Novela idealizada
para combater o fenômeno Pantanal na Manchete
vai completar 30 anos
A Globo pela primeira vez sentia a
pressão de outra emissora contra sua teledramaturgia em 1990, quando Pantanal , do BeneditoRuy Barbosa, na Rede Manchete,
se transformou em fenômeno e começou invadir sua audiência. Na época a trama do
horário nobre era Rainha da Sucata, do Silvio de Abreu, que na verdade não batia de frente com a trama da Manchete, afinal Pantanal ia
ao ar logo depois do término da sucateira, porém a Globo não concebia a ideia de perder telespectador na sua linha de
shows.
Para
tentar recuperar esses telespectadores a Globo escalou uma trinca de ouro – Dias Gomes , Lauro César Muniz e Ferreira Gullar – que
apresentaram a complexa trama de Araponga, protagonizada por Tarcísio Meira. A trama na verdade já estava reservada para
substituir Rainha
da Sucata, mas por causa de Pantanal, a ideia de criar um novo horário de
novelas depois do horário nobre se
tornou a receita infalível para vencer a trama rural da extinta Rede Manchete.
Infelizmente a tática foi em vão. Pantanal que já
estava em seus dois últimos meses de exibição e já consolidada pelo público e
pela crítica, quando Araponga estreou em outubro de 1990, nem
sentiu a diferença, terminou com um dos
fenômenos da teledramaturgia nacional e Araponga virou uma
daquelas tramas esquecidas na história da Globo,
hoje considerada cult e muito desejada
nas reprises do Viva.
Araponga foi
apresentada como um jeito novo de fazer novelas, inclusive tendo sido assim seu
slogan, mas a narrativa inédita, que apesar de ter a sequência de capítulos como o folhetim que
estávamos acostumados até então, tinha um ritmo de seriado. Isso confundiu o
telespectador que acabou não comprando a trama. Em 2015, algo parecido ocorreu
com a trama de A Regra do Jogo, do João Emanuel Carneiro. Também marcada pela rejeição do público, e
coincidentemente afetada também por um fenômeno teledramaturgo de outra
emissora - Os Dez Mandamentos (2015), na RecordTv.
Araponga era o
pseudônimo usado pelos personagens do submundo da espionagem e da
contra-espionagem, termo muito utilizado durante o Regime Militar, na década de
70. O Título da novela era o codinome do protagonista Aristênio Catanduva, vivido pelo Tarcísio Meira,
um atrapalhado agente dos serviços de
informações do regime.
Na
trama, o ardiloso Senador Petrônio Paranhos (Paulo Gracindo) dá uma entrevista à bela
jornalista Magali Santanna (Christiane Torloni), que está apenas interessada em
saber sobre o seu romance com a jovem Arlete (Carla Marins), uma moça ambiciosa
que está disposta a engravidar do velho senador por meio de fertilização in
vitro. Para conseguir esse furo, Magali aceitou entrevistar o político em
um quarto de motel, condição imposta por ele. Porém, o velho tem uma síncope e
morre durante a entrevista.
O detetive Aristênio Catanduva, que vigiava o senador
falecido, investiga o caso. Porém, Araponga conserva as mesmas ideias e hábitos do velho regime. Tanto
que tenta convencer seus superiores da necessidade de reativar o Serviço
Nacional de Informações (SNI), órgão da polícia política.
Araponga começa a teorizar conspirações e
criar elos imaginários entre pessoas e situações. Suas ideias delirantes são
reforçadas pelas mentiras do informante Tuca Maia (Taumaturgo Ferreira), um
malandro que vai trabalhar no mesmo jornal que Magali e tenta engabelar todo
mundo. Ao manter contato com a jornalista Magali, Araponga se apaixona pela moça, o que pode pôr
em risco a sua missão investigativa.
