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Globo 60 anos - 60 Novelas que marcaram a teledramaturgia (Post 4)

 



        Quarto  post  em homenagem aos 60 anos de  Globo através da sua teledramaturgia.

        Antes  leia  o –  Post  1 

                                Post  2

                                Post  3

 

Mulheres de Areia (1993)



         Mulheres de Areia, o Remake da Ivani Ribeiro  feito em colaboração com Solange Castro Neves foi um dos maiores sucesso do horário das seis da década de 90, chegando até superar a audiência da novela das sete  exibida na época (O Mapa da Mina , do autor  Cassiano Gabus Mendes).

        Além de se basear no remake  da novela original  exibida na Tv Tupi em 1973, a autora usou o espinha dorsal de outra trama de sucesso sua,  O Espantalho, que escreveu na Tv Record em 1977.

        Glória Pires  foi impecável vivendo as iguais mais tão diferentes gêmeas. Ruth e Raquel  foi um divisor de águas na carreira da atriz. A Direção e autora da novela queriam Glória no papel, tanto que adiaram a estreia da trama em um ano devido à gravidez da atriz.  Mulheres de Areia  iria substituir Felicidade (1991), porém a Globo produziu Despedida de Solteiro (1992), para no ano seguinte poder estrear Mulheres de Areia com Glória Pires como a grande estrela. O Trabalho da atriz foi tão difícil principalmente na parte da trama em que as gêmeas trocam de lugar. Glória além de fazer a diferença entre as irmãs, ainda teve que encontrar o ponto certo para Ruth fingindo ser Raquel e Raquel fingindo ser a Ruth.

        No elenco também vale destacar  Tonho da Lua vivido pelo ator Marcos Frota. Impossível imaginar outro ator vivendo o personagem numa entrega jamais vista na tv. Eduardo Moscovis e Irving São Paulo fizeram teste também para o papel.

        Outros atores também  marcaram seus personagens com interpretações inesquecíveis : Os saudosos Raul Cortez, que deu vida o Virgilio Assunção e Paulo Goulart na pele do vilão Donato; O Casal formado por Laura Cardoso e Sebastião Vasconcellos, que faziam os pais das gêmeas;  Andreia Beltrão  como a Tônia, Viviane Pasmanter como a ovelha negra Malu  e  Guilherme Fontes que conseguiu fazer do seu personagem Marcos, considerado um homem fraco diante do pai e de Raquel, em um bom momento na tv.

         Mulheres de Areia foi uma daquelas novelas onde tudo deu certo. Produção, direção e elenco impecáveis  somados a uma  boa história  foram os ingredientes desse sucesso. A novela teve 209 capítulos e em nenhum deles, mesmo com uma certa barriga, conseguiu segurar os telespectadores na frente da tv. Lembro-me como agora como era bom jantar com as paisagens ,  histórias e personagens criados impecavelmente pela Ivani Ribeiro.

 

Renascer (1993)



          Com  Renascer  autor  Benedito Ruy Barbosa, finalmente ganhava a chance de mostrar em grande estilo uma trama  no horário consagrado de grandes autores. Benedito já havia tentado algumas vezes subir do horário das seis, onde  normalmente apresentava suas tramas, para o horário nobre. Em 1981, apresentou a sinopse de Os Imigrantes para a emissora carioca, mas a Globo não aprovou, o autor apresentou a Rede Bandeirantes e a novela se transformou no maior sucesso da teledramaturgia nacional daquele ano e sem dúvidas o grande hesito da emissora nesse campo. Em 1990, a história se repetiu, Benedito apresentou Pantanal, que foi renegada pela Globo, que não via viabilidade nas gravações em pleno pantanal mato-grossense. A Manchete comprou a ideia e  a novela se transformou em fenômeno nacional e abalou os alicerces da audiência global.

        Depois do sucesso de Pantanal, a Globo não podia arriscar novamente, contratou Benedito que apresentou a trama de Renascer, que mesmo tendo muitos elementos que nos lembrasse Pantanal (1990) , teve uma identidade própria e se transformou numa referência de sucesso no gênero das novelas rurais.

         Antônio Fagundes começava em Renascer uma parceria de sucesso com o autor que se repetiria ainda em O Rei do Gado (1996), Terra Nostra (1999), Esperança (2002),  no  remake de Meu Pedacinho de Chão (2014) e agora em Velho Chico.

         Leonardo Vieira que viveu o José Inocêncio na primeira fase, e Patrícia França, a Maria Santa, marcaram essa fase da trama e logo foram alçadas a grandes astros da casa. O Casal protagonizou  a próxima trama das seis, Sonho Meu (1993), do Marcílio Moraes.

         Aliás, a primeira fase de Renascer foi elogiadíssima pela crítica  com destaque para a inesquecível cena em que José Inocêncio teve o corpo escapelado e depois costurado pelo turco Rachid, do saudoso Luiz Carlos Arutin. Um show de cena no contraste do estreante ator Leonardo Vieira em parceria com o veterano. Fernanda Montenegro foi também um dos destaques desta fase na pele da dona do bordel da cidade, a Jacutinga, que no decorrer da história  acaba se tornando figura importante na vida do Coronel e Maria Santa.

         Na segunda fase, Mariana a personagem vivida pela Adriana Esteves foi o grande amor de José Inocêncio. A Atriz foi bombardeada pela imprensa com críticas negativas por sua atuação. A atriz vinha do protagonismo da trama de Pedra sobre Pedra (1992), do autor Aguinaldo Silva, mas sem dúvidas a Mariana de Renascer foi seu grande desafio.

        Muitos inicialmente torceram pelo final feliz   entre Mariana e João Pedro (Marcos Palmeira), o filho “injeitado” do Coronel, mas a empatia e química com Antônio Fagundes foi tão grande, que ficou impossível imaginá-los separados.

          Marcos Palmeira tal qual vivera em Pantanal (1990), era o filho enjeitado pelo pai.  O Ator conseguiu grande projeção com seu trabalho perfeito na pele do cacaueiro nordestino com nuances e trejeitos que parece que nasceram com ele. Foi sem dúvidas o grande revelação da trama  mostrando o talento de quem se tornaria um dos grandes atores da sua geração.

