Se Eu Fechar os Olhos Agora (Globo) – Assédio (Globo)
Este ano foi complicado para a tv
aberta, as plataformas de streaming cada vez mais roubaram público e elenco das emissoras abertas deixando ainda mais nítido que a junção entre essas plataformas e
seus canais abertos, o caso da Globo
e Globoplay , agora Grupo Globo é a solução natural.
Só a Globo apresentou minisséries este ano, ambas apresentadas
primeiramente na Globoplay ou outras plataformas para testar sua popularidade
e em seguida jogadas na tv aberta.
A Emissora apresentou duas obras de um requinte e produções incontestáveis, porém marcados
pela audiência minguante, embora principalmente no caso de Assédio,
quando apresentado na plataforma de streaming da emissora tenha sido o grande
bum do ano.
Se Eu Fechar os Olhos Agora, do Ricardo Linhares, baseado no livro homônimo do escritor e
jornalista Edney Silvestre,
apresentou um roteiro de mistério e elenco afinadíssimos que a transformaram numa produção muito acima do esperado. Apresentada
inicialmente em 2018 na Now
(Plataforma on demond da Net e Claro) que pagou pela exclusividade,
apesar de gravada e já pronta em 2018,
só chegou a Globo em abril deste
ano.
Assédio, minissérie da Maria Camargo, livremente
inspirada no livro A Clinica : A Farsa e os crimes de Roger Abdelmassih
, do Vicente Viladarga, foi a primeira produção da Globo feita especialmente para a Globoplay que depois de lançada na plataforma em horas se
transformou em sucesso, por isso o estranhamento de não ter seguido a mesma
linha quando apresentada na tv aberta entre
maio e julho deste ano.
Se Eu Fechar os Olhos Agora (Globo
– 15 a 30 de Abril de 2019)
Se Eu Fechar os Olhos Agora, minissérie do
autor Ricardo Linhares, baseada no livro de Edney Silvestre, embora a minissérie já tenha sido apresentada
na plataforma do Now , a trama
chamou atenção pelos mistérios do seu roteiro que encanta a cada novo capítulo
e faz o telespectador
vibrar a cada reviravolta apresentada na resolução da morte de Anita (Thainá
Duarte) – e sem querer dar spoiler - o desfecho é genial.
Mesmo sem
popularidade, a minissérie é uma das melhores produções deste ano, e nem o
fato de já ter sido apresentada em
outras plataformas tirou o valor de Se Eu Fechar os Olhos Agora, embora tenha ficado
devendo em audiência.
Outro ponto
forte da trama foi seu elenco
afiadíssimo. Aliás os protagonistas infantis vividos pelos atores Xande Valois (Eduardo) e Gabriel D´aleluia (Paulo Roberto) foram a grande
revelação e destaque da produção. Embora ainda sobre o rótulo de “atores-mirins”, Se Eu Fechar os Olhos Agora mostrou que eles são atores com “A” maiúsculo. Dois astros
que merecem todos os aplausos. Impressionantes o quanto foram irrepreensíveis à
frente dos papéis, com interpretações críveis e seguras.
Mariana Ximenes (a Adalgisa), Débora Falabella (Isabel) e Lidi Lisboa (Irmã Maria Rosa) foram o destaque do
elenco feminino, cada uma com perfis complexos, conseguiram
imprimir o que as personagens pediam e brilharam dramaturgicamente com
interpretações simplesmente viscerais.
A Minissérie apresenteou trabalhos impecáveis dos
veteranos Antônio Fagundes (Ubiratan Duarte), Jonas Bloch (Dom Tadeu), Milton Gonçalves (Paulo Roberto) e Betty Faria (Hanna Rizoreck).
Acho
que o único pecado da trama foi a escalação de Murilo Benício e Gabriel Braga Nunes para os personagens
Adriano e Geraldo. Não prejudicaram em nada o conjunto da obra, mas também não
mostraram nada de novo ou interessante.
O
roteiro envolto nos mistérios da trama revelado e recriado a cada nova
sequência, fez da trama um grande thriller de suspense que atiçou a curiosidade,
ficando impossível imaginar perder o próximo episódio, e transformou Se Eu Fechar os Olhos Agora em uma produção
requintada, enriquecendo as obras globais apresentadas na tv aberta.
Assédio (Globo – 03 de Maio a 12 de Julho de 2019)
A obra escrita
por Maria Camargo e dirigida por Amora Mautner, é
a primeira original da Globo a entrar no seu catálogo de
streaming, a Globloplay.
A
entrada foi triunfal, a minissérie mostou um amadurecimento da teledramaturgia global
que pela primeira vez apresenta uma história polêmica, com o principal
protagonista ainda vivo sem se preocupar com as ramificações que isso pudesse
causar.
O verbo “causar” é digamos o melhor empregado sobre a produção.
Impossível ficar inerte ao assistir as cenas tão grotescas e revoltantes que a
minissérie retrata com tamanha realidade. A direção não poupou em nenhum
momento o telespectador, e talvez por isso não tenha prejudicado o andamento da
história, que pede essa realidade e a falta de pinceladas de imaginação. É tudo bem explícito.
O
elenco recheado de estrelas foi sem dúvidas o principal trunfo de Assédio. Atrizes
totalmente entregues às suas personagens são o diferencial do produto. No primeiro episódio destaque
para a sempre perfeita Adriana Esteves. Ela dar vida a
Stela, que intitula o episódio, e numa interpretação ímpar mostra mais uma vez a grande estrela que é. Impossível não se
emocionar ou sentir a dor da sua personagem ao ver seu grande sonho de ser mãe
ser transformado em uma tragédia sem precedentes.
No
elenco feminino vale destacar ainda as atuações de Paolla Oliveira (Carolina), Jéssica Ellen (Daiane) e Elisa Volpatto, que vive a repórter Mira, responsável pela união das mulheres
na denúncia ao médico, uma cara pouco conhecida da TV aberta. Antes Elisa só
havia feito participação no seriado Doce de Mãe (2012 e 2014).
Mariana Lima, que na trama
interpreta a Senhora Glória Sadala, esposa de Roger, vive uma drama à parte
dentro da minissérie. Além de ter que engolir calada todas as traições e crimes
sexuais do marido, acompanha isso tendo que curar-se de um câncer. A Caracterização e interpretação da atriz nas
várias fases da doença é impressionante, e isso tudo além de protagonizar uma
nudez frontal inesquecível e contextual.
Mas
o dono da minissérie é incontestavelmente Antônio Calloni. Que trabalho
impecável do ator à frente do Roger Sadala, o Doutor Vida. Uma interpretação visceral e sob medida de um
personagem complexo, controverso e com um viés difícil, que poderia facilmente
cair numa caricatura. Mas o Calloni fez com uma propriedade única.
Assédio é uma minissérie
forte, incômoda e sombria, porém muito importante como cunho social e um passo
importante para a teledramaturgia nacional,
uma pena que por diversos fatores que em nada tem a haver com a
qualidade da trama, sua apresentação em Tv aberta tenha ficado aquém do
esperado.
A Globo fez pouquíssima
divulgação dos episódios e talvez essa falta de propaganda tenha prejudicado
seu desempenho, além do excesso de series já consagradas em
temporadas anteriores (Sob Pressão e Carcereiros) apresentadas no mesmo período.
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Minisséries - Balanço 2018 |
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Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
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