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Enquete e10blog - Melhores do Ano

10 Novelas das oito que o e10blog não esqueceu



        A novela das oito,  horário em que a Globo perpetuou com uma novela apresentada sempre depois do Jornal Nacional, acabou se transformando em uma  tradição nacional, aquele horário em que toda família se concentra na frente da tv para acompanhar aquela história. Não à toa o horário nobre e de maior audiência entre todos.
        A primeira novela apresentada pela Globo neste horário foi O Ébrio (1965), que estreou em 8 de novembro  daquele ano. Com o término de O Ébrio, a Globo teve uma pequena interrupção do horário e apenas em setembro de 1966 apresentou a nova trama das oito – O Rei dos Ciganos, do Moysés Weiltman, e a partir de então não parou mais.
        Com 74 novelas apresentadas como novela das oito, apesar delas nunca terem realmente começado às 8 horas, a partir de Laços de Família (2000), quando a trama do Manoel Carlos  foi reclassificada pelo ministério da Justiça,  e passou para o horário das nove, todas as tramas seguinte passaram a começar nesse horário, embora continuassem com a denominação de “Novelas das Oito”, só a partir de Insensato Coração (2011), que o horário  deixou de ser oficialmente  Novela das Oito” e passou para denominação de “Novela das Nove”.
        A Maior novela em tempo de exibição e quantidade de capítulos exibidos no horário até hoje foi a primeira versão de Irmãos Coragem (1970), com 328 capítulos, exibidos no período entre 08 de Junho de 1970 e 12 de junho de 1971. A novela é da autora Janete Clair, titular de 16 das 74 novelas das oito exibidas pela Globo. A autora também é a única  do horário que teve tramas exibidas sucessivamente . Após a conclusão de Anastácia, a Mulher sem Destino (1967), do EmilianoQueiroz, ela foi responsável por todas as seis produções exibidas  entre 1967 e Janeiro de 1973, quando se iniciou Cavalode Aço (1973), do autor Walther Negrão.
        Durante a década de 80, grandes autores da nossa teledramaturgia fizeram seu nome com tramas que marcaram o horário das oito – Aguinaldo Silva escreveu 13 novelas, sendo 8 em parceria com outros autores; contra sete do Manoel Carlos; Glória Perez escreveu 6, sendo uma em parceria como outro autor e , Silvio de Abreu escreveu 5.
       
Dancin´Days (1978)