          Osmar Prado também este espetacular na pele do caricato matuto Tião Galinha e sua via cruzis em ter um diabinho na garrafa. Infelizmente o ator desentendeu-se com a direção da Globo e deixou a trama antes do seu término.  Mesmo assim o ator ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante pela APCA.

          Benedito Ruy Barbosa ousou tocando em assuntos polêmicos na trama de Renascer. Falou de hermafroditismo  com a história da personagem Buba, vivida pela Maria Luisa Mendonça; o celibato , quando o Padre Lívio se apaixona por Joaninha (Teresa Sseiblitz) e a  questão dos meninos de  rua através da história da menina Teka, personagem da Paloma Duarte. Inclusive o tema foi sugerido num congresso da UNICEF dos autores latino-americanos de telenovelas.

         No último capítulo  uma das cenas mais emocionantes da trama foi apresentada. José Inocêncio e João Pedro finalmente faziam as pazes e deixavam explodir o amor de pai e filho que sempre existira entre eles. O Pai pede um abraço do filho em seu leito de morte, e ainda dá a incumbência  à João Pedro de tirar o facão fincada no início da trama pelo pai, aos pés do Jequitibá rei.  José Inocêncio só morreria em paz depois que esse facão que,  representou sua existência  na terra,  fosse tirado das terras de Ilhéus. Antônio Fagundes e Marcos Palmeira fecharam a trama em alto estilo e deram a cena toda a emoção  que ela precisava contagiando o telespectador e a equipe técnica também que via  naquele momento  final o fechamento de um grande trabalho para a teledramaturgia que nunca seria esquecido.

        Uma trama que teve a poesia e a lentidão dos acontecimentos com seu principal trunfo, mas que mesmo assim não perdia a linha dos acontecimentos prendendo o telespectador. Um novelão direto do mundo encantado  rural de Benedito Ruy Barbosa.

 

A  Viagem  (1994)



         Um dos grandes sucesso da era dos remakes sem sombra de dúvidas é a novela A Viagem  da autora Ivani Ribeiro, remake do sucesso dela  na  TUPI em 1975. 

            A Trama falava sobre a vida após a morte, “A Viagem”  do título,  sob o olhar da doutrina kardecista , levantando assim todas as dimensões da crença, desde o preconceito dos leigos aos estudos científicos.

            Vários personagens  da trama tinha características ou comportamentos que davam alusão a isso, como as irmãs Dinah (Christiane Torloni) e Estela (Lucinha Lins) que pressentiam  a presença uma da outra; Tibério (Ary Fontoura) conversava  com um espírito que só ele via; Dona Cininha da saudosa Nair Bello , era uma mulher do povão supersticiosa e cheia de crendices. Além das possessões de Alexandre (Guilherme Fontes )  em  Dona Guiomar (Laura Cardoso) , Téo (Maurício Mattar) e Tato (Felipe Martins).

          Guilherme Fontes que viveu o protagonista e antagonista ao mesmo tempo, foi o grande destaque da novela. O Ator  que vinha do sem graça Marcos no remake de Mulheres de Areia um ano antes, conquistou o público com as nuances do seu Alexandre. Eram perfeitas as cenas do personagem se preparando para se apossar do corpo de alguém , ou do seu  sofrimento no vale dos suicidas.  Ao final o personagem de redime de suas maldades e é liberto chegando ao céu. Como “prêmio” Alexandre reencarna no filho de Lisa (Andreia Beltrão) e Téo.

            Diferentemente de outras tramas, os três protagonistas da novela morreram bem antes do final, fizeram a viagem. Alexandre se suicida nos primeiros capítulos, Otávio Jordão sofre um acidente de carro ocasionado pelo espírito de Alexandre e Dinah tem um infarto fulminante ao encontrar Bia (Fernanda Rodrigues) sua sobrinha desaparecida.

         Christiane Torloni deu um ar todo glamuroso a sua Dinah, uma mulher forte e ao mesmo tempo fragilizada com a perda do irmão.  Na trama ficou em destaque a relação afetuosa fraternal entre ela e Estela (Lucinha Lins) . As duas sentiam praticamente tudo que a outra sentia ,  quando Dinah não estava bem , Estela sabia antes mesmo de vê-la, uma sensação inexplicável  que cativava o público.

           A Chegada de Dinah ao céu , e seu encontro com Otávio foi uma das cenas mais emocionantes da trama, ao som de “Crazy” na voz de Julio Iglesias, ao ver seu amado,  Dinah corre os longos campos ao seu encontro.   Antes de morrer Otávio em uma regressão descobre que Dinah foi sua amada em várias outras vidas , e em todas elas Alexandre de uma forma ou de outra impedia o amor dos dois. Agora finalmente mesmo mortos os dois poderam concretizar esse amor.

 

            Para representar o céu e o inferno (o vale dos suicidas), a novela preferiu fugir dos estereotipos, e assim um grande campo de golfe foi escolhido para serem gravadas  as cenas do céu e  uma pedreira abandonada  para as locações do vale dos suicidas onde Alexandre penou até reencarnar.

        Foi todo esse conjunto que fez de A Viagem uma novela inesquecível, abrandando os corações daqueles que perderam pessoas queridas, tentando fazer entendê-las que a morte não é nada  mais do que  : Uma viagem!

 

Quatro  por Quatro (1994)



         A novela Quatro por Quatro, do autor Carlos Lombardi pode ser considerada o seu ápice na história da teledramaturgia. É sem dúvidas o seu melhor trabalho que prendeu o telespectador do início ao fim recheada de confusões e trapaças, com o humor escrachado na dose certa, numa divertida história de relacionamentos amorosos, separações e reconciliações.

