O SBT
– Sistema Brasileiro de Televisão, mas conhecido com a emissora do Silvio Santos completou 36 anos no
último dia 19 de agosto.
A Emissora da família brasileira mesmo sem muitas pretensões, conseguiu seu lugar
cativo no nosso lar, afinal de contas como terminar um final de semana sem ver
os programas de auditório com o Silvio
Santos ? Se não der uma olhadinha parece que o domingo não acabou!
O e10blogsegue a linha de teledramaturgia e para homenagear esses 36 anos do SBT não vai ser diferente. As novelas,
principalmente as produções brasileiras, nunca foram o seu forte, mas mesmo assim no decorrer desses anos
apresentou vez ou outra tramas que até chamaram atenção do público, e que mesmo sem a repercussão de uma novela
global, estão lá em nossa memória afetiva.
No post de hoje vou relembrar algumas
dessas novelas através de suas aberturas.
Aberturas de novelas brasileiras do SBT
A Força do Amor (1982)
Tema de Abertura: “A
Força do Amor” – Adriano
Segunda experiência do SBT em novelas, que a exemplo de Destino (1981), seguia a mesma linha de textos importados,
apenas traduzidos, com tramas unificadas e poucos capítulos. A novela foi
protagonizada pela atriz Suzy Camacho, um dos grandes nomes da Rede Tupi que protagonizou outras novelas no SBT depois da falência da
emissora que a formou, e Paulo Castelli.
Cortina de Vidro (1989)
Tema de Abertura: “Prazer
sem Fim” – Jane Duboc
Cortina de Vidro era
uma produção independente da produtora Mikson,
do Guga de Oliveira (irmão do Boni, então diretor da Globo).
A Cortina de Vidro do título se
referia ao edifício Dacon, em São
Paulo, nas esquinas das Avenidas Faria Lima e Cidade Jardim, que era uma das
principais locações da novela, até a catástrofe idealizada pelo autor Walcyr Carrasco e mudar o polo da
trama.
No elenco de Cortina de Vidro, grandes
nomes globais recentemente saídos de tramas
da emissoras como Claudio Curi, Aldine Muller e Georte Otto,
que estavam em OSalvador da Pátria (1989), e Antônio
Abujamra e John Herbert, recém saídos de Que Rei Sou Eu?(1989).
Um dos momentos mais fortes e polêmicos
de Cortina de Vidro sem dúvidas foi
o ousado estupro que Amon Balakian, o
personagem do saudoso Antônio Abujamra,
comete contra a própria filha, Michele (Carla de Oliveira).
Brasileiros e Brasileiras (1990)
Tema de Abertura: “Disputa de Poder”
O
SBT começa a década de 90 com Brasileiros e
Brasileiras, trama do autor Carlos
Alberto Sofredini e Walter Avancini. A novela tinha uma proposta centrada
na camada pobre da sociedade pincelando as cenas com uma estrutura realista
tendo um ringue de luta livre de mulheres como pano de fundo.
Infelizmente a proposta não foi bem
aceita pelo público, e nem pelo anunciantes,
que fugiram da trama como o diabo
da cruz. Claro que as várias mudanças de horário de apresentação contribuíram
para esse desastre também. Para tentar salvar a trama o autor tirou o foco da
história da massa pobre da novela e centrou no núcleo dos milionários, os
personagens da Lucélia Santos e Rubens
de Falco e seus dramas familiares.
O título da trama aludia
ao bordão do ex-presidente José Sarney,
que sempre iniciava seus discursos com “Brasileiras e brasileiros…”.
Primeira novela de Isadora Ribeiro, conhecida na época apenas como a modelo das
aberturas de Tieta e do Fantástico.
Éramos Seis (1994)
Tema de Abertura: “Valsinha” – Chico Buarque e
Vinícius de Moraes
Éramos Seis foi o primeiro grande sucesso da teledramaturgia do SBT. A novela é uma adaptação do romance de Maria José Dupré que já tinha sido
adaptado e levado ao ar pela Rede Tupi em 1977.
A Adaptação para o SBT , do Silvio de Abreu e
Rubens Edwald Filho foi um dos melhores momentos da teledramaturgia na
década de 90 e deu picos de audiência de
20 pontos batendo direto com a Globo.