TarcísioMeira defendeu seu Araponga com maestria, voltando ao estilo da comédia que ele estreou em Guerra dos Sexos (1983),
porém os ajustes solicitados pelo Globo
na trama, atingiram diretamente o perfil do personagem, que amenizou o estilo pastelão, dando espaço para
o Tarcísio galã com tórridas cenas com Christiane Torloni e Luisa Brunet.
Ary Fontoura e a saudosa Eloisa Mafalda viveram na trama um inesquecível casal da terceira
idade - General Perácio e Zuleide – que
interpretavam vária fantasias sexuais. Era uma reedição do casal que Dias Gomes criou na novela Bandeira Dois (1971), com os mesmos atores e outros
nomes – Comandante Apolinário e Zulmira.
Luisa
Brunet, se lançou como atriz na trama de
Araponga. Recebeu um enxurradas de críticas negativas por sua Agente Dalila,
mas ganhou a capa das duas trilhas da novela.
Outro alívio cômico da novela era a dobradinha do Tarcisão
com a Zilka Salaberry, a mãe do Araponga que o mimava como uma criança. A dupla
já havia vivido mãe e filho na teledramaturgia, há 20 anos, na trama de Irmãos Coragem (1970), da Janete Clair.
Uma das tramas paralelas de Araponga abordava a
inseminação artificial. O Senador Petrônio Paranhos, vivido pelo saudoso Paulo
Gracindo, e sua amante, Arlete (Carla Marins), planejam ter um filho através da
fertilização in vitro e, para tal, procuram a clínica do Dr. Jansen (Ewerton de
Castro). Magali e seu marido Érico Saldanha (Paulo José), que é estéril, também
apostam na inseminação artificial para realizarem o sonho de serem pais.
Araponga marcou a volta de Darlene Glória a televisão.
Destaque do teatro de revista e do cinema brasileiro na década de 70, na trama
deu vida a empresária Dayse Sheldon, uma mulher misteriosa, de caráter
duvidoso. Darlene havia abandonado os holofotes em seu auge para se dedicar a
vida de evangélica.
A novela marcou a estreia dos atrizes Adriana Lessa,
Ângela Vieira e Dira Paes.
O roteiro feito à “seis mãos”, narrativa de seriado, o que em 1990 era algo
impensado para a nossa teledramaturgia, ainda era domínio absoluto dos
enlatados, e os assuntos ainda não abordados como espionagem e inseminação
artificial, transformaram Araponga em uma trama pouco lembrada e complicada de se acostumar. Assim o público
que ficou órfão de Pantanal, depois que
a novela terminou, quando voltou para a Globo não conseguiu entender e
consequentemente não acompanhou a
novela. A Própria Globo sabia que era uma tentativa, foi frustrada tanto que
depois do término de Araponga a emissora
voltou com sua linha de shows no horário e só voltou apostar em novelas
depois do horário nobre em 2011 com o
remake de O Astro, do Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro.