          A novela contava a história de quatro mulheres que cansadas das safadezas dos seus respectivos maridos e namorados, depois de se conhecerem em um quadruplo acidente de trânsito, resolvem ir à forra e decidem se unir para se vingar de cada um deles. As vingadoras eram: Abigail (Bety Lago), esposa do médico cirurgião Gustavo (Marcos Paulo); Auxiliadora (Elizabeth Savalla), casada há anos com Alcebíades (Tato Gabus Mendes),  abandonada por este por  uma mulher 20 anos mais jovem; A tímida Tatiana (Cristiana Oliveira), abandonada na igreja pelo noivo Fortunado (Diogo Vilella) e o furacão Babalú (Letícia Spiller), que estava cansada das traições do namorado Raí (Marcelo Novaes).

         Dois grandes destaques do elenco de Quatro por   Quatro : Betty Lago e Letícia Spiller.

        A Saudosa Betty Lago fez da sua dondoca Bibi sem dúvidas  seu grande momento na tv, com um ótimo tempo para humor e um trabalho de interpretação digno das grandes atrizes. Inesquecível a cena em que uma barata sobe nas roupas da personagem, e os gritos que foram para o ar na novela, soubemos depois em reportagens do Vídeo Show,  eram de verdade, tamanho o terror que a saudosa Betty estava do inseto. Pela Bibi, Betty Lago foi eleita a melhor atriz do ano pelo Troféu Imprensa.

           Letícia Spiller foi a grande revelação e destaque do ano na pele do furacão em forma de mulher Babalú. Com uma   interpretação inusitada, exagerada e ao mesmo tempo cativante. O Visual da personagem que usava  shorts curtos, blusas ciganas, tiaras de miçangas, margaridas nos cabelos, sandálias plataformas de meias e unhas pintadas de vermelho ganharam o Brasil como moda  e se tornaram uniforme obrigatório do mulheril na época. 

        O vocabulário da personagem foi outro charme da trama. Expressões como  “bofe” (para se referir aos homens), “bicha” (para se referir às mulheres), “mona” (mulher, amiga, forma de um gay chamar o outro), “desaquenda” (abandonar, deixar de lado, sair de perto, esquecer, deixar em paz), “babado” (história, fofoca), “é uó” (feio, ruim), “erezinho” (criança)  estão até hoje  em nossa memória.

         Mas nada foi tão marcante na trama como o casal Babalú e Raí. A química entre Letícia Spiller e Marcelo Novaes foi tão incrível que saltou a novela e os dois acabaram se casando depois do término da trama.

         Inicialmente Quatro por Quatro, que marcava a volta do humor escrachado ao horário das sete, teria apenas 150 capítulos, mas o sucesso da novela a estendeu terminando com um total de 233. É a novela mais longa do autor e a sétima da Globo.

        O primeiro capítulo ficou marcado pelo acidente e briga de trânsito entre as quatro protagonistas. Um show de humor  do texto chique e dinâmico do Lombardi, nas mãos de quatro grandes  atrizes que marcaram Quatro por Quatro.

        Quatro por Quatro cumpriu todos os seus objetivos, inclusive a missão de manter em alta a audiência do horário que vinha anteriormente com o sucesso da trama espírita de A Viagem (1994), remake da Ivani Ribeiro.   Foi um golpe de mestre da Globo, mas ao mesmo tempo  recheado de riscos. O público acostumado à trama romântica tinha que se adaptar a anárquica e dinâmica do Lombardi, além de trocar o mundo espírito pelo humor. O Risco foi corrido e deu certo.  Não sei se o mesmo público de A Viagem se rendeu à Quatro por Quatro, mas a trama marcou uma época e até hoje é considerada uma das melhores do gênero.

 

História de Amor (1995)



          “Lembra de mim ...” era com essa frase que Ivan Lins abria e encerrava a trama de História de Amor , novela do autor Manoel Carlos que foi pro ar pela Globo em 1995.  Um folhetim leve e charmoso , que talvez até pela falta de pretensão , tenha atingido um nível de sucesso não esperado. O Horário  das seis havia sofrido uma queda com a exibição do remake de Irmãos Coragem (1995) , e História de Amor conseguiu levantar  o IBOPE e caiu no gosto do público, que começou acompanhar os dramas dos personagens de Maneco, que  são fáceis de ser encontrados ao nosso redor. A Novela tratava principalmente do relacionamento entre pessoas  em todos os  seus níveis, nos apresentando um leque de situações cotidianas.

          História  de Amor não teve nenhum pico alto de emoção no decorrer dos capítulos , como ocorrido em outras tramas do autor : O Encontro dos gêmeos de Baila Comigo (1981), a descoberta à Bia(Tatiane Gulart)  que seu pai era o Álvaro (Tony Ramos) de Felicidade(1991)  ou  a revelação da troca dos bebês   de Por Amor(1997), mas mesmo assim a trama prendia atenção do telespectador , sem ter que apelar para ganchos mirabolantes , ou assassinatos, a novela primava pela simplicidade, e certamente isso foi o seu maior charme.

         Manoel Carlos contou na época que escreveu a sua Helena de História de Amor pensando exatamente em Regina Duarte,  a novela inclusive comemorou os 30 anos de Regina Duarte na TV e a sua estreia no horário das seis.  Regina ainda iria viver mais duas Helena´s do autor , em Por Amor (1997) e Páginas da Vida (2006). Nesta Helena de 1995,  Regina nos brindou com uma personagem diferente de tudo que ele já havia interpretado,  ainda tinha em minha memória a  extravagante Maria do Carmo de Rainha da Sucata que ela havia feito 5 anos antes, e a personagem de Manoel Carlos era o oposto. Uma mulher de classe média separada, e que criava a filha adolescente à duras penas. Enquanto a interpretação primorosa de Regina Duarte era amplamente elogiada, o seu visual virou alvo de críticas, sempre usando uma trança nos cabelos “semi-terminada”  uma carta no editada no Jornal do Brasil na época comparava o visual da personagem à uma flagelada, o que culminou em uma rápida mudança no “layout”.

        O elenco de História de Amor , foi um daqueles acertos que acontecem de 20 em 20 anos, a sintonia era perfeita , e  cada personagem parecia ter sido escrito a dedo para o seu respectivo ator.