Éramos Seis marcou a volta de Irene Ravache às novelas,
que viveu um dos seus melhores momentos na tv como a protagonista
sofrida Lola. A Atriz estava afastada da Tv
desde Sassaricando (1988).
A
novela apresentava um novidade ao final de cada capítulo. Ao invés de exibir as cenas do próximo, era apresentado
um diálogo de algum personagem da trama com o telespectador. Ele olhava
diretamente para a câmera e falava de seus problemas na história. Assim, por exemplo, Dona Lola falava do
marido, dos filhos, da vida dura, coisas como “eu poderia não me preocupar, mas eu me
preocupo. É minha filha… E agora se envolveu com esse tal Felício… Eu só espero
que não aconteça o que eu mais temo, que é ver a minha filha, a minha Isabel,
sofrendo”. Criando uma empatia e
intimidade do público com o personagem.
As Pupilas do Senhor Reitor
(1994)
Tema de Abertura: “Canção do Mar” – Dulce Pontes
Remake da novela que o Lauro César Muniz escreveu para a Tv Record em 1970. Juca de Oliveira foi o grande destaque da produção na pele do
Senhor Reitor, que na versão original foi defendido pelo Dionísio Azevedo.
Caprichada produção de época, que não
alcançou o destaque de Éramos Seis, mais também foi marcada por um
relevante sucesso.
No elenco destaque para Cláudio Fontana, ótimo vivendo o Manoel
do Alpendre, que como prêmio ganhou a cena que finalizou a novela.
Razão de Viver (1996)
Tema de Abertura: “Redescobrir” - Elis Regina
Razão de Viver foi
aquele tipo de novela que se veiculada
pela Rede Globo teria sido um grande
novelão bem ao estilo dos escritos pelo GilbertoBraga. Protagonizada por duas estrelas do alto escalão da teledramaturgia
se dividindo entre o bem e o mal, Joana Fomm
e Irene Ravache. A Novela era irresistível.
A
novela dos autores Zeno Wilde e
Analy A. Pinto é uma releitura
de Meus Filhos,
Minha Vida, dos autores Ismael Fernandes, Henrique Lobo e Crayton Sarzi,
apresentada pelo próprio SBT em
1984.
O
Tema de abertura da novela “Redescobrir”
na voz da Elis Regina, foi tema de
abertura do remake de “Ciranda de Pedra”
produzindo pela Globo em 2008.
Dona Anja (1996)
Tema de Abertura: “Não Existe Pecado ao Sul do Equador” – Ney Matogrosso
No final de 1996, o SBT apresentou a trama de Dona Anja, com Lucélia Santos esbanjando toda a sua sensualidade numa personagem
sob medida. A novela dos autores Yoya Wursch e Cristianne Fridman baseada na obra de Josué Guimarães, destacou-se
na trama o tratamento dado aos relacionamentos amorosos. Todos mantinham na
aparência uma certa seriedade e, no entanto, eram traídos e traíam sem qualquer
pudor.
A Lei do divórcio, discussões sobre sexo, agressão
física, corrupção, drogas, ditadura e sequestros políticos foram alguns dos
assuntos abordados na trama.
Ney Matogrosso regravou especialmente a
música de abertura da novela, o que a diferenciou do arranjo utilizado para a
abertura da novela Pecado Rasgado, apresentada na Globo em 1978. A nova versão do tema era cantada em tom de
mambo e tinha o verso “Vamos fazer um pecado safado debaixo do meu
cobertor” – que não aparecia na versão de 1978, já que este verso havia
sido cortado pela censura da época.
Chiquititas (1997 – 2001)
Tema de Abertura: “Remexe”
(1997-1998), “Mexe Lá” (1998), “Mexe
Já” (1999), “Me Dá Um CH’ (1999), “Sempre
Chiquititas” (2000)
Em 1997,
começava no SBT a febre das Chiquititas, novela brasileira produzida tendo como base a versão
original argentina criada por Cris
Morena, esposa do dono da Televisa.
A versão
brasileira se transformou em um dos grandes sucessos da teledramaturgia
infantil e ficou no ar por 4 anos, com 5 temporadas totalizando um total de 807
capítulos.
A novela
era totalmente gravada em Buenos Aires mas com atores brasileiros. Aretha Oliveira (Pata) e Piérre Bittencourt (Mosca) foram os únicos atores que viveram as
crianças órfãos que ficaram do início ao fim da trama. Flávia Monteiro, a diretora
Carolina, também participou integralmente das 5 temporadas. No decorrer da
novela a personagem teve quatro pares românticos.