        Dancin´Days foi uma espécie de Avenida Brasil nos anos 70. A  mágico mundo das discotecas era o pano de fundo para a rivalidade entre as irmãs Julia Mattos e Yolanda Pratini, vividas magistralmente por Sônia Braga e Joanna Fomm.
        O sucesso da trama elevou Gilberto Braga ao casting de grandes autores da emissora logo em seu primeiro trabalho em horário nobre e transformou Sônia Braga em estrela nacional e internacional.  A Novela foi  matéria de reportagem da revista americana Newsweek  falando sobre o efeito que a  trama causou na sociedade brasileira, ditando regras e lançando moda. Foi a primeira novela brasileira  que o México, pais tradicional em exportação de novelas,  apresentou. Até hoje  Dancin´Days já foi vista em mais de 40 países.  
         A trama  tem como história central a vida de  Júlia Matos (Sônia Braga),  uma ex-presidiária que ganha liberdade condicional após onze anos de prisão, e tenta se reaproximar da filha Marisa (Glória Pires), tendo como principal obstáculo a irmã Yolanda Pratini (Joana Fomm), que criou a menina cercada de luxo e mimos. Yolanda, uma socialite que optou por se casar (com o rico Horácio Pratini, vivido pelo José Lewgoy ) para subir na vida, queria que Marisa e a irmã trilhassem o mesmo caminho. Júlia, corajosa e determinada, tenta, sem muito sucesso, se reestabelecer fora do presídio, enquanto faz das tripas coração para ser aceita pela filha, que a trata com hostilidade e aparente indiferença.
        Para o título da trama, Gilberto Braga pegou o nome emprestado da boate de Nelson Motta, a Frenetic Dancing Days Discothéque. A Discoteca foi mantida pelo produtor musical durante quatro meses do ano de 1976, no recém-inaugurado Shopping da  Gávea no Rio de Janeiro.
        Yolanda Pratini foi entregue a Norma Benguell, que inclusive já havia gravado algumas cenas quando se desentendeu com Daniel Filho e deixou a novela. Joana Fomm, que fazia a personagem Neide, empregada da casa de Celina (Beatriz Segall), assumiu a personagem, iniciando com ela,  o leque de vilãs  que viveria a partir de então.
        A Dobradinha Sônia Braga x Joana Fomm foi outro ponto forte da trama. As irmãs brigaram até o último segundo da novela se reconciliando no final em uma das cenas mais marcantes da novela – a briga de Júlia e Yolanda na boate – uma das clássicas da nossa teledramaturgia.
        Outros nomes do elenco também fizeram de Dancyn´Days um palco de tão bem que estiveram em seus papéis -  como os saudosos Mário Lago, na pele do sofisticado e sonhador Alberico; Yara Amaral, que com sua interpretação magistral salvou a problemática Áurea do suicídio previsto na sinopse da trama, e  junto como Joana Fomm, ganhou o prêmio de melhor atriz do ano pela APCA  e Lourdes Mayer como a simplória Ester.
        Sempre falamos de Sônia Braga e Joana Fomm ao lembrarmos de Dancin´Days, mas a Pepita Rodrigues deu vida uma personagem tão importante quanto as protagonistas da trama. A Carminha representava como ninguém o “povão” dentro da sofisticada história do Gilberto Braga. Sempre preocupado com os devaneios do pai,  o dinheiro do aluguel  no final do mês e seus dramas particulares,  como o relacionamento com Jofre (Milton Moraes) e depois com o Franklin (Cláudio Correa e Castro), que culmina em uma grande decepção na reta final. A Boneca Pepa,  que a personagem tinha e sempre recorria quando precisava desabafar,   numa inserção de merchandising vendou mais de 400 mil cópias segundo o fabricante.
        Assisti Dancyn´Days pela primeira vez na reprise do Canal Viva em  2014, e percebi que a trama teve seus percalços, e apresentada nos dias de hoje talvez não surtisse o mesmo efeito de 1978. As cenas de grandes diálogos logo seriam taxadas de lentas, isso sem falar em alguns entrechos que não condizem com o estilo do Gilberto Braga. Um dos pontos mais graves sem dúvidas é o romance da Júlia e Cacá (Antônio Fagundes). Os dois só se encontram na trama muitos capítulos depois do início, e o romance  nunca foi marcado por uma química, isso devido  muito ao fato do personagem do Fagundes ser tão chato  e  não  ornava  com a Júlia em nenhuma de suas fases.
        E por falar em personagens chatos alguns merecem um prêmio por isso em Dancyn´Days : A Inês da Sura Berditchewsky; O Ubirajara do AryFontoura; A Marisa da Glória Pires;  O Aníbal do Ivan Cândido e a Celina da BeatrizSegall. Esses dois últimos até morreram nos capítulos iniciais de tão sem função que ficaram na trama.
        Dancin´Days   sempre será lembrada  e citada como a  novela que serve de referência até hoje , imortalizou interpretações, marcou estilo e pontou  em nossa memória o início da era disco.      