        Carolina Ferraz que deu um show como a mimada Paula, ex-mulher de Carlos (José Mayer ) que não se conformava em perder seu marido para uma mulher mais velha.  A Personagem sempre que tinha alguma crise no casamento ou problema , tomava porres de champagne , o que virou sua marca registrada.

        Carla Marins , que aos 29 anos viveu a Joyce uma adolescente de 19 anos, também brilhou no papel,  e nos brindou com o  dueto formado  com Regina Duarte, nas inúmeras brigas e desentendimentos entre mãe e filha. Ao contrário do que aconteceu com as outras “filhas” das Helenas do Maneco em suas novelas seguintes; A Eduarda ( Gabriela Duarte em Por Amor ) e a Camila ( Carolina Dieckmann de Laços de Família – 2000), a Joyce apesar de também ser muito chata e mimada, agradava o grande público que torceu pelo seu relacionamento com Bruno (Cláudio Lins ) , livrando-a da relação doentia com o pai do sua filha Caio ( Ângelo Paes Leme).  Na sinopse original da novela , Joyce disputaria o amor de Carlos com a mãe, mas a Globo resolveu mudá-la por achar o entrecho muito pesado para o horário das seis, e assim Manoel Carlos  inseriu inseriria esse entrecho  à  trama de Laços de Família veiculada no horário nobre em 2000.

        Eva Wilma, mais uma vez deu show em cena fazendo humor na pele da falida e excêntrica Zuleika, um papel simples dentro da trama, mas que a atriz fez brilhar.

          Lília Cabral  começava  mostrar em História de Amor , a grande atriz que é. No papel da Sheila, sócia e ex de Carlos, ela iniciou a trama , como aquela amiga confidente, se mostrando a ex-amante resolvida. Mas no decorrer da história a personagem declarou  o amor que ainda sentia por Carlos , deflagrando uma guerra  com  Paula e Helena. A Atriz  que é chamada pela imprensa de atriz “cirúrgica” mais uma vez pegou seu bisturi, e fez uma Sheila perfeita, mostrando os problemas psicológicos que culminavam em uma patologia nos últimos capítulos da trama, com a tentativa de atropelar Paula, ex-mulher de Carlos. Uma situação engraçada, a personagem apesar da loucura, quando se deu conta que não poderia vencer Helena na disputa pelo amor de Carlos, resolveu então mirar toda sua ira para Paula , que insistia em atrapalhar o  novo romance do ex-marido, ou seja Sheila aceitava perder para Helena , para a Paula não. Certamente foi graças a esse personagem que a Lília soube valorizar tão bem dentro da trama, que depois ele viveu mais duas personagens do autor que a consagraram, a vilã Marta de Páginas da Vida (2006)  e a Tereza de Viver a Vida (2009).

        Nuno Leal Maia  na trama deu vida ao ex-campeão de remo do Vasco, o  personagem era machista e não aceitava o gravidez da filha solteira. Esportista e apresentador de um programa de esportes o Assunção foi mais um personagem do ator que ganhou o público logo  de cara, assim como aconteceu com o Tony Carrado de Mandala (1987), o Gaspar de Top Model (1989) e Padre Garotão de Vamp (1991).  No decorrer da trama, Assunção sofre um acidente de carro e fica tetraplégico. O Drama do personagem para ter que se adaptar ao seu novo estado foi amplamente divulgado na trama, mostrando “passo a passo”  o retorno de Assunção as atividades do cotidiano, como trabalhar , vida sexual , etc.  Desde o acidente  , acho que todos tinham a esperança de que no final da novela Assunção voltaria a andar, mas o autor achou por bem deixá-lo nesta situação , que na verdade era irreversível como  na realidade acontecem muitos casos. A Volta por cima de Assunção foi ter que  adaptar seu estilo e sua vida a sua nova condição. Praticamente o mesmo drama foi mostrada em Viver a Vida (2009) também do autor , com a personagem Luciana , vivida pela Aline Moraes, que também em um acidente automobilístico ficava tetraplégica.

         Outro assunto que o autor achou importante tocar na trama de História de Amor , foi no câncer de mama. Na novela a personagem Marta , vivida pela Bia Nunnes descobre um tumor no seio , e Manoel Carlos  mostrou em detalhes todos os passos para a descoberta , tratamento e cura  da doença, passando pela mastectomia (Cirugia de retirada da mama) até o acompanhamento psicológico do paciente e seus parentes. Enquanto História de Amor esteve no ar, registrou-se o aumento no número de exames preventivos.

        História de Amor repetiu o mesmo sucesso da exibição original , quando foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo  em 2011, sendo considerada uma das melhores da seção até hoje e isso se vem se repetindo atualmente na reprise da trama  nas tardes da Globo.

        A Novela História de Amor , veio para provar que se pode  fazer uma novela extremamente simples, com tramas e personagens do cotidiano , vivendo o que nós vivemos diariamente, e mesmo assim inovar, sem pecar por pieguices e brindando os telespectadores como um folhetim nota 10.

 

O Rei do Gado (1996)



          Mais um grande sucesso do Benedito Ruy Barbosa entrava no ar pela Globo em 1996 em horário nobre. A trama de O Rei do Gado cativou o grande público do início ao fim,   com uma mescla de temas rurais e urbanos mostrado com muita ênfase na segunda fase da novela.

           O Rei do Gado contou a saga das famílias Mezenga e Berdinazzi, vizinhos, e, por causa de uma cerca no limite de suas propriedades, vivem uma guerra sem precedentes. As duas famílias proíbem o amor entre Enrico (Leonardo Brício), filho de Antônio (AntônioFagundes)  e Nena Mezenga (Vera Fischer), e Giovanna (Letícia Spiller), filha de Giuseppe (Tarcísio Meira) e Marieta Berdinazzi (Eva Wilma). 