Ficha
Técnica:
Novela
do autor Dias Gomes
Escrita
Por Dias Gomes, Lauro César Muniz e Ferreira Gullar
Direção
Geral : Cécil Thiré
Elenco:
TARCÍSIO MEIRA – Araponga (Aristênio Catanduva)
CHRISTIANE TORLONI – Magali Santanna
TAUMATURGO FERREIRA – Tuca Maia
PAULO JOSÉ – Érico
LÚCIA VERÍSSIMO – Tamara
FLÁVIO GALVÃO – João Paulo
ARY FONTOURA – General Perácio
ELOÍSA MAFALDA – Zuleide
EDGARD AMORIM – Peracinho
CARLA MARINS – Arlete
ROGÉRIO FRÓES – Gavião (Nilo Paiva)
HELENA BRANDÃO (DARLENE GLÓRIA) – Dayse Sheldon
EWERTON DE CASTRO – Dr. Jansen
MONIQUE LAFOND – Elizabeth
RODRIGO SANTIAGO – Germano
GRACINDO JÚNIOR – Frei Bernardo
EDWIN LUISI – Alves
ELIZABETH GASPER – Marieta
DIRA PAES – Nininha
MARIA ODETE – Tia Coló
ZILKA SALABERRY – Dona Marocas
ÂNGELA VIEIRA – Jurema
MILTON GONÇALVES – Zé das Couves
ANA MARIA NASCIMENTO E SILVA – Celene
JAIME LEIBOVITCH – Mr. Jonathan Palmer
EDUARDO GALVÃO – Felipe
ÍTALO ROSSI – Zaca
HELOÍSA HELENA – Zora
THIAGO JUSTINO – Whitehouse
ROBERTO FROTA – Faisão Dourado
CLÁUDIO CUNHA – Coruja
MARCOS WAIMBERG – Dr. Décio
NANCY GALVÃO – Emília
LUÍSA THIRÉ – Lúcia
LÉA GARCIA – Mundica
SERGINHO – Rigoletto
FERNANDA MUNIZ – Cláudia
JOÃO SIGNORELLI – Escubidú
IVAN SETTA – Preá
CLÁUDIO CURI – Paulino
e
ADRIANA LESSA – Tina McCarlton (funcionária de Zaca)
ALEF DEL AVILA – menino de rua
ANSELMO VASCONCELLOS – Bitola (Severino José dos Santos, policial civil, ao final descobre-se que é o agente Gafanhoto, que envenenou o senador)
BEATRIZ LYRA – Neuza (dona pensão onde morava Pipoca)
BENJAMIM CATTAN – Delegado Pacheco
CARMELA SOARES – jornalista colega de Magali, Tuca Maia e Alves na Tribuna da Cidade
ÉDER SÁ – Delegado Amorim (substitui o delegado Pacheco)
ÊNIO SANTOS – Delegado Ribeiro (investiga o grupo que faz pesquisas com a urinolina)
FERNANDA LOBO – mulher fofoqueira
FERNANDO AMARAL – bispo que conversa com Frei Bernardo sobre comentários das beatas na igreja dele
FERNANDO JOSÉ – médico de Dona Marocas
GILMAR BALTHAZAR – jornalista colega de Magali, Tuca Maia e Alves na Tribuna da Cidade
IVAN MESQUITA – Mão-de-Gato (chaveiro que ajuda Araponga quando ele tem que explodir um cofre)
LILA RANDAM – mulher de Escubidú
LINA FRÓES – esposa do Dr. Ary Chicote, legista que emitiu o falso laudo de morte do senador Paranhos
LUÍSA BRUNET – Dalila (agente designada para proteger Araponga, tem um caso com ele)
MARCELA ALTBERG – Tânia (amiga de Lúcia)
MARCO MIRANDA – Pipoca (cozinheiro do motel onde o senador Paranhos morreu, é assassinado como queima de arquivo)
PAULO CARVALHO – jornalista colega de Magali, Tuca Maia e Alves na Tribuna da Cidade
PAULO GRACINDO – Senador Petrônio Paranhos (marido de Zora, pai de Tamara, amante de Arlete, morre no início)
RENATA FRONZI – apresentadora do programa de TV em que Tuca Maia é obrigado a desmentir o que publicou sobre a urinolina
SOLANGE COUTO – Jesualda
TEREZA BRIGGS – Dinalva (empregada na casa do general Perácio)
TONY TORNADO – coage Tuca Maia a desmentir o que ele publicou sobre a urinolina
CHRISTIANE TORLONI – Magali Santanna
