A partir do próximo dia 25, O Cravo e a Rosa,
primeiro grande sucesso do autor WalcyrCarrasco na Globo está de volta
ao Canal Viva.
A comédia romântica leve e divertida
alavancou a audiência do horário das seis como nunca se tinha visto até então e
gabaritou Walcyr para o seleto time de grandes autores da casa.
A novela que já foi reprisada por duas
vezes no Vale a Pena Ver de Novo (2003
e 2013), ambas as apresentações marcadas pelo sucesso, se passa nos anos 20 e
sempre será uma história atemporal.
Com quase 20 anos entre a próxima reprise e a exibição original , O Cravo e a Rosa foi uma ótima
escolha do Viva. Para os que não lembram,
segue abaixo 10 motivos entre os muitos, para não perder um capítulo sequer.
1 – A Trama principal
inspirada em A
Megera Domada
A trama é inspirada no clássico “A Megera Domada”,
de Shakespeare, com referências nas
novelas A
Indomável (Tv Excelcior/1965), da Ivani Ribeiro e O Machão (Tv
Tupi/1974), do Sérgio Jockyman, que
também foi baseada na obra do Shakespeare.
Muitos personagens vieram de O Machão mesmo, principalmente os protagonistas, dada as
devidas proporções claro. Para facilitar a narrativa e empatia do público, e
levando em consideração que a trama era uma comédia romântica, Catarina teve seu perfil contestador atenuado para
tornar a personagem mais simpática.
O Clássico de “Cyrano de Bérgerac”, de Edmon Rostand foi outra referência para
a trama através dos personagens Bianca, Heitor e Edmundo, vividos por Leandra
Leal, Rodrigo Faro e Ângelo Antônio. Bianca amava o físico de um e a alma
de outro. O sentimento e as dúvidas de Bianca entre um e outro proporcionou cenas emocionantes e hilárias
para O Cravo e a
Rosa.
2 – Primeira novela
do Walcyr Carrasco na Globo
Walcyr
Carrasco estreou na Globo em O Cravo e a Rosa – que estreia, hein!
O Autor foi trazido pela emissora por Wálter Avancini, depois do grande sucesso de Xica da Silva, que Walcyr escreveu e
Walter dirigiu na Rede Manchete em
1996. Na verdade, Walcyr ainda era
contratado do SBT quando “escondido”
escreveu Xica da
Silva. Reza a lenda que depois que Silvio Santos descobriu, “obrigou” Walcyr escrever Fascinação (1998), antes de terminar seu contrato e ele
finalmente começar O Cravo e a Rosa.
O Fato é que O Cravo e a Rosa consagrou Walcyr logo em seu primeiro trabalho, e depois foi responsável por outros grandes
sucessos da emissora como Chocolate com Pimenta (2003),
Alma Gêmea (2005), Caras e Bocas (2009),
Verdades Secretas (2015) , Êta Mundo Bom (2016)
entre outras.
3 – A Química entre Eduardo Moscovis e Adriana Esteves
A Química entre Eduardo Moscovis e Adriana
Esteves foi fator determinante para
o sucesso da trama. Petruchio e Catarina
impecavelmente bem
construídos por seus interpretes , sem a química entre eles teria muito prejudicada a empatia junto ao público que se entregou ao casal mais
improvável da história da teledramaturgia. Ambos os atores vinham de
personagens totalmente diferentes dos perfis do Petrucchio e Catarina. Eduardo
vinha do Carlão de Pecado Capital (1998), o remake da Glória Perez e a Adriana tinha acabado
de nos brindar com a Sandrinha de Torre de Babel (1998),
do Silvio de Abreu, e se entregaram
de tal forma aos protagonistas de O
Cravo e a Rosa que deram um novo status aos seus trabalhos, mostrando que
sabiam fazer um humor inteligente e brincar com um bom texto em mãos.
4 – Bianca (Leandra Leal), Edmundo (Ângelo Antônio) e Heitor (Rodrigo Faro)
Outra trama que chamou atenção em O Cravo e a Rosa é a história da doce Bianca, a irmã de Catarina,
vivida pela atriz Leandra Leal. Com
Catarina casada, Bianca que ao contrário da irmã sonhava em se casar, Dinorá
(Maria Padilha) dá o prosseguimento ao seu plano de casar o irmão Heitor com a mais nova herdeira do banqueiro Batista
(Luis Mello). O pilantra conquista o coração de Bianca através de poemas
românticos escritos na verdade pelo
professor Edmundo, um intelectual, o inverso do fortão Heitor. Ao longo da
história Bianca descobre que ele é o seu verdadeiro amor, e que Heitor
apenas se interessava por seu dinheiro.
Porém enquanto isso Bianca vive um grande dilema – gosta da inteligência de
Edmundo e do corpo de Heitor.
5 - Núcleo Caipira
Um núcleo que chamou muita atenção em O Cravo e a Rosa e proporcionou
momento hilários e memoráveis sem dúvidas foi
o dos Caipiras, a família de Petrucchio.
Calixto (Pedro
Paulo Rangel) se casa com dona Mimosa (Suely Franco), a empregada que criou Catarina (Adriana
Esteves) e Bianca (Leandra Leal) desde a morte da mãe
delas, e que continua trabalhando para Catarina depois do casamento dela com
Petruchio (Eduardo
Moscovis).
