Estou até nervoso para fazer o post
deste mês – Falar da vida e carreira da Bete
Mendes é uma responsabilidade
grande. Uma das maiores atrizes do Brasil e acima de tudo uma cidadã que sempre
soube milimetricamente seu lugar no mundo
diante do cenário político de cada época.
Filha do suboficial da Aeronáutica Osmar Pires de Oliveira e de Maria Mendes de Oliveira, estreou no
mundo das artes em 1966 no série Águias de Ouro, exibida pelo Rede Tupi. Impedida de ser formar em Sociologia pela USP, pelo Decreto-Lei 477, então vigente, quando o
governo a considerou uma engajada de externa direita pela Vanguarda Armada Revolucionária,
se formou apenas anos depois em artes
cênicas.
Conhecida por sua luta em militâncias
políticas desde a adolescência foi presa pela primeira fez em 1970, pelo DOI-CODI (Departamento de Operações
Internas – Centro de Operações de Defesa Interna), órfão registrado durante o
serviço militar. Entre setembro e outubro do mesmo ano foi presa novamente,
ocasião em que , segundo afirma, foi torturada , o que ficou conhecido como
o Caso
Brilhante Ustra. Depois dos meses
presas foi inocentada.
Participou ativamente de diversos
movimentos sociais e sindicais, como a campanha pela regulamentação profissional de artistas e técnicos em
espetáculos (em 1978), o apoio às greves dos Metalúrgicos do ABC Paulista e o
movimento pela Anistia.
Mesmo com uma carreira artista, voltada
quase que 90% para a televisão, Bete
Mendes também teve uma relevante atuação na política. Foi uma das
fundadoras do Partido dos Trabalhadores,
pelo qual se elegeu deputada federal pela primeira vez, na legislatura
1983-1987. Na câmara dos Deputados foi a terceira suplente do secretário da
mesa diretora. Foi titular na comissão de Transportes e suplente em vários
outras. Elegeu-se novamente pelo PMDB,
para a legislatura de 1987-1991, tendo participado da constituinte de 1987.
Votou no Tancredo Neves, foi
secretária Estadual de Cultura de São
Paulo, no período de 15 de março a 21 de dezembro de 1988, presidiu a Fundação de Artes do Estado do Rio de
Janeiro – Funarj, em 1999,
durante o governo Anthony Garotinho.
Mesmo rompida com o PT, declarou publicamente seu apoio as candidaturas presidenciais
do Luís Inácio Lula da Silva,
inclusive a última, em 2006, quando muitos artistas retiraram seu apoio a ele,
após o desgaste que o partido sofrera
com o escândalo do mensalão.
Bete
Mendes tem seu nome escrito em uma das estrelas da calçada da fama
criada em frente ao Cine Roxy, no bairro Gonzaga, na cidade de Santos, sua terra natal,
ao lado de astros como Pelé e o compositor Gilberto Mendes.
Seu talento para atuar sem dúvidas é uma
das suas características mais marcantes. Na Tv teve momentos marcantes em
tramas como Beto
Rockfeller (1968), O Rebu (1974), Sinhazinha Flô (1977), Tieta (1989), Quatro por Quatro (1994), Caras e Bocas (2009) entre outros.
No teatro, Bete teve apenas 1 incursão,
em 1968 na montagem de A Cozinha. Na sétima arte, estreou em 1974 no
longa A
Delícia da Vida e integrou o elenco de outros como Eles não Usam Black-tie (1981); A Cobra Fumou (2002),
Vestido de
Noiva (2004) entre outros.
Mas foi na Tv mesmo que Bete se
consagrou como grande atriz da sua geração e , são essas personagens que vamos
relembrar no post de hoje ao mesmo tempo
homenageando essa carreira irrepreensível
da Senhora Atriz Bete Mendes.
Renata de Beto Rockfeller (1968)
Bete
Mendes era praticamente uma estreante na tv quando recebeu nas mãos a protagonista de Beto Rockfeller, a novela divisor de
águas do gênero, do autor BráulioPedroso, com Luiz Gustavo como protagonista masculino. Na trama, ela viveu a dondoca falida Renata, que
inicialmente não suportava Beto, mas no decorrer da trama é a única que se
apaixona verdadeiramente por ele, quando vai descobrindo a essência real do personagem.
Angélica de Simplesmente Maria (1970)
Ainda na Tupi, Bete Mendes deu
vida a personagem Angélica na trama de Simplesmente Maria, do autor Benjamin Cattan, baseado na obra original da Célia Alcântara. Porém a atriz não pode continuar com a personagem, no decorrer da
trama, por motivos de saúde, teve que se
ausentar e, Anamaria Dias assumiu a
personagem a partir de então.
Silvia Mahler de O Rebu (1974)
Em 1974, Bete Mendes foi uma das protagonistas da inovadora O Rebu,
trama do autor Bráulio Pedroso, que
tinha sua história contada inteira em apenas 2 dias. Era o corpo de Bete, como
Silvia Mahler que aparecia boiando na piscina nas primeiras cenas da
novela. O Telespectador sabia que houve
um crime durante. Todos viam um corpo boiando na piscina da casa, mas ninguém
sabia de qual personagem se tratava, nem quem matou e muito menos o motivo.