TAUMATURGO FERREIRA – Tuca Maia
PAULO JOSÉ – Érico
LÚCIA VERÍSSIMO – Tamara
FLÁVIO GALVÃO – João Paulo
ARY FONTOURA – General Perácio
ELOÍSA MAFALDA – Zuleide
EDGARD AMORIM – Peracinho
CARLA MARINS – Arlete
ROGÉRIO FRÓES – Gavião (Nilo Paiva)
HELENA BRANDÃO (DARLENE GLÓRIA) – Dayse Sheldon
EWERTON DE CASTRO – Dr. Jansen
MONIQUE LAFOND – Elizabeth
RODRIGO SANTIAGO – Germano
GRACINDO JÚNIOR – Frei Bernardo
EDWIN LUISI – Alves
ELIZABETH GASPER – Marieta
DIRA PAES – Nininha
MARIA ODETE – Tia Coló
ZILKA SALABERRY – Dona Marocas
ÂNGELA VIEIRA – Jurema
MILTON GONÇALVES – Zé das Couves
ANA MARIA NASCIMENTO E SILVA – Celene
JAIME LEIBOVITCH – Mr. Jonathan Palmer
EDUARDO GALVÃO – Felipe
ÍTALO ROSSI – Zaca
HELOÍSA HELENA – Zora
THIAGO JUSTINO – Whitehouse
ROBERTO FROTA – Faisão Dourado
CLÁUDIO CUNHA – Coruja
MARCOS WAIMBERG – Dr. Décio
NANCY GALVÃO – Emília
LUÍSA THIRÉ – Lúcia
LÉA GARCIA – Mundica
SERGINHO – Rigoletto
FERNANDA MUNIZ – Cláudia
JOÃO SIGNORELLI – Escubidú
IVAN SETTA – Preá
CLÁUDIO CURI – Paulino
e
ADRIANA LESSA – Tina McCarlton (funcionária de Zaca)
ALEF DEL AVILA – menino de rua
ANSELMO VASCONCELLOS – Bitola (Severino José dos Santos, policial civil, ao final descobre-se que é o agente Gafanhoto, que envenenou o senador)
BEATRIZ LYRA – Neuza (dona pensão onde morava Pipoca)
BENJAMIM CATTAN – Delegado Pacheco
CARMELA SOARES – jornalista colega de Magali, Tuca Maia e Alves na Tribuna da Cidade
ÉDER SÁ – Delegado Amorim (substitui o delegado Pacheco)
ÊNIO SANTOS – Delegado Ribeiro (investiga o grupo que faz pesquisas com a urinolina)
FERNANDA LOBO – mulher fofoqueira
FERNANDO AMARAL – bispo que conversa com Frei Bernardo sobre comentários das beatas na igreja dele
FERNANDO JOSÉ – médico de Dona Marocas
GILMAR BALTHAZAR – jornalista colega de Magali, Tuca Maia e Alves na Tribuna da Cidade
IVAN MESQUITA – Mão-de-Gato (chaveiro que ajuda Araponga quando ele tem que explodir um cofre)
LILA RANDAM – mulher de Escubidú
LINA FRÓES – esposa do Dr. Ary Chicote, legista que emitiu o falso laudo de morte do senador Paranhos
LUÍSA BRUNET – Dalila (agente designada para proteger Araponga, tem um caso com ele)
MARCELA ALTBERG – Tânia (amiga de Lúcia)
MARCO MIRANDA – Pipoca (cozinheiro do motel onde o senador Paranhos morreu, é assassinado como queima de arquivo)
PAULO CARVALHO – jornalista colega de Magali, Tuca Maia e Alves na Tribuna da Cidade
PAULO GRACINDO – Senador Petrônio Paranhos (marido de Zora, pai de Tamara, amante de Arlete, morre no início)
RENATA FRONZI – apresentadora do programa de TV em que Tuca Maia é obrigado a desmentir o que publicou sobre a urinolina
SOLANGE COUTO – Jesualda
TEREZA BRIGGS – Dinalva (empregada na casa do general Perácio)
TONY TORNADO – coage Tuca Maia a desmentir o que ele publicou sobre a urinolina
Exibição : 15 de Outubro de 1990 à 29 de Março de 1991
Capítulos: 113
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Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Pesquisa: www.memoriaglobo.com.br www.wikipedia.com.br
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