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Enquete e10blog - Melhores do Ano

Remakes Inesquecíveis (Parte 2)

Éramos Seis, A Barba Azul/A Gata Comeu, Selva de Pedra, As Pupilas do Senhor Reitor Meu Pedacinho de Chão

        Com o retorno da segunda versão de  Selva de Pedra no Viva em agosto e  a próxima novela das seis -  Éramos Seis -  os remakes voltaram a virar assunto entre os  noveleiros de plantão.  
        Remake – que no inglês quer dizer “Refazer” -  na verdade é a refilmagem  e regravação de filmes, novelas e/ou seriados ou outras produções do gênero, que já foram apresentadas anteriormente e voltam com ou não  uma nova leitura.
        Aqui no Brasil o remake de novelas sempre é   um assunto muito comentado, o telespectador quando ouve falar que um remake está em produção  já começa a especulação, comparações, curiosidade para saber quem vai fazer aquele personagem imortalizado por um outro ator, enfim é um chamariz a mais.
        Da mesma maneira que um remake pode chamar público para uma produção, não deixa de ser uma estrada de mão dupla, e essas comparações constantes com a obra anterior pode ser muito prejudicial a trama atual.   
        Várias emissoras já produziram remakes que marcaram uma época e outros que praticamente passaram em branco,  hoje o e10blog apresenta a segunda parte do remakes já produzidos e que o  blog mais gostou.
 
Éramos Seis (Tv Record/1958 , Tupi/1967 e 1977 e SBT/1994)

        Éramos Seis  será a  próxima novela das seis Global, que irá substituir Órfãos da Terra. Essa será a quinta adaptação do romance de Maria José Dupré.  A primeira foi  apresentada  como  mininovela de dois capítulos por semana, na TV Record, em fins de 1958, com Gessy Fonseca (Lola) e Gilberto Chagas (Júlio).  Cleyde Yáconis e Silvio Rocha protagonizaram a segunda, a de 1967, já diária, na TV Tupi. A terceira foi adaptada por Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho em 1977, dez anos após esta segunda versão, também pela TV Tupi, com Nicette Bruno (Lola) e Gianfrancesco Guarnieri (Júlio). A quarta vez, e a de maior sucesso até então , foi a  produzida pelo SBT em 1994 (na verdade um remake da versão de 1977), com Irene Ravache (Lola) e Othon Bastos (Júlio).
        A Segunda versão da história, a da Tupi de 1977, foi o primeiro trabalho de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho como autores de novelas. Silvio já fora ator e, à época, dirigia e roteirizava filmes de pornochanchada. Rubens já era um reconhecido crítico de cinema e também havia escrito roteiros de filmes. Na ocasião, a Globo fazia muito sucesso no horário das sete da noite com a ensolarada e carioca novela Locomotivas. Carlos Zara, então diretor da Tupi,   pediu uma novela do tipo da concorrente, mas que se passasse em São Paulo. Silvio de Abreu argumentou que em São Paulo não havia sol, nem praia, nem paisagens para bater de igual com a Globo. Sua sugestão foi uma novela com a cara de São Paulo e do povo paulista como foi aquela versão de Éramos Seis.   Após o excelente trabalho, Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho foram, em 1978, contratados pela Globo: Silvio escreveu Pecado Rasgado, para o horário das sete, e Rubens adaptou Gina, outro romance de Maria José Dupré, para as seis horas.
        A Quarta adaptação, apresentada pelo SBT, também do Silvio e Rubens,  foi um marco para  a teledramaturgia da emissora, considerada a melhor produção do gênero, tanto pela direção, adaptação, roteiro e   elenco primoroso. Irene Ravache como Dona Lola,  certamente é um dos seus melhores trabalhos na tv, e me arrisco a dizer que a melhor interpretação da personagens de todas as versões.
        A quinta adaptação que está prestes a estrear com Glória Pires no papel  de Dona Lola,  vem sendo aguardada com muita ansiedade pelos fãs da trama – Será um remake exato da versão de 1994? Apesar de Éramos Seis ser uma trama de época, a época em que cada uma foi produzida trouxe nítidas atualizações que a diferem uma da outra. Para saudosistas assim como eu, espero uma versão  global  da versão do SBT, minha preferida.

