Neste domingo (19.07), a clássica novela
Vale Tudo,
do Gilberto Braga entra para o
catálogo da Globoplay. A trama é um
dos títulos mais aguardados deste que a plataforma divulgou que novelas
apresentadas pela Globo dos anos anteriores a 2010 começariam
quinzenal a entrar em sua listagem.
Eu vi as três exibições
da trama, a original, a do Vale
a Pena Ver de Novo e a que o Viva apresentou em 2010,
e sempre valeu muito a pena rever a novela cheias de grandes personagens, entrechos
fortes e um texto perfeito, atual e muito pertinente.
Que
venham Odete Roitmann (Beatriz Segall), Maria de Fátima (Glória Pires) , Raquel
(Regina Duarte) e Cia, e se alguém ainda tem dúvidas se vale a pena ou não rever segue
10 motivos que certamente vão convencê-los:
1 – Vale a pena ser honesto no Brasil de hoje?
Vale Tudo fez o Brasil se perguntar se valeria ser honesto no Brasil de hoje. E em torno dessa pergunta Gilberto Braga e seus parceiros apresentaram nuances de um bom folhetim aliado à uma crítica social pertinente que conseguiu prender com maestria o telespectador à frente da tv. A Trama deu início à trilogia de Gilberto Braga sobre novelas em que o autor se propôs a discutir a ética e moral do brasileiro. A Discussão teve prosseguimento nas tramas de O Dono do Mundo (1991) e Pátria Minha (1994).
2 – Leonor Basséres e Aguinaldo Silva fechavam a trinca de autores da trama
Gilberto Braga é sempre citado como o dono de Vale Tudo, mas a trama foi escrita à seis mãos, além de Gilberto, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres. O Próprio Gilberto faz questão de frisar isso nas entrevistas que dar sobre a trama. Aguinaldo Silva, por exemplo, era o responsável por fazer as escaletas (estruturas do roteiro).
3 – Odete Roitmann (Beatriz Segall)
Odete Roitmann, a personagem imortalizada por Beatriz Segall, foi sem dúvidas o melhor momento da atriz na tv. Sua interpretação marcou a trama e transformou a personagem em ícone na história das vilãs da teledramaturgia nacional. Odete nunca deixou Beatriz em paz, e até hoje sempre é lembrada em todas as entrevistas e reportagens sobre a atriz, mesmo trinta anos depois. Curiosamente Beatriz não foi o primeiro nome pensado para a personagem - Tônia Carrero e Odete Lara foram sondadas para vive-la.
4 – Quem Matou Odete Roitmann?
No capítulo 193, no ar na véspera do natal de 1988, o público foi surpreendido com o assassinato da vilã Odete Roitmann, morta com 3 tiros à queima-roupa. O Mistério do assassinato durou apenas 13 capítulos, mas foi o suficiente para fazer os brasileiros pararem na frente da tv, curiosos para saber quem era o assassino. Em 06 de janeiro de 1989, no dia da revelação da identidade do assassino no último capítulo da trama, Vale Tudo teve altos picos de audiência. Na época, ainda sem internet , ninguém com exceção do autor e o diretor sabiam quem seria o criminoso. Foram distribuídos texto e roteiros com 5 possíveis assassinos e na hora do gravar, Dennis Carvalho dispensou os demais “suspeitos” e decidiu que Cássia Kiss, que interpretava Leila era a assassina. A Reação da morta, Odete (Beatriz Segall), foi parabeniza-la pelo presente recebido.
Motivo do Crime (Spoiler): Leila, esposa de Marco Aurélio (Reginaldo Faria), descobrira que ele estava de caso com Maria de Fátima (Glória Pires). Desesperada, procura o casal de amantes no antigo apartamento do marido. Ao chegar lá, ver uma sombra no lavabo e sem pensar, dispara os três tiros. Ou seja, a vilã, mesmo com muitas pessoas com vários motivos para matá-la, acabou morrendo por engano!
A Publicidade também se aproveitou da repercussão morte da vilã. Os caldos Maggi, em parceria com a Globo, lançou uma campanha e premiou o telespectador que adivinhasse quem era o assassino de Odete. Uma agência de propaganda criou uma campanha para uma companhia de seguros, na qual, sob uma foto de Beatriz Segall, lia-se a frase: “Nunca se sabe o dia de amanhã. Faça seguro”.
5 – Maria de Fátima e César Ribeiro
Glória Pires e Carlos Alberto Ricelli, que viveram o casal de vilões da trama Maria de Fátima e César Ribeiro, foram outro destaque do elenco de Vale Tudo. Sempre armando muito para se dar bem, a dupla foi unida até o último capítulo, quando Fátima se casa com um príncipe italiano e leva César de amante na lua de mel.