Vários nomes do elenco foram contratados pela Globo após a novela e alguns se transformaram em grandes astros e
estrelas da casa e do cenário da
teledramaturgia brasileira: Fernanda Souza, Carla Diaz, DéboraFalabella, Stefany Brito, Kayky Brito, Jonatas Faro, Paulo Nigro, Giselle
Frade, Bruno Gagliasso, e outros.
Muitas
criança sonhavam em participar da trama e os concursos de audição para
renovação do elenco movimentou milhares de candidatos nos quatro cantos do
Brasil.
Em
2013, o SBT comprou novamente os
direitos de Chiquititas e produziu um nova versão da novela, protagonizada
por Manuela Dumonte como Carolina e Giovanna Grigio, a Milli, que inclusive
está sendo reprisada atualmente pela emissora.
Uma Rosa com Amor
(2010)
Tema de Abertura:
“Pretty Woman” – Roy Orbinson
Depois de emplacar sucesso na RecordTv, Tiago Santiago se muda para o
SBT e apresenta a segunda versão de um dos grandes sucesso do Vicente Sesso, a trama de Uma Rosa com Amor,
apresentada na Globo em 1970, com MaríliaPêra e Paulo Goulart como protagonistas.
A versão do Sbt trazia Carla Marins e
Cláudio Lins como os novos Serafina e Claude. O Casal de atores já haviam
vivido par romântico em 1995 na trama de História de Amor, do Manoel Carlos na Globo.
Vicente
Sesso criticou duramente a versão do Tiago
Santiago que fez drásticas mudanças
no enredo comparada à original.
Houveram muitas especulações sobre a
escalação do elenco, hora pelo erro da
escolha dos atores ou pela fraco desempenho de outros, mas o destaque ficou por
conta mesmo de Betty Faria e Edney
Giovenazzi que emocionaram e deram
um show em cena na pele da Amália e Giovanni, os pais da protagonista.
A novela teve um fraco desempenho na
audiência que fez com que Silvio Santos
a encurtasse em 38 capítulos. Curiosamente depois do encurtamento já
providenciado, a novela começou a subir na audiência, e claro que o Silvio Santos voltou atrás, mas já era
tarde. Os cenários já haviam sido desmontados e boa parte do elenco os contratos rescindidos.
Amor e Revolução (2011)
Tema de Abertura: “Roda – Viva” – MPB4
No ano seguinte Tiago Santiago lançou sua segunda novela no SBT tendo os anos de chumbo da ditadura militar como pano de fundo
de uma bela história de amor.
A Década retratada na trama deu ao autor
a chance de discutir sobre as mudanças
comportamentais da década de 60, como a liberação da mulher após pílula, o
feminismo, o movimento hippe, a cena teatral e musical, as transformações
provocadas pela moda entre outras revoluções da década.
Ao longo da novela os principais fatos históricos e
imagens que marcaram o período repressor da ditadura foram mencionados como
pano de fundo da trama. Depoimentos de personagens reais que sofreram
perseguições e torturas durante o regime ditatorial eram exibidos ao final de
cada capítulo. José Dirceu, Waldir Pires, Rose
Nogueira, Denise Santana Fon, Antonio Carlos Fon, Maria Amélia Almeida Teles,
Carlos Eugênio Paz, Luiz Carlos Prestes Filho, Ana Bursztyn, entre outros, gravaram relatos nos quais falaram
abertamente sobre esta obscura época da história do Brasil.
Também com
uma audiência que deixou a desejar, Amor e Revolução ficou marcada pelo primeiro beijo lésbico da teledramaturgia nacional, apresentado no capítulo de 12/05/2011 entre as
atrizes Luciana Vendramini e Gisele
Tigre que viviam as personagens Marcela e Marina na trama. Porém na mesma
trama o autor não pode mostrar aquele que seria o primeiro beijo gay entre dois
homens. A Cena foi gravada com os personagens Joevá e Chico, vividos pelo Lui Mendes e Carlos Artur Thiré, mas a
emissora informou que a cena não poderia ser veiculada devida a grande rejeição
do público apurada em uma pesquisa encomendada pelo próprio SBT.
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Pesquisa: www.wikipédia.com.br
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