A Barba Azul (Tupi/1974) e A Gata Comeu (Globo/1985)

        Comédia leve e romântica que caiu no gosto do público nas duas vezes que foi produzida.   A Barba Azul ,  a original, tinha um atrativo extra: mostrava cenas verídicas de amor do casal Eva Wilma e Carlos Zara,  a Jô e o Professor Fábio, que oficializaram sua união durante a exibição da novela.
        O Remake produzido em 1985, com ChristianeTorloni e Nuno Leal Maia,  se transformou em uma novela cultuada por uma legião de fãs que foram crianças na época. Divertida história em que IvaniRibeiro explorou o tumultuado romance entre a mimada Jô Penteado e o certinho Professor Fábio, criando ganchos folhetinescos irresistíveis, com forte apelo infanto-juvenil e um toque lúdico, sem muito compromisso com a verossimilhança.
        Este é o único remake da  lista em que o nome original  foi trocado.  O primeiro título  pensado para o remake foi Pancada de Amor Não Dói,   péssimo e de mau gosto, diga-se de passagem, sabiamente trocado por A Gata Comeu. Quando começaram as primeiras chamadas, o nome causou estranhamento: o que a gata comeu, afinal? A referência estava na música de Caetano Veloso gravada pelo grupo Magazine (de Kid Vinil) para a abertura: “Ela comeu meu coração, trincou, mordeu, mastigou, engoliu, comeu…”. Jô era a gata que comia o coração de seus pretendentes.
        Em ambas as versões o Clube do Curumim  da história formado por um grupo de crianças conquistou  as crianças telespectadoras da novela    os atores mirins eram   Haroldo Botta, Douglas Mazzola e Suzy Camacho, na versão de 1974 e , Danton Mello (com 10 anos na época), Juliana Martins (11 anos) e Oberdan Júnior (14 anos),  entre outros formaram o Clube do Curumim na versão de 1985.
        Infelizmente um terceiro remake fiel as originais  de A Barba Azul/A Gata Comeu  com os atuais padrões  é impossível. Imaginem a relação de gato e rato da Jô e Fábio com direito a tapa de cara – com o “Bateu, levou!? Para as  suas respectivas épocas A Barba Azul (1974)  e A Gata Comeu  couberam perfeitamente, como minha mãe costuma dizer – “Eram outros tempos”! Adaptá-las para a atual realidade  precisaria de tantas modificações que não reconheceríamos as tramas.

Selva de Pedra (Globo – 1972 e  1986)

        O Remake de Selva dePedra  foi o primeiro que assisti, lembro que na época  nem sabia o que era um “Remake” , mas  minha mãe e umas vizinhas que assistiam a novela na sala lá de casa, ficavam comparando as novelas, ou seja eu  entendi que a novela estava sendo “regravada”. A Diferença entre  a trama original e o remake  era de apenas 14 anos, o menor tempo  de distância até então.
        O Remake não chegou nem perto do sucesso da original, que chegou a dar 100% de audiência no capítulo em que Simone (Regina Duarte) era desmascarada, mas é o remake de maior sucesso já produzido se comparado aos outros feitos de obras da autora (Irmãos Coragem em 1995 e PecadoCapital em 1998). 
        Esse retorno do remake através do Viva, primeira reprise da  novela,  sem dúvidas é um grande presente  para os nostálgicos noveleiros de tramas dos ano 80, mas também a chance de mostrar para uma nova geração um estilo próprio de fazer novelas, o estilo Janete Clair  de contar histórias e entreter.
        O ponto de partida da história foi a notícia de que um tocador de bumbo, em uma praça do interior de Pernambuco, foi ridicularizado por outro rapaz e o matou. Entretanto, a trama central era inspirada no romance Uma Tragédia Americana, de Theodore Dreiser (publicado em 1925), que já havia rendido duas versões cinematográficas: o filme, com o mesmo título do romance original, de Joseph Von Sternberg (em 1931), com Sylvia Sidney, Philips Holmes e Frances Dee; e o filme Um Lugar ao Sol, de George Stevens (em 1951), com Shelley Winters, Montgomery Clift e Elizabeth Taylor.
        Uma das cenas mais marcantes de Selva de Pedra não estava na sinopse de Janete Clair. A Cena em que Fernanda (Dina Sfat/Christiane Torloni) ao ser abandonada por Cristiano (Francisco Cuoco/Tony Ramos)  no altar, dá seu primeiro grande sinal de loucura ao sair rasgando o vestido de noiva correndo da igreja.  A  Censura Federal impediu o casamento de Cristiano e Fernanda. Ainda que Cristiano acreditasse estar viúvo de Simone (Regina Duarte / Fernanda Torres), considerada morta em um desastre de carro (no que, inclusive, os demais personagens acreditavam), os obtusos censores consideraram a situação atentatória aos bons costumes da família brasileira, alegando que a personagem continuava viva e que, se Cristiano se casasse novamente, estaria incorrendo no crime de bigamia. Vinte e dois capítulos foram inutilizados e dezenas de sequências foram regravadas, a começar pela cena em que Fernanda espera o noivo na igreja.
        No original,  grande trabalho de Regina Duarte. E destaque também para Carlos Vereza e Dina Sfat, que viveram Miro e Fernanda. O malandro Miro, um tipo de caráter duvidoso, mas extremamente carismático, lançou a gíria “amizadinha”, que ganhou popularidade fora das telas. No Remake , a Fernanda e o Miro também tiveram muito destaque, desta vez vividos pela Crhistiane Torloni e Miguel Falabella.
       
