Os Dias Eram Assim, a primeira supersérie da Globo,   conseguiu chegar ao seu último capítulo nesta
segunda-feira (18.09) marcada pela falta de fôlego e agilidade que deram a
trama o rótulo de a mais chata e cansativa já apresentada no horário. 
        Quando escrevi sobre a estreia usei a expressão “Ainda Impactado” sobre o  primeiro capítulo dando ênfase na bela e e nostálgica
trilha sonora e Sophie Charlotte como
a contestadora Alice.  Infelizmente o
impacto logo foi transformando em decepção. A trilha até seguiu uma boa
trajetória, mas a Alice foi transformada em uma protagonista chorona, fraca e
chata o que contrapôs totalmente com seu perfil inicial. 
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        O fato é que Os Dias Eram Assim “flopou” ,  expressão usada na internet para  designar programas e produções que não caem no
gosto do público, e a trama das autoras Ângela
Chaves e Alessandra Poggi  mesmo
tendo uma boa audiência, principalmente às quintas-feiras, impulsionada
pela  A Força do Querer, fecha como a
produção mais fraca , no sentido de audiência do horário das onze. 
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        Acho que o grande erro de Os Dias Eram Assim foi a demora de alguns acontecimentos que eram
cruciais para o desenrolar da história. A primeira semana da supersérie  por exemplo,  poderia ter sido facilmente condensada em uma
capítulo apenas. As autoras usaram duas semanas para apresentar o encontro da
Alice com Renato (Renato Góes), sua fuga para o Chile e a prisão do Gustavo
(Gabriel Leone), fatos que dariam o desenrolar da trama nas fases seguintes.
Foi tempo demais. Isso sem falar no desperdício que foi o entrecho do
reencontro entre Alice e Renato, quando ela ainda pensava que seu grande amor
estava morto, faltaram os ganchos tão importantes para dar aquele gostinho de
quero mais ao telespectador. 
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        Tramas que poderiam render  como o
abandono dos filhos pela Monique (Letícia Spiller),  o caso da Cora (Susana Vieira) com o delegado Amaral (Marco Ricca)
ou  a relação homossexual do Leon
(Maurício Destri)  e Rudá (Konstantinos
Sarris)  acabaram perdendo a força depois
de desenroladas. Cora e Amaral  vivem num jogo de gato e rato irritante,
sem falar que não dar para engolir uma mulher do nível e perfil da Cora se
deixar humilhar pelo Amaral. Já a  volta da Monique  que prometia
reviravoltas  na família do Toni (Marcos Palmeira), se resumiu apenas ao fato de aceitar ou não de volta a mãe
de seus filhos que está passando por necessidades financeiras.
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        Os protagonistas da trama  infelizmente não tiveram empatia junto ao
público, mas em contrapartida outros atores 
fizeram da trama seu palco e brilharam como sempre , o caso do Cássia Kiss, Marco Ricca, José de Abreu e Natália do Valle que há tempos estava precisando de uma personagem
a sua altura em novelas. No elenco jovem nomes como Julia Dalavia, Daniel de Oliveira  e a revelação Carla Sale,  fizeram  a supersérie  valer a pena. 
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        Mas sem dúvidas o grande trunfo de Os Dias Eram Assim é a nostálgica trilha sonora utilizada
como elemento de centralização de época da trama. Emocionou logo no tema de
abertura, o clássico “Aos Nossos Filhos” da Elis Regina, regravado especialmente para a supersérie pelos
protagonistas Sophie
Charlotte, Renato Goes,Daniel de Oliveira, Maria Casadewall e Gabriel Leone.
Outros clássicos  da história da música popular brasileira  foram revisitados pel supersérie como “Sangue
Latino” na voz do Ney
Matogrosso; “Deus lhe Pague” dueto da Elis
Regina com Chico Buarque e “Nossa Canção” do Roberto Carlos , “Menino
do Rio” da  Baby do Brasil, “Não sei
Dançar” da Marina Lima entre
outros. A Globo  lançou a trilha em CD e
LP  em comemoração à época que a
supersérie retrata. 
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        Passagens políticas que marcaram a
história do Brasil como os anos de chumbo e luta pelas Diretas Já foram
retratadas com muita sensibilidade e credibilidade pela trama. O público  se
emocionou ao  rever cenas reais da época
das Diretas Já com políticos e  artistas que
se jogaram de corpo e alma pela causa, entre eles Chico Buarque, Jô Soares, Osmar Santos e Christiane Torloni, na época eleita a musa do Diretas.
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        Na
Reta final destaque para a pertinente abordagem sobre a AIDS , que na década de
80 levou muita gente por pura falta de informação, e que nos dias de hoje
apesar de não ser mais considerada mortal ainda é muito importante as
informações sobre a doença  para uma
conscientização da galera desta década.  A
cena  de despedida da personagem, sua
morte,  entrou para o hall das grandes
cenas da teledramaturgia. Muita emoção e sensibilidade. 
        A
Trama valeu pela pertinente revisão na história politica do Brasil,  desde os
anos de chumbo até a política atual  com
direito a um resumão emocionante em suas cenas finais. 
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa 







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