O ano chegando ao fim é aquela hora de fazer o balanço do que de
melhor a teledramaturgia nos apresentou. Foi mais um ano difícil para o setor
onde as produções mais longas, as novelas sofreram com rejeições e o público se apegou as séries e
minisséries com menos personagens e
histórias mais fortes.
Foram 3 produções apresentadas com o
selo de minisséries, sendo duas na Globo
e uma na RecordTv. Entre Írmãs,
o filme com roteiro da Patrícia Andrade,
baseado no livro O Cangaceiro e a Costureiro,
transformado em minissérie no início do ano foi uma espécie de justiça feita.
Na telona não fez sucesso, mas a minissérie foi aplaudida de pé graças a interpretações viscerais das protagonistas Nanda Costa e Marjorie Estiano. Treze Dias Longe do
Sol , juntou 24 anos depois de Tropicaliente (1994), a dupla Selton Mello e Carolina Dieckmann numa história densa, forte e com muita tensão
psicológica. Na RecordTv depois do fracasso de Apocalipse, a emissora voltou às origens
com a minissérie Lia, contando uma história bíblica no cenário de época.
Entre Irmãs
(Globo – 2 a 5 de Janeiro de 2018)
Entre Irmãs, o filme com roteiro da Patrícia
Andrade, baseado no livro O Cangaceiro e
a Costureiro, transformado em minissérie no início do ano, falou de Política, lei do
cangaço, homossexualidade, direitos da mulher entre outros assuntos polêmicos e
pertinentes tratados com a maior
propriedade dentro da minissérie tendo o árido Pernambuco dos anos 30 como
cenário.
A Minissérie que ficou em cartaz em 2017
(como filme), foi justiçada pelo grande público na Tv compensando seu
fraco desempenho nos cinemas.
O Filme em sua terceira semana em cartaz, foi visto apenas por 38 mil pessoas
no Brasil, e não deve ter atingido nem 45 ou 50 espectadores até sua
retirada das salas. Nem mesmo o chamariz Marjorie Estiano e
Nanda Costa, grandes estrelas nacionais como
protagonistas, conseguiu chamar público para o filme.
Transformada em minissérie e com cerca de meia hora de cenas extras que não
foram apresentadas na versão para o cinema, Entre Irmãs surpreendeu pela
audiência captando mais público a cada novo capítulo.
O
elenco espetacular de Entre Irmãs foi sem dúvidas
seu grande trunfo - Marjorie Estiano como sempre,
totalmente entregue a uma personagem; Nanda Costa , visceral
com sua “vitrola” Luiza, num contraponto com a Sandra Helena de Pega
Pega, também no ar, o que credenciou ainda mais seu trabalho.
Cyria
Coentro (Tia Sofia), Júlio Machado (Carcará) e Letícia Colin (Lindalva)
foram outros destaques do elenco.
Foram
poucos os filmes transformados em série ou minissérie na Globo que fizeram sucesso tanto ou mais que as exibições nos
cinemas, o caso de O Auto da Compadecida em 1999 e mais recentemente Sob Pressão. Entre Irmãs entra para esse
seleto time.
(Globo – 08 à 19 de Janeiro de 2018)
Treze dias
Longe do Sol além da tragédia
urbana literal com a queda do prédio, mostrou também a tragédia psicológica de cada
personagem envolvido no drama, revelando seus desvios de caráter, fraquezas e
sentimentos que só uma situação dessas expõe.
O Casal de
autores Elena
Soares e Luciano Moura, com
experiências no cinema e em algumas séries da Globo, mostraram na série
toda essa experiência em detalhes do texto, sem nenhum desperdício de palavra
ou sequências, onde tudo foi primordial para o entender e
desenrolar da história.
O elenco foi
primordial para o sucesso e credibilidade da série. Selton Mello brilhou, como sempre, na pele do engenheiro Saulo, que
passou todo o tempo soterrado repensando seus valores e se sentenciando
no final se recusando a sair dos escombros. Carolina
Dieckmann, na pele da
Marion Rupp, foi outro destaque, com um interpretação mais serena e
contida, e que no decorrer da série em meio aos escombros resolve todos os seus
problemas com seu grande amor, revelando ainda o filho que eles tiveram e ela
escondera. A Minissérie juntou novamente a dupla de atores 24 anos depois de Tropicaliente (1994).
Dois atores fizeram de Treze Dias Longe do Sol um palco : Déborah Bloche
Fabrício Boliveira. Com um trabalho
impecável, Déborah que brinca de se transformar em tudo que interpreta,
fez a vilã Gilda maravilhosa na medida certa, mesclando suas
calhordices com a preocupação com o pai velhinho. Um contraste
criado pelos autores para humaniza-la, e a Gilda não ser uma
simples vilã promiscua. Já o Fabrício brilhou como o
desiquilibrado bombeiro que resolvia seus traumas em meio aos escombros,
mostrando já o que nos reservava o
Roberval de Segundo Sol.
Treze Dias Longe do Sol foi um projeto
ousadíssimo, onde a Globo não fez
economias, recriou com maestria e credibilidade grandes cenários,
apostou em figurinos e mostrou uma série digna das grandes emissoras
americanas, que entrou para o hall das boas produções do ano de
2018.
Lia
(RecordTv – 26 de
Junho à 9 de Julho de 2018)
A Minissérie Lia, da autora Paula
Richard, fez a emissora
voltar às origens, com uma trama bíblica e de época, fazendo o público esquecer do grande equívoco que
foi trazer o Apocalipse para os dias
atuais.
Lia fez
a emissora voltar às origens literalmente, bastaram algumas cenas para reconhecermos as mesmas locações, mesmo
elenco, mesmo texto didático e figurinos, presente em todas as
produções da casa, desde A História de Ester (2010) até O Rico e Lázaro (2017).
O
grande diferencial de Lia foi a visão da história. Na minissérie baseada no
livro do Gênesis 29 à 36, a trama foi mostrada sob
a ótica feminina, com traços mais delicados e folhetinescos.
Veja Também:
Meus Personagens Favoritos da Marjorie Estiano |
Meus Personagens Favoritos do Selton Mello |
Meus Personagens Favoritos da Carolina Dieckmann |
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Comentários
Postar um comentário