AsPupila do Senhor Reitor (RecordTv/1970 e SBT/1994)

        As Pupilas do Senhor Reitor foi o primeiro grande trabalho de LauroCésar Muniz em novelas. A adaptação do romance de Júlio Diniz foi produzida com todo o requinte que a TV Record poderia empregar.  O sucesso fez a novela ter seu horário de exibição alterado das 19 para as 20 horas.
        No final do ano de 1994,  o SBT produziu um remake dessa novela, alcançando um bom resultado, tendo Jucade Oliveira, Débora Bloch e Luciana Braga nos papeis originalmente vividos por Dionísio Azevedo (Padre Antônio), Márcia Maria (Guida) e Geórgia Gomide e Maria Estela (Clara).
        O destaque do remake  foram as beatas fofoqueiras Zefa das Graças, Brásia e Rosa, interpretadas por Ana Lúcia Torre, Cláudia Mello e Míriam Mehler. E também Cláudio Fontana, ótimo vivendo Manoel do Alpendre, que lhe rendeu, inclusive, a última cena, a que finalizou a novela.

Meu Pedacinho de Chão (Globo e Cultura/1972 e Globo/2014)

        Coprodução da TV Globo do Rio de Janeiro com a TV Cultura de São Paulo. MeuPedacinho de Chão foi a primeira novela original exibida no horário das seis da Globo (ainda que a faixa só se estabelecesse definitivamente em 1975). Foi também a primeira novela educativa da TV brasileira. Seu cunho era rural e discutia os problemas de um pequeno vilarejo. E o primeiro trabalho de BeneditoRuy Barbosa exibido na TV Globo – mesmo ele ainda não sendo contratado da emissora, o que aconteceria somente em 1976.
        Em 2014, a Globo produziu uma bem sucedida nova versão da trama, uma versão bem mais lúdica e pinceladas ao estilo da obra de Tim Burton, que já havia servido de inspiração para o remake de Saramandaia,  um  ano antes.
        O Remake foi um grande sucesso com atores consagrados vivendo papéis bem caricatos e diferentes do que já haviam feito até então, com o  caso do AntônioFagundes (Seu Giácomo), Juliana Paes (Catarina), Rodrigo Lombardi (Pedro Falcão) e Osmar Prado (Coronel Epa).
        Na Meu Pedacinho de Chão da década de 1970, os protagonistas Zelão e a Professora Juliana foram vividos por Maurício do Valle e Renée de Vielmond,  no remake os papéis couberam a Irandhir dos Santos,  estreando na tv e Bruna Linzmeyer, que  apareceu com um visual inspirado nas bonecas de mangás. Para  compor o visual , a atriz  pintou os cabelos de rosa. O processo foi supervisionado por Rubens Libório, responsável pela caracterização da novela. Além de ter mudado a cor, todos os dias a atriz fazia baby-liss para ficar com os cachinhos de boneca.
        Destaca-se também  no remake o amadurecimento profissional de Johnny Massaro e Paula Barbosa – irrepreensíveis como Ferdinando e Gina.
        A novela original já tivera uma “continuação”: Voltei Pra Você, apresentada entre 1983, em que foi mostrado os personagens Pituca e Serelepe na fase adulta (eles eram crianças em Meu Pedacinho de Chão).
Veja Também:  
Novelas Inesquecíveis - A Gata Comeu (1985)
Novelas Inesquecíveis - Selva de Pedra (1972)
Novelas Inesquecíveis - Selva de Pedra (1986)
Trilha Sonora Eterna - Selva de Pedra (1986) 
Trilha Sonora Eterna - Selva de Pedra Internacional (1986)
Novela Inesquecíveis - A Barba Azul (1974)
Novela Inesquecíveis - Éramos Seis (1994) 
Novelas Inesquecíveis - As Pupilas do Senhor Reitor (1994)
Novelas Inesquecíveis - Meu Pedacinho de Chão (1971)
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa

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