         O Rei do Gado apresentou uma primeira fase inesquecível e emocionante. Com ares operístico  juntou elementos do teatro e da narrativa audiovisual,  com contrastes de luz que deram uma ressonância de passado às imagens.  Isso somado ao elenco em total sintonia, com destaques para Vera Fischer, Tarcísio Meira, Eva WilmaLetícia Spiller e Antônio Fagundes que fazia também essa primeira fase vivendo o seu avô. Sem esquecer MarceloAntonny e Caco Ciocler que estrearam na  primeira fase da trama  já dando indícios da promissora carreira que teriam pela frente. Essa primeira fase de  foi transformada em uma minissérie para o festival Banff, do Canadá, onde foi selecionada como obra hors-concours.

        Na segunda fase foi mostrada toda a modernização e a riqueza do interior paulista tendo Ribeirão Preto como a principal cidade de locação da trama. 

         Nesta fase Antônio Fagundes (Bruno Mezenga), Raul Cortez  (Jeremias Berdinazzi) e Carlos Vereza (Senador Caxias) viveram os melhores personagens da suas carreiras.

         Às margens do Rio Araguaia foi outra locação da segunda fase da novela e presenteou o público com imagens belíssimas. Stênio Garcia e Bete Mendes, que viveram Zé do Araguaia e Donana, emocionaram o público com a caracterização dos personagens que nos deixavam em dúvidas sobre o fato deles serem realmente ribeirinhos do Araguaia, de tanta verdade passada no trabalho desses dois grandes astros da tv.

            Patrícia Pillar passou dez dias convivendo com sem-terras para compor a Luana, a ex boia-fria que se transforma em rainha da gado. O Laboratório foi crucial para a composição da personagem que foi o grande divisor de aguas na carreira da atriz.

         Carlos Vereza protagonizou uma das cenas mais emblemáticas apresentadas pela trama. Seu Senador Caxias discursando emocionado sobre a causa dos sem-terra para um plenário ocupado apenas por três colegas – um cochilando,  outro lendo um jornal e o terceiro ao celular. A cena causou protestos de senadores, que a consideraram uma “Distorção da realidade”. A Cena do velório do senador, assassinado num confronto dos sem-terra,  também marcou muito a novela e teve participações especiais dos senadores Eduardo Suplicy e Benedita da Silva.

          Outra trama que chamou atenção em O Rei do Gado  foi a relação doentia entre Léia e Ralf, vividos pela Silvia Pfeiffer e Oscar Magrini. Ela, esposa de Bruno, se envolve com Ralf e passa a sustentar a boa vida do amante. De olho na fortuna do marido de Léia, ele faz de tudo para que a mulher tire o que puder na separação. Ao ser flagrada com o amante, Léia acaba perdendo alguns direitos no divórcio e passa a ser humilhada e violentada por Ralf que não vê-la mais como um gancho para sua ascensão financeira. A história de violência e coerção  marcou a novela em um trabalho impecável dos dois atores. Era a primeira vez que em uma novela  era tocado com mais força  sobre o tema da violência contra a mulher.

         A Reforma agrária, a vida dos trabalhadores do Movimento dos sem-Terra (MST) e a luta pela posse de terras foram amplamente discutidos na novela e tiveram uma repercussão na mídia e na sociedade em geral jamais vista. Pela primeira o assunto tomava o horário nobre de uma grande emissora, se tornando um momento importante para o Brasil.

         A trilha volume 1 de O Rei do Gado bateu um recorde de vendas que há anos pertencia a trilha internacional de Dancin´Days (1978). O CD/LP vendeu mais de 1,5 milhão de cópias e teve praticamente todas as suas faixas tocadas nas rádios nos quatro cantos do país.  O Volume 2 também teve uma boa vendagem. Trazia na capa  a dupla sertaneja da trama formada por Pirilampo e Saracura, vividos por  Almir Sater e Sérgio, que cantaram 7 das 12 canções do CD/LP.

         Outros atores que fizeram um trabalho impecável na trama: Fábio Assumpção (Marcos Mezenga), Jackson Antunes (Regino), AnaBeatriz Nogueira (Jacira), Walderez de Barros (Judite), Mariana Lima (Liliana), Ana Rosa (Maria Rosa), Iara Jamra (Lurdinha) entre outros.

        A Cena que encerrou a novela foi entregue para Antônio Fagundes e Raul Cortez, que na pele do Bruno e Jeremias brindavam, já embriagados de vinho, a união de suas famílias, porém mesmo assim não selavam a paz propriamente dita.

        Sobe um letreiro com o dizeres:

Deus, quando fez o mundo, não deu terra pra ninguém, porque todos os que aqui nascem são seus filhos. Mas só merece a terra aquele que a faz produzir, para si e para os seus semelhantes. O melhor adubo da terra é o suor daqueles que trabalham nela.”

        A Câmera volta para Bruno Mezenga e Jeremias Berdinazzi , em meio ao cafezal, como se os dois estivessem discutindo novamente, deixando no ar a pergunta : “Vai começar tudo de novo?”

           O Rei do Gado foi um grande momento da teledramaturgia no campo da audiência, produção, texto e elenco que estavam numa  total sintonia. Uma trama que mesclou o bucólico com problemas de uma dura realidade  e que fez o público se render aos encantos de mais uma trama rural do mago desse tipo de novela, Benedito Ruy Barbosa.

 

A Indomada (1997)



          “Oxente, My God!” A Indomada completou 20 anos!

 

Um dos grandes sucesso da década de 90, escrita por Aguinaldo Silva, no mesmo estilo que foram Tieta (1989), Pedra sobre Pedra (1992) e Fera Ferida (1993) mas  com um  diferencial. A trama misturou  à sua narrativa e história o regionalismo nordestino com tradições e expressões  inglesas,  já que Grenville, a fictícia  cidade onde se passava a trama havia sido fundado por imigrantes que vieram da Inglaterra. Isso acabou   se transformando no grande charme da trama.

        Eva Wilma  foi a grande estrela da trama. Em uma das suas mais brilhantes atuações, a atriz fez da sua vilã cômica Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque   um momento único para a tv. Eram delas as expressões  que  foram copiadas nos quatro cantos do Brasil:  O Xente, My God!” que abriu o post, a personagem imortalizou Very Well”, “Stop!”, “Uóti?, ‘thank you very much, viu bichinho!’, triu-di-lou”, ‘weeeell’ .