        Uma microcosmo em forma de sátira do Brasil mostrando a força de um mito acima da  verdade. Essa era a mensagem principal da novela Roque Santeiro, do autor Dias Gomes  no ar pela Globo em 1985.
        A Novela se transformou em um dos maiores sucessos da teledramaturgia nacional e o Brasil foi tomado pelo vocabulário, trejeitos e bordões que os personagens apresentaram.  Roque Santeiro  foi encomendada para ir ao ar em 1975 para comemorar os 15 anos da Rede Globo, mas horas antes de estrear a censura vetou a novela alegando que que ela tinha “Ofensa à moral e aos bons costumes”.  A Globo teve que se virar para preencher o horário. Lançou um compacto da novela Selva de Pedra de 1972 e em pouco mais de 90 dias Janete Clair apresentou no horário a novela Pecado Capital com quase todo o elenco de Roque Santeiro. Coincidência ou não,  Pecado Capital é um dos maiores sucessos da autora, mesmo tendo sido feita às pressas.
        Em 1985, finalmente a história do mito religioso que virou santo e a viúva que foi sem nunca ter sido pode  ser contada e apresentada tal qual Dias Gomes queria para o Brasil inteiro.  A Novela se transformou em fenômeno nacional e mesmo hoje quase 30 anos depois de sua estreia  é citada como sinônimo de  sucesso no gênero.
        A História do falso santo  mistificado pela alta sociedade asabranquense que viu   em Roque a chance de transformar a cidade em um ponto turístico, bombando o comércio da exploração desse mito, teve seu ápice em uma das cenas mais emblemáticas da novela.   Padre Albano (Cláudio Cavalcanti),  que representava a  nova igreja com uma visão mais humana e progressistas  sobre a humanidade, bate o sino da igreja no intuito de contar para toda cidade sobre o falso santo, e que Roque (José Wilker) na verdade havia assaltado a cidade e estava vivo. Na hora em que toda a cidade está reunida  na praça da matriz , Beato Salu (Nelson Dantas) , o pai de Roque que estava em coma há alguns dias,  simplesmente sai do coma e invade a praça. O Povo logo atribui a cura do beato a Roque Santeiro, deixando Padre Albano sem chances de destruir o mito, constatando a força que ele tem.
        Regina Duarte brilhou absoluta na pele da fogosa e extravagante Viúva Porcina. A personagem na versão de 1975 seria vivida por Betty Faria, a atriz não aceitou fazer em 1985, e assim a Regina pode mostrar um novo lado do seu trabalho e se consagrou como grande estrela numa interpretação visceral da viúva que foi sem nunca ter sido.  O Figurino, maquiagem e extravagâncias da personagem foram copiados nos quatro cantos do Brasil.
         Mas outros atores também eternizaram seus personagens com interpretações irretocáveis, como Lima Duarte e o inesquecível Senhorzinho Malta; José Wilker que viveu o protagonista Roque;   Ary Fontoura  na pele do Florindo Abelha;  Eloisa Mafalda e sua Dona Pombinha; Lucinha Lins que deu vida a Mocinha; Cássia Kiss Magro e a reprimida Lulu, Armando Bógus e seu Zé das Medalhas; o Cego Jeremias vivido pelo Arnaud Rodrigues;  Paulo Gracindo na pele do Padre Hipólito, Fábio Jr e o galanteador ator Roberto Matias;  Lídia Brondi e destemida Tânia  entre outros.  
         Foi a partir do sucesso da trilha de Roque Santeiro Nacional que a Som Livre passou a lançar trilha sonora volume 2 ao invés da internacional das novelas regionais.  A Trilha internacional de Roque Santeiro já estava prontinha para ser lançada quando a emissora resolveu cancela-la e lançou o Volume 2 com mais músicas nacionais que novamente fizeram sucesso. Entre alguns dos sucessos  da trilha da novela vale destacar De Volta Pro Aconchego” da Elba Ramalho; “Dona” do Roupa Nova; “Sem Pecado e Sem Juízo” da Baby do Brasil; “Mistérios da Meia-Noite” do Zé Ramalho; “Roque Santeiro” do Sá e Guarabira; “Vitoriosa” do Ivan Lins entre outras sucessos.
        Na trama vale destacar também tramas paralelas que ajudaram a segurar a atenção dos telespectadores nos 209 capítulos, como a disputa interna dentro da igreja representada pelo Padre Hipólito (Paulo Gracindo) e Padre Albano (Cláudio Cavalcanti);  O amor que surge na metade da novela entre Tânia, vivida pela Lídia Brondi, a filha do Senhorzinho  Malta e Padre Albano;  a Boate Sexus, da Matilde (Yoná Magalhães) que trazia para Asa Branca show com lindas mulheres sensualizando, o que escandalizava as beatas da cidade; e a figura do Lobisomem, que assustava a mulherada da cidade nas noites de lua cheia. No final é revelado que o místico personagem era o Professor Astramor, vivido pelo ator Ruy Resende, o principal suspeito desde o início da novela.
        A Novela apresentou um final ao estilo do filme Casa Blanca. Porcina tinha que decidir se abandonaria Asa Branca viajando com Roque, ou se continuaria na cidade com Senhorzinho Malta, sendo eternamente a Viúva de Roque. O Capítulo que deu  95 pontos de IBOPE em São Paulo, acabou mostrando a Viúva ficando em Asa Branca, provando que o Mito havia vencido a verdade e a cidade continuaria da mesma forma.
       
