Novelão que chama é !? Laços deFamília em sua quarta apresentação
(original , 1 vez no Viva e 2 vezes no VPVN) se firmou de novo
como um dos melhores trabalhos do ManoelCarlos e confirmou a força que os temas, as abordagens e os personagens
inesquecíveis.
Embora com mais de 20 anos de diferença e alguns temas soarem
forte para nossa realidade atual, Laços de Família é um grande divisor de águas na
teledramaturgia e marcou para sempre a carreira da maioria dos seus
interpretes, dando luz aos trabalhos de
alguns e mostrando novas facetas de astros já consagrados que fizeram de Laços de Família um
palco.
Helena / VeraFischer
Sempre que
perguntado qual a melhor Helena de Manoel Carlos , a que Vera viveu em Laços de Família é sem dúvidas minha primeira opção. Tudo conspirou a favor dessa
personagem. O Próprio autor citou em várias entrevistas que sem VeraFischer Laços de
Família ficaria inviável de
acontecer, afinal o mote principal da trama era a bela mulher no auge dos seus
cinquenta anos que mexia com o coração de um jovem de forma arrebatadora.
Vera estava mesmo no auge da sua beleza naquele ano , e qualquer um se
jogaria ao pés da Helena vivida por ela. A Personagem passou por todas as
situações da trama sempre de cabeça erguida, mostrando que para tudo sempre há
solução, desde a perda do seu amor para filha até a leucemia que teve que
enfrentar junto com ela. A Novela nos proporcionou momentos memoráveis da
atriz, com cenas dignas de “oscar´s” . Mas uma vez Vera foi
uma deusa, mas uma vez ela mostrou que é uma grande e completa atriz. Vera
Fischer que já tinha uma carreira consagradíssima de grandes personagens
como a Luiza de Brilhante (1981) e a Deusa Jocasta de Mandala
(1987), entre outras ,
ganhou depois da solar Helena um novo status de estrela aplaudida por sua
beleza serena e talento incomparável, suplantando as polêmicas em redor do seu nome que muitas
vezes falavam mais que suas personagens.
Camila / Carolina Dieckmann
Carolina Dieckmann já vinha de ótimos trabalhos como a
Açucena uma das protagonistas de
Tropicaliente (1994), a Renata que roubou a cena em Vira Lata (1996) e já havia
brilhada em Por Amor (1997), trama do autor Manoel Carlos, mas a consagração veio para Carolina
Dieckmann com a
Camila de Laços de Família. A personagem inicialmente ganhou a
antipatia do público quando se apaixonou
pelo namorado da mãe, Helena (Vera Fischer), assim como acontecera com a Eduarda, a Gabriela Duarte de Por Amor (1997), o
público rejeitou e chegou a odiar a Camila, desejando inclusive sua morte.
Porém quando a personagem foi diagnosticada com leucemia o jogo virou. O Mesmo
público que desejou sua morte, torceu pela sua recuperação e a cena em que
Camila tem os cabelos raspados
ao som de “Love by Grace” da Lara
Fabian, virou símbolo da trama. A novela
reuniu o país em torno de discussões sobre a doação de medula. De novembro de
2000 (quando o tema foi ao ar) a janeiro de 2001, a média de cadastrados
no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) saltou de vinte para novecentos por
mês. Foi um grande momento
para a teledramaturgia em que a Carolina Dieckmann foi a protagonista.
Capitu / Giovanna Antonelli
Giovanna Antonelli foi a grande revelação do ano – A Capitu, garota de programa de luxo,
que se prostituia para sustentar os pais e o filho,
marcou a carreira da atriz, que saiu da novela já credenciada para
viver sua primeira protagonista do horário nobre - A Jade
de O Clone (2001), e entrou para o hall das grandes estrelas.
Alma / MarietaSevero
Marieta Severo e sua personalistica Alma, foi
outro destaque no currículo da atriz. A personagem lhe deu o troféu de melhor
atriz do ano pela APCA. Depois de Laços de Família, Marieta assumiu a Dona Nenê da nova versão de A Grande Família (2001 – 2014), onde ficou por 13 anos, voltando as novelas só em 2015 na trama de Verdades Secretas (2015). A Alma não chegava a ser uma vilã, mas em defesa dos
“sobrinhos” ou da herança deles, era capaz de ser a mais cruel das mulheres. A
cena dela pedindo para o Edu (Reynaldo Gianechinni) cancelar o casamento com a
Camila (Carolina Dieckmann) depois de ser diagnosticada com leucemia?
Pura crueldade! Mas a Alma também era adorável, chique e capaz dos mais nobres
gestos, como assumir os gêmeos filhos da Rita (Juliana Paes) , frutos da
traição com seu marido Danilo (Alexandre Borges). Uma vilã bem ao estilo do Manoel
Carlos. Má , porém humana.