 

Sua dobradinha com Ary Fontoura, que viveu o Deputado Pitágoras, fiel cumplice de Altiva, rendeu momentos inesquecíveis a A Indomada. A Dupla de atores foi eleita pelo Troféu Imprensa e APCA como os melhores atores do ano.

        Mas A Indomada teve outros atrativos além de Maria Altiva. Os protagonistas vividos por Adriana Esteves e José Mayer, Helena e Teobaldo, inicialmente me soaram sem química, não sei se pelo fato de saber que a Claudia Abreu faria a personagem, e a Adriana ter ganho depois da desistência da mesma. Mas logo essa impressão se desfez. O perfil indomável da protagonista   e seu estilo seduziram o Brasil, e claro passei a torcer pelo casal, que passou por todas as situações  para serem finalmente felizes.

        O Realismo fantástico costurou a trama de A Indomada através  de personagens como o Emanuel, numa inesquecível interpretação do Selton Mello, que se apresentou por toda a trama como um menino com traços de autismo e termina se transformando em um anjo depois de um discussão com Altiva. A cena foi uma  clara homenagem ao personagem João Gibão de Saramandaia (1976), já que ele cria asas nas costas e desaparece  nos céus de Grenville.

 

        Outra cena que deixou o realismo fantástico da trama bem explícito foi o fato do Delegado Motinha, vivido pelo José de Abreu, cair em  um buraco no meio das ruas de Grenville e  para no Japão. A Cena foi muito discutida nas ruas.

Assim como em Tieta (1989), Aguinaldo Silva criou a Mulher de Branco que atacava os homens, em A Indomada o personagem misterioso era o Cadeirudo, que atacava as mulheres de Grenville. No final  revelada sua identidade, ficamos sabendo que se tratava de Lourdes Maria, da atriz Sônia de Paula, uma das beatas fervorosas da trama.

        Outros personagens de destaques em A Indomada: Zenilda de Yolanda, a dona do Bordel, vivida pela Renata Sorrah; O Padre Moderno com estilo  e sotaque alemão vivido pelo Pedro Paulo Rangel; Artêmio,  o injeitado descoberto ser  filho de Altiva, vivido pelo Marcos Frota; a Juiza Mirandinha, vivida pela Betty Faria e  o casal Ypiranga Pitaguari e Scarlett, vividos pelo Paulo Betti e Luiza Tomé, prefeito e primeira-dama de Grenville.

          A Indomada é um clássico incontestável, com todos aqueles ingredientes de tramas regionais que  eram sucesso garantido no horário nobre da década de 90. E no caso da trama,  a caracterização dos personagens e expressões britânicas somadas ao estilo nordestino e interiorano  foram sem dúvidas o ponto forte da novela  que ainda é tão recente em nossa memória .

 

Anjo Mau (1997)



        Anjo Mauum dos grandes sucessos do autor Cassiano Gabus Mendes,  apresentado em 1976 e reescrito em 1997  por Maria Adelaide Amaral, foi outro remake de sucesso apresentado  pela Globo. 

         O Remake de Anjo Mau marcou duas estreias : Maria Adelaide Amaral com autora solo e Carlos Manga como diretor. 

         Glória Pires num trabalho incrível na pele da dúbia babá fez uma Nice única e inesquecível. Mesmo com a comparação e eterna lembrança da Nice vivida pela Susana Vieira.

          Na trama Nice (Glória Pires)  é a moça pobre que não mede esforços para atingir seus objetivos. Emprega-se como babá na mansão dos Medeiros, onde já trabalha seu pai, Augusto (Cláudio Correa e Castro), e se apaixona por Rodrigo (Kadu Maliterno), o filho mais velho da família, irmão de sua patroa, Stela (Maria Padilha). A ambiciosa Nice usa de todas as armas para conquistar o rapaz e planeja o dia em que deixará de ser pobre e se transformará na dona daquele casarão.

        No elenco, além de Glória Pires, vários outros destaques como Alessandra Negrini na pele da vilã e ambiciosa Paula; Regina Maria Dourado como a rancorosa mãe adotiva da Nice;  e o  casal  formado por Daniel Dantas e Maria Padilha, que viveram  Tadeu  e Stela, que tal qual os da primeira versão vividos pelos atores Osmar Prado e Pepita Rodrigues, conquistaram  a empatia do público.

        Maria Adelaide Amaral adaptou e criou novas tramas para o remake,  e entre essas novas tramas vale destacar o tema sobre o preconceito racial. Luiza Brunet vivia a fútil Tereza, uma mulher que casou com o grande industrial Rui Novaes (Mauro Mendonça) e por medo de ser rejeitada pelo Marido escondia a identidade da sua mãe Cida (Léa Garcia), por ela ser negra.

        Vale destacar também  o tema abordado sobre a violência sexual, quando o Ricardo num rompante de loucura estupra Vívian, a personagem da Tais Araújo. A Autora aproveitou a abordagem para mostrar didaticamente todos os procedimentos que a mulher deveria tomar para denunciar esse crime hediondo.

Outro núcleo que também foi destaque em Anjo Mau foi o encabeçado por  Lília Cabral, Sérgio Viotti e a estreante Samara Felippo. Na trama, Goretti, a personagem da Lilia abre mão de seu grande amor, para casar-se com o Américo, personagem do Viotti, um senhor muito rico e com saúde debilitada, tudo isso para dar uma vida melhor a filha  que vivia revoltada por ser pobre.

Anjo Mau teve um  “Quem Matou?” que acabou levando Nice para a cadeia. O morto foi  Josias (Átila Iório), pai biológico da Nice. O Vilão era assassinado a golpes de facas, e  Nice  chega  a cena do crime com o pai ainda vivo, com tempo de dizer apenas “A Faca” , é quando Nice acaba pegando a arma do crime e se transforma na principal suspeita. No último capítulo é revelado  que a assassina de Josias foi Tiana (Telma Reston) a cozinheira dos Medeiros, que havia começado um romance com o Josias, mas teria ficado com medo de suas ameaças. Na primeira versão a assassina foi  Alzira (Wanda Lacerda), a mãe da Nice, que matara pelo mesmo motivo, medo das ameaças de Josias a sua filha e o marido.

