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Uma nova visão sobre “Novo Mundo”


        A Reprise em versão especial de Novo Mundo terminou nesta sexta-feira (28.08)  e mesmo tendo sido a única reprise  da grade atual  da Globo a não alcançar  o sucesso da exibição original,  a trama tem suas qualidades,  até por que não foi à toa que ela é  considerada uma das  melhores  novelas  das seis dos anos 2010.
        Novo Mundo foi a estreia dos autores como titulares Alessandro Marson e Thereza Falcão, que conseguiram fazer  uma novela atraente, consistente e que prendeu o telespectador do início ao fim com sobressaltos a cada novo capítulo que tiraram  o fôlego. Isso tudo tendo como base uma história datada, já que a vinda da família real portuguesa ao país e  a independência do Brasil está em nossa memória desde os livros de história  das escolas e em outras produções que exploraram o tema como O Quintos  dos Infernos (2002) na Globo e Marquesa de Santos (1984)  na extinta Rede Manchete. O Grande diferencial de Novo Mundo  foi o fato dos autores não terem se prendido ao didatismo do tema, humanizaram  personagens   reais, Pedro (Caio Castro) e Leopoldina  (Letícia Collin) por exemplo ,    que  foram construídos de forma tão forte e segura por seus intérpretes que independente da história da trama se destacaram e  tocaram o telespectador.







         Uma das primeiras  a nos ganhar foi a Leopoldina, vivida pela Letícia Collin. Logo nos primeiros capítulos a Princesa,  rotulada nos livros de história do Brasil apenas como uma parideira, foi pincelada com traços mais interessantes  que somados ao  trabalho impecável da Letícia,  deram uma outra ótica a sua trajetória.
         Caio Castro foi outra grande surpresa. Embora sempre recheado de críticas ao seu trabalho,   mostrou em Novo Mundo,  na pele do Dom Pedro I,  um grande amadurecimento profissional  e acenou com o personagem um futuro promissor no posto dos grandes  atores da sua geração.

        A Dupla Germana e Licurgo, vividos pela  Viviane Pasmanter e Guilherme Piva é outro exemplo da força do carisma junto ao público. Viviane Pasmanter  abriu mão de toda vaidade,  e fora de sua zona de conforto, apresentou um dos seus melhores personagens na Tv . Já  o Guilherme Piva sempre reservado à personagens coadjuvantes sem muito destaque, foi alçado a outro patamar em Novo Mundo. Cogitou-se na época criar um seriado a parte tendo a dupla como  protagonistas, provando o sucesso dos personagens. Uma pena que não rolou.


         Mas quem fez de Novo Mundo seu palco foi a Ingrid Guimarães na pele da Elvira, que como  o próprio texto da personagem diz , fez de tudo nesta trama. Elvira Matamouros grande atriz, deu um novo status a sua carreira , que saiu de vez do hall das atrizes humoristas para ser simplesmente um pura Atriz, com A maiúsculo.  O Carisma da personagem e talento da Ingrid salvaram Elvira até da morte que estava prevista  na sinopse por volta do capítulo 80. Ela morreu, mas voltou com ainda mais vida. Assim Matamouros, grande atriz, amante, escrava, pirata, prisioneira, cartomante, quase-imperatriz  ... entrou para a história do Brasil.


        Os protagonistas  não fizeram feio, Isabelle Drumond e Chay Suede  na pele de Anna e Joaquim, mas a história da família portuguesa e as tramas paralelas  foram tomando contornos tão fortes, que  o casal de mocinho não chegou  a ter grandes momentos  e fizeram apenas  o feijão com arroz.



         Novo Mundo foi muito além do que uma trama que contou a  história da construção do nosso Brasil, foi muito mais do que uma história de amor, e muito mais do que uma novela de aventura. Além de tudo isso,  tem uma  trama tão bem escrita que  pegou  o telespectador  com  seus saltos e reviravoltas  estratégicos em seus entrechos que não cansaram o público, e mesmo tendo uma história datada, com a  vinda da família real portuguesa ao Brasil até a independência deste, as histórias paralelas da trama tomaram vida própria e ao contrário do que ocorre com tramas deste tipo, onde já conhecemos os desfechos, somos surpreendidos por acontecimentos inéditos que só abrilhantaram o folhetim. O Caso da história de amor entre Dom Pedro I (Caio Castro)/Leopoldina (Letícia Collin) e Domitilla (Ágatha Moreira) ou a trama do núcleo dos índios e os já inesquecíveis Piatã e Jacyra, vividos pelo Rodrigo Simas e  Giullia Buscácio.


        Essa reprise ainda  foi apresentada sobre o foco do empoderamento feminino , a Globo usou desta estratégia para cativar o público, dando ênfase na força das personagens  Ana, Leopoldina e Diara, vividas respectivamente pela Isabelle Drummond, Letícia Colin e Sheron Menezes.
        Com uma mensagem de otimismo, tendo o desmatamento da Amazônia como foco, visionado por Piatã  neste último capítulo,  Novo Mundo  termina marcada por uma  trajetória regular e, por ser uma trama atemporal, merece uma nova reprise para ser justiçada junto ao público.

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Texto : Evaldiano  de Sousa

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