6 – Heleninha Roitmann
O Alcoolismo foi abordado na trama através da Heleninha Roitmann, interpretada de forma magistral pela Renata Sorrah. Muito mais que o cunho social, a interpretação que a atriz deu a personagem foi tão espetacular que a Heleninha se sobressaiu entre tantos bons personagens e consagrou a atriz. A Heleninha está no hall dos grandes papéis da teledramaturgia nacional. Vale lembrar aqui nesse retorno, a inesquecível cena em que, em mais um crise e completamente bêbada, Heleninha pede um mambo para o garçom em uma boate.
“Toca um mambo caliente, pô!”
7 – Cecília, Laís e a Censura
O Tema do homossexualismo feminino, protagonizado por Cristina Prochaska e Lala Deheinzelin, que viviam as personagens Laís e Cecília, sofreu intervenção da censura federal. Vários diálogos entre as personagens tiveram que ser reescritos, depois que foi vetada a cena em que as duas contavam à Heleninha (Renata Sorrah) sobre os preconceitos de que eram vítimas por causa do relacionamento.
Gilberto Braga nunca confessou, e consta que a morte de Cecília sempre esteve no roteiro, e nada teve a ver com censura sobre o tema, mas o fato é que depois dos cortes de cenas e diálogos a personagem morre em um acidente de carro. Com isso o autor abordou então o direito ou não do parceiro do mesmo sexo aos bens de um dos cônjuges. Na trama, Laís luta contra Marco Aurélio (Reginaldo Faria), irmão de Cecília, para não perder a pousada que as duas tinham como sócias.
8 – Raquel, Solange, Marco Aurélio . .. os outros personagens que marcaram Vale Tudo
Vale Tudo ficou marcada por um elenco espetacular, com atores em estado de graças, dando vida à grandes personagens, ricos dramaturgicamente e inesquecíveis:
A Raquel da Regina Duarte – Baluarte da honestidade na trama;
Solange Duprat da Lídia Brondi - Que ditou moda;
Marco Aurélio do Reginaldo Faria – A Representação viva da desonestidade e a banana do final da trama;
NatháliaTimberg e doce Celina;
e ainda Afonso (Cássio Gabus Mendes), Poliana (Pedro Paulo Rangel), Aldeíde Candeias (Lília Cabral) entre outros.
9 – Atores que já morreram de Vale Tudo
A Volta de Vale Tudo no Viva vai nos dar a chance de ver mais uma vez em cena nomes que já nos deixaram: Zilka Salaberry (Rute, a ex-empregada dos Roitmann, que revela os podres de Odete Roitmann na reta final), Paulo Vilaça (Gustavo), Ivan de Albuquerque (Laudelino, o ricaço com quem Aldeíde se casa), Fábio Junqueira (Fred, amigo de Ivan e o ajuda quando este fica desempregado no início da trama), Paulo Porto (Queiroz), Sebastião Vasconcellos (Salvador, pai de Raquel e Avô da Fátima), Fernando Almeida (o menino Gildo), Lourdes Mayer (Dona Pequenina), Zeni Pereira (Zezé), Adriano Reys (Renato) e Claudio Correia e Castro (Bartolomeu).
10 – A Repercussão da primeira exibição no Viva
Vale Tudo foi apresentada pelo Canal Viva em 2010, na estreia do canal a cabo do Grupo Globo. A Reprise, mais de 22 anos depois da exibição original causou o maior frisson, e com a ajuda das redes sociais (Twitter e Facebook) elevou a audiência do Viva em 300%, e ganhou novos admiradores. Os sites especializados em novelas passaram a publicar resumo dos capítulos da semana, algo que nunca aconteceu com tramas reprisadas, e pipocaram entrevistas com atores da novela e reportagens sobre a história. Um literal fenômeno nunca visto em se tratando de uma trama já apresentada anteriormente.
Foi a chance de saudosos e curiosos que nunca tinham assistido Vale Tudo de rever cenas antológicas, como o assassinato de Odete Roitmann; a discussão da Fátima com o avô sobre honestidade no primeiro capítulo; os discursos de Odete, conservadores, reacionários ou esculhambando o Brasil; os tapas na cara que Fátima levou de vários outros personagens; Raquel rasgando o vestido de casamento de Fátima (Mooooooonstrooo!); os vários porres da Heleninha, em destaque para o que ele pede um “Mambo caliente” para um garçon; o flagrante de adultério de Afonso (Cássio Gabus Mendes) em Fátima (Eu não transo violência!); Raquel vendendo sanduíches na praia (Sangue de Jesus tem poder!) e sendo ignorada pela filha; Celina impedindo o refeitório de servir maionese estragada; Fátima casando com um príncipe italiano, no final; e a clássica “banana” que Marco Aurélio dá para o Brasil.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Pesquisa: www.memoriaglobo.com.br ww.wikipédia.com.br
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