        O Final do remake foi diferente da versão original. Em 1976, a censura não aceitou  Nice (Susana Vieira) ter um final feliz. A personagem morre no parto do filho que esperava de Rodrigo (José Wilker). Na versão de 1997, Rodrigo (Kadu Moliterno) e Nice puderam finalmente viver esse amor. Nice tem o bebê, sofre algumas complicações, porém escapa e reencontra seu grande amor dentro de um avião onde brindam a nova vida.

        No último capítulo a autora homenageou Susana Vieira. A Atriz é apresentada como a nova babá do Téo, na casa da família Medeiros. Foi uma participação mais do que especial. Na época, Susana Vieira fazia a vilã Branca Letícia de Barros Motta, da trama de Por Amor (1997) , do autor Manoel Carlos.

 

Terra Nostra (1999)



          Em 1999 Benedito Ruy Barbosa voltava ao horário nobre global com uma das novelas de maior sucesso da emissora. Terra Nostra foi aquele tipo de novela que acontece de tempos em tempos, a  trama chegou a dar 58 pontos de picos de audiência , índice alto levando em consideração os dias atuais.

        Com Terra Nostra , Benedito voltava a falar sobre um assunto o qual ele domina muito bem, a imigração. O Autor já havia falado sobre o assunto com maestria em Os Imigrantes (1981) na Rede  Bandeirantes e em Vida Nova (1988) na Globo.

        Mas em Terra Nostra Benedito pode mostrar essa imigração com toda a exuberância e veracidade que o assunto pedia. A imigração italiana no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX e sua importância na formação da sociedade brasileira. A novela conta essa história a partir do romance entre os jovens italianos Matteo (Thiago Lacerda) e Giuliana (Ana Paula Arósio), que resiste a todos os conflitos e provações para triunfar no final.  

        Thiago Lacerda e Ana Paula Arósio que viveram os inesquecíveis Matteo e Giuliana foram catapultados a astros de primeira grandeza na Globo graças ao sucesso de seus personagens. Ana Paula mesmo com uma personagem difícil e com alto grau de carga dramática , conseguiu segurar o papel e a Giuliana é ainda até hoje um dos mais conhecidos papéis da atriz.

        Os personagens de Terra Nostra são inesquecíveis, marcados por interpretações  impecáveis dos atores que lhe deram vida.

        Como esquecer o saudoso Raul Cortez e Maria Fernanda Candido, outro grande destaque da novela. O Relacionamento dos dois a certa altura da trama passou a ser tão interessante quanto ao dos protagonistas. Inesquecível o banho de banheira do casal em uma das cenas mais sensuais da novela.

         Maria Fernanda Cândido virou grande estrela do dia para a noite. A Atriz foi escolhida com a mulher mais bonita da século 20 em uma votação dentro do dominical Fantástico , vencendo nomes como Vera Fischer, Martha Rocha, Luiza Brunet e a da própria Ana Paula Arósio.  O “macarroon” criado por Paola na trama ganhou as mesas dos brasileiros. A empresa de massas Adria lançou o “Macarrão Terra Nostra” , assim com a Arisco  os  molhos e temperos tudo com a marca da trama.

         Ângela Vieira fez da  sua madame Janete , a algoz de Giuliana , um dos seus melhores momentos na TV. A Atriz estrelou a capa da edição da revista Playboy de outubro de 1999 com o slougan : A Bela vilã de Terra Nostra.

         Outros destaques absolutos no elenco : Antônio Fagundes, Paloma Duarte, Marcelo Antony,  Carolina Kasting e Débora Duarte. Débora inclusive graças ao seu bom trabalho a frente da personagem,  acabou salvando Maria do Socorro da morte.  Na sinopse a esposa de Gumercindo morreria de parto.

        Benedito idealizou Terra Nostra como um trilogia , que teria sua terceira fase terminando nos dias atuais (2000), mais apesar do grande sucesso da trama o autor preferiu encerrar a saga no início da segunda guerra mundial, mas com um enigmática frase  : “Essa história não acaba  aqui!”

        Assim ficou nítido que o autor escreveria uma “Terra Nostra 2” , contando a vida dos descendentes de Giuliana e Matteo, mais depois mudou de ideia e em 2002  lançou Esperança . A Novela falava também sobre imigração, mas desta vez de vários outras nacionalidades , não só  sobre os italianos.

         Terra Nostra roubou de Escrava Isaura (1976) o trono de novela brasileira mais vendida para fora. Em 2004 a trama de Benedito Ruy Barbosa  já havia sido vista em 83 países contra 79 da novela de Gilberto Braga.

        A Trilha sonora de Terra Nostra   foi  impecável com grandes nomes da música brasileira  interpretando canções em italiano. “Tormento D´Amore” interpretado por Aguinaldo Rayol e a menina Charlotte Church  foi o carro chefe do CD e o tema de abertura da novela. A Música ganhou as rádios do Brasil e se transformou em um grande sucesso. Assim como “Malia” cantado por Sandy e Jr; “O Solo Mio” do José Augusto; “Luna Rosa” Caetano Veloso; “Lacreme Napulitane/Vunria” na voz da Zizi Possi.

        Na trilha 2 da novela , Raul Cortez e Maria Fernanda Candido  interpretaram a canção “Noi Ci Amiamo”  para o tema de seus personagens, inclusive os dois estamparam a capa desse volume.

 

Laços de Família (2000)



          Laços de Família foi aquele tipo de trama onde tudo deu certo – da escalação do elenco ao texto , da direção ao roteiro, dos figurinos aos temas abordados, é uma novela  que entrou para o hall dos fenômenos do gênero e pontuou essa virada do século.

        A novela era centrada no amor incondicional de uma mãe pela filha,  e que acaba abrindo mão por 2 vezes,  de um grande amor, em favor dessa filha.   

        Em Laços de Família , Maneco mostrou todo o seu potencial para escrever sobre o cotidiano, suas alegrias e dramas  desta vida real. Suas novelas podem ser divididas e analisadas  como antes e depois de Laços de Família. A trama sem dúvidas foi seu ápice.