Miguel / Tony Ramos
Outra exigência que Manoel Carlos fez para Laços de Família foi que, além da Vera Fischer, ele precisava do Tony Ramos como o Miguel, sem o ator
no papel a novela não ornaria. Tony
Ramos também fez
do Miguel o divisor de águas em sua carreira. O Ator que já havia
feito outros trabalhos de destaque com o autor , como os gêmeos
Quinzinho e João Victor de Baila Comigo (1981), o surdo mudo Abel de Sol de Verão (1982) , o
Álvaro de Felicidade (1991), e depois anda o Téo de Mulheres Apaixonadas (2003), mostrou um Miguel crível, sereno e dono da
situação. Maneco disse que precisa de uma ator do perfil do Tony, para que
mesmo depois do perdão dado a Helena, quando esta o deixa para viver novamente
um romance com Pedro, o personagem do JoséMayer, para
engravidar e salvar a Camila, ele fosse compreendido e
continuasse tendo seu perfil respeitado. Ver um ator do quilate do Tony,
totalmente entregue a um personagem,
principalmente levando em consideração ao fato de que ele nem precisava
provar mais nada, foi sem dúvidas um
grande presente para os telespectadores.
Íris / Déborah Secco
Déborah Secco fez da sua Írias aquele
tipo de personagem que adoramos odiar. A menina era o diabo em forma de
gente, e fez com que a atriz vivesse uma das suas melhores
personagens na Tv. A atriz nos brindou com vários bons momentos dividindo
grandes cenas com Lília Cabral, Vera Fiscer, Carolina Dieckmann e
José Mayer. A Déborah Secco ,
que já vinha numa carreira em ascensão,
entrou de vez para o hall das grandes atrizes da sua geração. Depois de Laços de Família ganhou sua primeira protagonista oficial em A Padroeira (2001), e dai por
diante só brilhou em seus outros inesquecíveis trabalhos.
Edu / Reynaldo
Gianechinni
Reynaldo Gianechinni ganhou o protagonista Edu, logo em sua
estreia na tv. Apesar de ter sido bombardeado de críticas, o ator tirou de
letra o personagem. Teve alguns percalços, mas nada que não pudesse ter sido
contornado. Não a toa que depois da trama ele foi alçado ao posto
de astro de primeira grandeza e protagonizou várias outras
novelas. Uma das cenas que mais chamou minha atenção do Gianechinni
é a que o Edu descobre a doença da Camila, quando o médico lhe dá o
diagnóstico. Ele se tranca em uma sala, sozinho, antes de contar qualquer coisa
para outra familiar, e chora, chora ... muito emocionante.
Clara / RegianeAlves
Foi das mãos
do Manoel Carlos, que Regiane Alves ganhou
sua primeira personagem de maior projeção nacional, a vilã Clara. Na
trama, a atriz pode usar todo seu talento dramático para exprimir a
inveja e o ciúmes que Clara sentia por Capitu (Giovanna Antonelli), ex-namorada de Fred (Luiggi Baricelli), seu marido. No auge da suas
vilanias ela conta em plena festa de casamento da Camila (Carolina Dieckmann),
que Capitu , que posa de mãe dedicada e universitária promissora, na
verdade era garota de programa, em uma das grandes cenas vivida por ela
na tv até então. A atriz ainda
viveu mais duas malvadinhas em outras tramas do autor – a inesquecível Dóris de Mulheres Apaixonadas e a
irritante Alice de Páginas daVida (2006).
Rita / Juliana Paes
JulianaPaes estreou na trama de Laços de Família vivendo a empregada Rita, a Ritinha. Como já sabemos as empregadas
das tramas do Maneco sempre tem um destaque maior do que em outras novelas.
Talvez se fosse novela de outro autor, a Juliana Paes tivesse
passado despercebida , mas o autor viu que a atriz tinha potencial e criou uma
trama especial para a Ritinha. A linda
empregada chamava atenção do patrão, Danilo (Alexandre Borges), os dois
se envolveram e ela acaba engravidando . No dia do nascimento dos bebês,
Rita morre no parto e os gêmeos que ela teve acabam sendo criado pelo amante e
sua esposa Alma (Marieta Severo). A Saída prematura da novela não lhe
prejudicou em nada. No ano seguinte ela já emplacava outro papel no horário
nobre, na trama de OClone, da Glória Perez, já com um destaque maior, e foi galgando
papel a papel , passando pela Jacqueline Joy de Celebridade (2003), a Creusa de América (2005), a Gui de Pé na
Jaca (2006)
, a Maíra de A Favorita (2008) e estourar com sua primeira
protagonista oficial em horário nobre, a
Maya de Caminho das Índias (2009).
Cissa / Julia
Feldens
Julia Feldens vinha
de uma personagem densa e introspectiva na trama de Força de Um Desejo (1999),
do Gilberto Braga, um ano antes de Laços de
Família, e a Cissa foi uma reviravolta total em sua carreira. A
Icônica e espevitada personagem, sempre
tinha um crítica ácida para o que acontecia ao seu redor, sempre se
intrometendo nos relacionamentos do pai e do irmão, mas passa a trama inteira
sem acertar um namoro. A atriz teve um grande destaque e saiu da trama do Manoel
Carlos direto para outros trabalhos de destaques em produção como em Coração de Estudante (2002),
Sabor da Paixão (2003)
e a minissérie Um Só Coração (2004). Depois do término do contrato com a Globo,
a atriz resolveu dar uma parada e estava
há 16 anos fora da tela, onde se formou em letras e apostou em projetos mais
autorais. No ano passado, voltou a teledramaturgia na série Boca a
Boca, da Netflix.
Veja Também:
Aberturas Inesqueciveis -Brilhante (1981) |
Novelas Inesquecíveis - Laços de Família (2000) |
Trilha Sonora Eterna - Laços de Família (2000) |
Fonte:
Texto : Evaldiano de
Sousa
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