia, tamanho sua importância dentro
do remake. A Riponga que despertou a
paixão doentia do vilão Virgílio Assumpção (Raul Cortez) lutava com todas as
forças contra os desmandos dos poderosos da cidade. Para o seu tema foi
resgatada da década de 70 um dos clássicos do cantor Raul Seixas ( em versão original), assim “Gita” ficou imortalizada novamente em um LP nos anos 90.
Integrou o LP
ainda a internacional “Dirty Game”, tema dos amigos da
Malu, da banda brasileira Easy Rider, que era liderada pelo também locutor de rádio Dudu Falcão. A Banda ainda integrou a trilha internacional de Olho no Olho, novela do Antônio Calmon no mesmo ano, com uma
regravação de “How You Gonna See Me Now”
(sucesso da cantora Alice Cooper). A
Banda só gravou um disco e desapareceu do cenário musical.
“Down” do T Set Squad e “Voyager” do Franco Perini foram os dois temas instrumentais que fechavam cada
lado do LP da trilha.
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Pesquisa: www.memoriaglobo.com.br www.wikipédia.com.br
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