         A única exigência feita por ele para escrever a novela foi ter como protagonistas Vera Fischer Tony Ramos.  O autor disse que precisava de uma mulher que,  no auge dos seus 50 anos, fosse tão irresistível como uma menina de 20, e isso a Vera era. A cena do primeiro encontro dela com Edu (Reynaldo Gianechinni), depois da batida de carro,  com a Vera só de biquini em pleno o bairro Leblon é inesquecível. Aliás a Vera fez uma Helena espetacular, solar e com uma força que a personagem precisou durante toda a trama. Era a personagem certa para a atriz perfeita.  A Helena dela é  minha preferida entre todas as Helena´s do autor.

        Tony Ramos também fez do Miguel o divisor de águas em sua carreira. O Ator que já havia feito  outros trabalhos de destaque com o autor , como os gêmeos Quinzinho e João Victor de Baila Comigo (1981) e  o Álvaro de Felicidade (1991), mostrou um Miguel crível, sereno e dono da situação. Maneco disse que precisa de uma ator do perfil do Tony, para que mesmo depois do perdão dado a Helena, quando esta o deixa para viver novamente um romance com Pedro,  o personagem do JoséMayer, para engravidar e salvar a Camila,  ele  fosse compreendido e continuasse tendo seu perfil respeitado.

        Nessa contramão, Carolina Dieckmann viu acontecer com a Camila o mesmo que houve com a Eduarda, personagem da Gabriela Duarte, em Por Amor (1997),  trama anterior do autor. Foi criado o site “Eu Odeio a Camila”, exclusivo para os que simplesmente não aguentavam a personagem. Com  uma lista de vários motivos  para odiá-la: Traiu a confiança da mãe, era dissimulada , mimada, estava sempre com cara de tédio entre outros.

        Enfim a Camila só ganhou a empatia do público quando entrou na fase em que apresentou a leucemia. Todos que jogaram tantas pedras na personagem se juntaram em uma corrente de torcida pela sua pronta recuperação, mostrando a força da personagem e sua intérprete, que talvez precisasse dessa rejeição inicial, para que o impacto da sua doença fosse ainda mais forte.

        A cena em que Camila raspa a cabeça entrou para o hall dos momentos que marcaram a teledramaturgia de todos os tempos, e proporcionou à Globo seu maior pico de audiência do ano de 2000. Exibido em 11.12.2000, ao som de “Love By Gracy” da Lara Fabian , o IBOPE apurou que 79% dos televisores  do país estavam sintonizados na novela.

        As imagens com a Carolina Dieckmann  raspando a cabeça em consequência do tratamento da foram usadas posteriormente numa campanha da emissora sobre a doação de medula.  As discussões sobre a doação de medula  tomaram conta dos quatro cantos do país, e neste entrecho o autor teve como assessor o Dr. Jorge da Mata, então médico do INCRA- Instituto Nacional do Câncer. De novembro de 2000, quando o tema foi ao ar, a janeiro de 2001, a média de cadastrados no Registro Brasileiros de Doadores Voluntários de Medula Óssea  (REDOME), saltou de vinte para novecentos por cento – um crescimento de 4.400%.

         Além de seus protagonistas outros atores fizeram  de Laços de Família um palco para seus personagens – Giovanna Antonelli foi a grande revelação do ano – A Capitu, garota de programa de luxo, que se prostituia   para sustentar os pais e o filho, marcou a carreira da atriz, que saiu da novela já  credenciada para viver uma  protagonista do horário nobre  - A Jade de O Clone (2001).

        Marieta Severo e sua personalistica  Alma, foi outro destaque no currículo da atriz. A personagem lhe deu o troféu de melhor atriz do ano pela APCA. Depois de Laços de Família, Marieta assumiu a Dona Nenê da nova versão de A Grande Família (2001 – 2014), onde ficou por 13 anos, voltando a novela em 2015 na trama de Verdades Secretas (2015).

        Outros destaques do elenco – Déborah Secco como irritante Íris; José Mayer e o machão Pedro; Lília Cabral  como a Ingrid – a cena em que a personagem é assassinada em um assalto,  logo ao chegar ao Rio de Janeiro,  também é uma das marcantes da novela.

          Reynaldo Gianechinni ganhou o protagonista Edu, logo em sua estreia na tv. Apesar de ter sido bombardeado de críticas, o ator tirou de letra o personagem. Teve alguns percalços, mas nada que não pudesse ter sido contornado. Não a toa que depois da trama ele foi alçado ao posto de  astro de primeira grandeza e protagonizou varias outras novelas.  Uma das cenas que mais chamou minha atenção do Gianechinni é a que o Edu descobre a doença da Camila, quando o médico lhe dá o diagnóstico. Ele se tranca em uma sala, sozinho, antes de contar qualquer coisa para outro familiar, e chora, chora ... muito emocionante.

         Laços de Família  foi a primeira novela da Juliana Paes, que se destacou como a empregada Ritinha; Daniel Boaventura, Zé Victor Castiel e Inez Viana. Foi também a primeira novela da Globo da atriz Regiane Alves.

          Laços de Família é um novelão no melhor sentido desta palavra, recheada de cenas memoráveis e grandes interpretações no auge da criatividade do Manoel Carlos. 

 

Veja Também:

Globo 50 anos 


Globo 50 anos 2 


Novelas Inesqueciveis - Mulheres de Areia (1993) 



Trilha Sonora Eterna - Mulheres de Areia (1993)



Trilha Sonora Eterna - Mulheres de Areia Internacional (1993) 

Novelas Inesquecíveis - A Indomada (1997) 

Aberturas Inesquecíveis 
Trilha Sonora Eterna - Volume 1 

Trilha Sonora Eterna - Volume 2 

Aberturas Inesqueciveis  -Brilhante (1981)



Novelas Inesquecíveis - Laços de Família (2000)



Trilha Sonora Eterna - Laços de Família (2000)

Fonte:

Texto: Evaldiano  de Sousa

 

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