Novo Mundo fechou
sua apresentação nesta segunda-feira (25.09) coroada como um dos melhores
trabalhos apresentados pela Globo este ano. Todos os aplausos para
os estreantes como titulares Alessandro
Marson e Thereza Falcão, que conseguiram fazer uma novela atraente, consistente e que
prendeu o telespectador do início ao fim com sobressaltos a cada novo capítulo
que tiraram o fôlego. Isso tudo tendo
como base uma história datada, já que a vinda da família real portuguesa ao
país e a independência do Brasil está em
nossa memória desde os livros de história
das escolas e em outras produções que exploraram o tema como O Quintos Infernos (2002) na Globo e Marquesa de Santos (1984) na extinta Rede Manchete.
O Grande diferencial de Novo
Mundo foi o fato dos autores não
terem se prendido ao didatismo do tema, e com a humanização dos personagens
reais, Pedro (Caio Castro) e Leopoldina
(Letícia Collin) por exemplo , somada as tramas de Anna (Isabelle Drumond) e Joaquim (Chay Suede)
, o
humor na dose certa e show clichês, a trama estourou ganhando a empatia do público
a cada novo capítulo.
Mesmo depois de divulgada a pesquisa que a Globo encomendou que revelou que o
brasileiro sabia pouco sobre a história
do Brasil e confundia Dom Pedro I com
Pedro
Alvares Cabral, que descobriu o Brasil, a linha sem didatismo direto foi
mantida, e mesmo assim quem talvez não
soubesse nada sobre a história do Brasil, aprendeu da melhor maneira com os
entrechos da novela.
As tramas paralelas também foram cruciais para o bom
desenrolar da novela. O núcleo indígena onde brilharam Piatã e Jacira, os
personagens do Rodrigo Simas e Giullia
Buscácio, que em muitos momentos foi usado para mostrar através luta das
mulheres por seu lugar no mundo. Novo Mundo também levantou essa
bandeira, mesmo há 200 anos, como também
foram às personagens Leopoldina da Letícia Collin, e Anna da Isabelle Drumond, que embora no início
da trama tenha se mostrado uma mocinha apática , à espera dos
acontecimentos, ganhou força do meio
para o fim.
Novo Mundo foi
recheada de bons personagens, que
foram construídos de forma tão forte e
segura por seus intérpretes que independente da história da trama se destacaram
e tocaram o telespectador.
Uma das
primeiras a nos ganhar foi a Leopoldina, vivida pela Letícia
Collin. Logo nos primeiros capítulos a Princesa, rotulada nos livros
de história do Brasil apenas como uma parideira, foi pincelada com traços mais
humanos que somados ao trabalho impecável da Letícia, deram uma
outra ótica a sua trajetória.
Caio
Castro foi outra grande surpresa. Embora sempre recheado de críticas ao seu trabalho, mostrou em Novo Mundo, na pele do Dom Pedro I, um grande
amadurecimento profissional e acena com o personagem um futuro promissor
no posto dos grandes atores da sua geração.
A
Dupla Germana e Ligurgo, vividos pela Viviane Pasmanter e Guilherme Piva é outro exemplo da força do carisma junto ao público. Viviane
Pasmanter abriu
mão de toda vaidade, e fora de sua zona de conforto, apresentou um dos
seus melhores personagens na Tv . Já o Guilherme Piva sempre reservado à personagens coadjuvantes sem muito
destaque, foi alçado a outro patamar em Novo Mundo. A Globo
já deve está pensando em um seriado com a dupla, certo? Espero!
Mas
quem fez de Novo Mundo seu palco foi a Ingrid Guimarães na pele da Elvira, que como o próprio texto da personagem diz , fez de
tudo nesta trama. Elvira Matamouros grande atriz, deu um novo status a carreira
da Ingrid Guimães, que sai de vez do
hall das atrizes humoristas para ser simplesmente um pura Atriz, com A maísculo. O Carisma da personagem e talento da Ingrid
salvaram Elvira até da morte que estava prevista na sinopse por volta do capítulo 80. Ela
morreu, mas voltou com ainda mais vida. Assim Matamouros, grande atriz, amante,
escrava, pirata, prisioneira, cartomante, quase-imperatriz ... entrou para a história do Brasil.
Os
protagonistas não fizeram feio, Isabelle Drumond e Chay Suede na pele de Anna e Joaquim, mas a história da
família portuguesa e as tramas paralelas da trama foram tomando contornos tão
fortes, que o casal de mocinho não chegou a ter grandes momentos e fizeram apenas o feijão com arroz.
Novo Mundo foi uma trama a qual não me apeguei de
cara, não gostava do entrecho dos protagonistas, na falta de força teledramaturga do Joaquim do Shay
Suede e a
mocinha conformada Anna, vivida pela Isabelle Drumond, porém ao mesmo tempo fui tomado de paixão pelos personagens
Dom Pedro I, Princesa Leopoldina e cia,
as cenas de ação impecáveis desde o primeiro capítulo e o núcleo de humor primordial para esse sucesso.
Com uma mensagem de otimismo, tendo o desmatamento da Amazônia
como foco, visionado por Piatã neste
último capítulo, e brincando com seus próprios clichês, Novo Mundo termina marcada por uma trajetória espetacular como trama atemporal e
entra para o hall das melhores dos anos 2000.
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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