Januário
(Taumaturgo Ferreira), por sua vez, continua fazendo a corte a Lindinha
(Vanessa Gerbelli) e sendo esnobado por ela, mesmo depois de a jovem ser
escorraçada de casa por Calixto, após descobrirem suas maldades para separar
Petruchio e Catarina. Mas a sorte do rapaz muda quando o rico Joaquim (Carlos Vereza)
descobre que ele é seu filho, fruto de uma aventura no passado. Pouco
depois, o fazendeiro morre e deixa todas as suas posses para o porquinho de
estimação de Januário. Marcela (Drica Moraes),
que não reconhece o caipira como irmão, astutamente compra o porco dele antes
que ele possa reivindicar o dinheiro.
Desmascarada no final da trama, Marcela está certa
de que ainda pode contar com o dinheiro da herança de Joaquim, já que é dona do
porquinho, mas é surpreendida por um golpe dado pelo próprio pai: o animal não
herdou nada, tudo não passou de uma farsa armada por Joaquim que, quando
convencido do verdadeiro caráter da filha, instruíra os advogados para que a
história do porquinho fosse usada como artifício até que a situação legal de
Januário fosse regularizada e ele pudesse receber sua fortuna
sozinho. Januário consegue finalmente conquistar Lindinha que, depois de
pagar por tudo o que fez, arrepende-se e pede perdão por seus erros.
6 – Nem o esticamento prejudicou O Cravo e a Rosa
Inicialmente, O Cravo e a Rosa havia sido pensada para ser uma trama curta, com
poucos capítulos, assim como fora a antecessora Esplendor (2000).
Porém quando Walcyr já estava no segundo
terço da trama, e com certeza depois que a Globo
viu o sucesso com a trama no ar, o autor
foi avisado que ao invés de 90 seria uma trama normal com até 200
capítulos. Com isso Walcyr teve que se
desdobrar para continuar o fôlego da
trama mesmo depois do esticamento. Para isso
providenciou uma vilã a altura do texto para infernizar a vida dos protagonistas e outros personagens da novela.
A Lindinha , da Vanessa Gerbelli,
até então fazia as vezes de vilã e principal empecilho para felicidade de
Petrucchio e Catarina, mas era uma personagem muito infantil. Drica Moraes, que havia se destacado
como a vilã Violante de Xica da Silva (1996),
entrou em O
Cravo e a Rosa como a
perigosa Marcela, uma mulher interesseira e ex-namorada de Petrucchio. O Cravo e a Rosa acabou fechando sua exibição com um total de 221
capítulos.
7 – O Inesquecível
destaques dos atores mostrando seu lado cômico
Além de Eduardo Moscovis e Adriana
Esteves, que brilharam fazendo humor
na pele dos protagonistas da novela, outros atores fizeram da trama um
palco e se destacaram também no humor : Ney Latorraca (Cornélio) e Maria Padilha (Dinorá), LuisMello (Batista) e Drica Moraes
(Marcela); Pedro Paulo Rangel
(Calixto) e Suely Franco (Dona
Mimosa); Eva Todor (Josefa) e Carlos Vereza (Joaquim); Taumaturgo Ferreira (Januário) e Vanessa
Gerbelli (Lindinha) entre outros.
8 - Trilha Sonora
O Grande destaque da trilha sonora da
trama era canção de abertura “Jura”, samba de Sinhô, imortalizado em 1929
por Mário Reis, gravado para a novela por Zeca Pagodinho, que deu o charme
brejeiro que a trama pedia. A trilha tem 14 faixas musicais mesclada com temas comerciais e típicos sertanejos bucólicos.
9 - Abertura
Outro ponto marcante de O Cravo e a Rosa foi
sua abertura. Inspirada em fotos e filmes do início do século. No filme um
camafeu girava no ar abrindo e fechando
mostrando imagens em preto e branco com aparência de película antiga, tipo
cinema mudo, de vários personagens da novela. Em 2001, a abertura foi escolhida
a melhor do ano pelo júri do II Festival
Latino-Americano de Cine Vídeo, em Mato Grosso do Sul.
10 - Figurino e
Caracterização
Para uma trama de época a perfeita caracterização
e seus figurinos sempre são fatores importantíssimos para fazer com que o
telespectador viaje para época e a
narrativa flua com coerência. O Cravo e a Rosa não
pecou em nenhum momento nesse quesito.
Cerca de mil peças compuseram o figurino
confeccionado especialmente para novela. A figurinista Beth Felipecki se baseou em filmes e personagens da literatura para
criar os figurinos que marcavam o perfil dos personagens. Os de Catarina
(Adriana Esteves), por exemplo, teve como uma de suas inspirações a boneca
Emília, do Sítiodo Pica pau Amarelo, de Monteiro
Lobato. A personalidade forte da personagem era retratada em seus
figurinos coloridos, com cores vibrantes
e alguns acessórios masculinos, como gravatas.
Foi
Beth quem deu dicas para o visual do Petrucchio (Eduardo Moscovis). Foi
por ideia dela que o ator deixou a barba crescer e clareou os cabelos, dando os
aspecto desleixado e maltratado pelo sol
ao protagonista.
O andar pesado de Petrucchio, muito
importante na caracterização do mesmo, também surgiu depois que Beth Felipecki apresentou ao ator um par
de coturnos com os quais Eduardo conseguia pisar forte e pesado.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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