Lia Di Lorenzo de Bravo! (1975)
Outra personagem marcante da Bete foi a
Lia di Lorenzo de Bravo! , novela da autora Janete Clair. Lia é bonita e voluntariosa. Herdou do pai, o maestro
Clóvis di Lonrenzo (Carlos Alberto), o
gosto pelas artes, faz balé por vocação. Alegre, vive de forma intensa suas
paixões sempre fulminantes.
Sinhazinha Flô de Sinhazinha Flô (1977)
Em 1977, Bete Mendes viveu a personagem título de Sinhazinha Flô, novela do autor e
ator Lafayette Galvão, que uniu três
obras de José de Alencar em sua
espinha dorsal – Til, A Viuvinha e O Sertanejo. A personagem era filha adotiva do Capitão
Gervásio Campelo, vivido pelo ator Castro
Gonzaga, que tinha o objetivo de descobrir sua verdadeira origem. Rebela-se
contra os padrões sociais vigentes, integrando o movimento de emancipação da
mulher, lutando contra um casamento de conveniências imposto pelos pais.
Aída de Tieta (1989)
Em 1989, Bete Mendes foi a bondosa e submissa Aída, a esposa de Modesto
Pires (Armando Bógus), da trama de Tieta, do autor Aguinaldo Silva. Muito religiosa, inicialmente Aída fazia vista
grossa para as traições do marido e chegou até ficar amiga de Carol, a teúda e
manteúda dele, vivida pela Luíza Tomé.
Mas o decorrer da novela provou que a
personagem era bem mais esperta do que parecia.
Carmem de Anos Rebeldes (1992)
Militante de esquerda, Bete Mendes reviveu os anos de chumbo na minissérie Anos Rebeldes,
do autor Gilberto Braga, quando deu
vida a Carmem, mãe da alienada Maria Lúcia, a protagonista da minissérie vivida
pela Malu Mader.
Carmem de O Mapa da Mina (1993)
Em O Mapa da Mina, do Cassiano Gabus Mendes, Bete
Mendes viveu novamente uma Carmem, desta vez com a tia de Rodrigo, o
protagonista da novela, vivido pelo ator CássioGabus Mendes .
Fátima de Quatro por Quatro (1994)
Bete
Mendes nasceu com vocação mesmo para interpretar mães
inesquecíveis na tv - Em Quatro por Quatro,
do Carlos Lombardi, ela foi a Dona
Fátima, a mãe da tresloucada Babalu, vivida pela Letícia Spiller.
Donana de O Rei do Gado (1996)
Numa composição impecável, em 1996 Bete Mendes emocionou nosso horário
nobre com a simplória Donana, a esposa do Zé do Araguaia (Stênio Garcia), morador da fazenda de Bruno Mezenga
(Antônio Fagundes), em O Rei do Gado,
trama do autor Benedito Ruy Barbosa. A Personagem era uma mulher feliz, mas que
guardava um vontade incontrolável de ser mãe. Não consegue engravidar e num
gesto de grandeza, aceito o filho do marido com outra mulher, e o cria como se
fosse seu também. A Química entre Bete e Stênio Garcia foi um ponto forte para a
grande aceitação do público, que se emocionava com as mais simples cenas
protagonizadas por eles.
Ana Joaquina de A Casa das Sete Mulheres (2003)
Na clássica minissérie A Casa das Sete
Mulheres, da Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão, baseada
no romance homônimo de Letícia
Wierzchowski, Bete Mendes deu vida a uma das sete mulheres do título. Ela
foi a bondosa Ana Joaquina, irmã
mais velha de Bento Gonçalves
(Werner Schurmernann), e é ela quem acolhe a cunhada e as sobrinhas quando a
guerra explode com destaque para a
Revolução Farroupilha no sul do país.
Piedade de Caras e Bocas (2009)
Em Caras e Bocas (2009),
do Walcyr Carrasco, Bete Mendes viveu a bondosa Piedade, irmã de Socorro, a
personagem da Elizabeth Savalla.
Enquanto Socorro é explosiva e briguenta, Piedade é doce e ajuda a equilibrar
as confusões da casa. No decorrer da trama Piedade engata um romance com
Jacques (Ary Fontoura), sem saber que ele na verdade é o avô de Dáfne (Flávia
Alessandra), milionário que havia sido dado como morto. Jacques se apresentara
a Piedade como um homem simples sem requinte ou dinheiro, e foi exatamente essa
condição que encantou Piedade. Quando
descobre a farsa, ela claro, se sente enganada,
e despreza o amor real de Jacques. A Relação do casal da “melhor idade”
foi um dos destaques da trama.
Olívia de Flor do Caribe (2013)
Em Flor do Caribe, do autor Walther Negrão, que está de volta ao horário das seis depois de Novo Mundo,
ainda este mês de agosto, Bete foi a Olívia, uma mulher de fibra e tranquila,
mãe do Cassiano, um dos protagonistas vividos pelo Henri Castelli.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Pesquisa: www.memoriaglobo.com.br
www.wikipedia.com.br
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