Vale Tudo (1988)

        Escrita por Gilberto Braga com colaboração de Leonor Basseres e Aguinaldo Silva, e com direção cirúrgica do Denis Carvalho,  Vale Tudo veio com o intuito de mostrar a cara do Brasil, tendo com mote principal a pergunta : “Vale a pena ser honesto no Brasil de hoje?”.
        Vale Tudo , juntou o mais fiel dos folhetins com uma crítica social aguçada, que fez os brasileiros pararem para pensar. Gilberto Braga usou como  os dois pontos dessa histórias as figuras de Raquel Acciolly ( Regina Duarte ) e Ivan ( Antônio Fagundes )  representando o lado honesto e integro , e Odete Roitmann ( Beatriz Segall ), Maria De Fátima ( Glória Pires ) e César ( Carlos Alberto Ricelli ) que  retratavam o que havia de podre no país.
        A trama  mostra uma  dualidade entre mãe e filha : Maria de Fátima buscando ficar rica com o casamento arranjado, enquanto Raquel, vendendo sanduíches na praia, acaba subindo na vida e, de maneira honesta, vira dona de uma rede de restaurantes industriais.
         Vale Tudo nos apresentou um leque de personagens inesquecíveis, a começar pela “trinca de ouro” da novela. Raquel Aciolly , Maria de Fátima e Odete Rotmann. Regina Duarte na pele da honestíssima Raquel brilhou e espalhou seu bordão “Sangue de Jesus de poder” dito a cada batalha vencida pela personagem. A Raquel chegou a ser criticada  devido o exagero de honestidade da personagem , mas que no decorrer da trama foi dosado , principalmente quando ela finalmente entende que Maria de Fátima não presta e dá o troco na filha.
        Falar de Vale Tudo  e não citar essa dupla , é impossível, Glória Pires  e Beatriz Segall na pele das vilãs Maria de Fátima e Odete Roitmann foram a alma da novela . A Odete da Beatriz, é de longe sua melhor personagem na TV e a mais marcante.  Glória Pires se entregou de corpo e alma para viver a interesseira Maria de Fátima, que fez todas as possíveis e impensáveis maldades e falcatruas na trama. Nos capítulos finais o autor ensaiou  um arrependimento para a personagem , que pareceu que iria se redimir , mas na semana final ela não resiste, deixa o filho com Raquel e entra em mais uma armação para se dar bem, casando-se de “fachada” com um principe, e óbvio com César de amante do lado.
        A Heleninha Roitmann vivida pela Renata Sorrah , também deixou sua marca em Vale Tudo. Alcoolotra e culpada por pensar ter sido ela a responsável pela morte do irmão, Heleninha vivia entre altos e baixos na trama, e tornou inesquecíveis seus barracos cada vez que tomava um porre.
        Solange Drupat, magistralmente vivida pela Lídia Brondi, foi outro grande  destaque. Logo de cara seus look´s e cabelo de franginha virarão moda no país inteiro.
        Um dos crimes mais famosos da teledramatugia, foi o assassinato da vilã Odete Rotimann no capítulo 193, que apesar de ter ficado apenas 13 dias no ar a  pergunta : “Quem Matou Odete Rotmann?”  tomou conta do Brasil , e virou bolsa de apostas.
A revelação  da identidade do assassino foi uma das mais criativas na minha opnião. O Autor revela que no final apesar de ter motivos suficientes para ser morta por vários personagens da novela, Odete na verdade fora assasinado por engano. Leila esposa de Marco Aurélio já sabendo do seu caso com sua então amiga Maria de Fátima , fica transtornada ao descobrir que eles usavam sua própria cama, desesperada ela sai à procura do marido em seu apartamento da época de solteiro, ao entrar ver a sombra de alguém no lavabo  e pensando ser Fátima dispara o revólver.
A Novela Vale Tudo  causou uma alvoroço de audiência quando começou a ser reprisada pelo Canal Viva em outubro de 2010, repetindo o sucesso da exibição original e da reprise no Vale a Pena Ver de Novo da Globo, só que desta vez com o “auxílio” das redes sociais. O #ValeTudoTeam diariamente liderava os “topic Trends”  do twitter no horário de exibição, e fez mais uma vez o Brasil inteiro se emocionar com os personagens inesquecíveis de Gilberto Braga. A Exibição no Viva , apresentou a trama para uma nova geração que  pode ver o que era uma novela de verdade.
        Nunca mais existirão  na teledramaturgia personagens tão “ricos” dramaturgicamente falando, como  uma Maria de Fátima , Raquel Accioly, Odete Roitman entre outros. Vale Tudo é mais um dos títulos que logo, logo estarão na  íntegra no Globoplay.


Tieta  (1989)


        Tieta é   uma livre adaptação do romance Tieta do Agreste do Jorge Amado e o trio de autores usou do livro o perfil dos personagens que foram dosados com pitadas bem características  nordestinas o que deixou  praticamente todos os personagens inesquecíveis.
        A trama inicia-se quando Tieta (Cláudia Ohana / Betty Faria)  é escorraçada da cidade pelo pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcellos). Irritado com o comportamento liberal da jovem e influenciado pelas intrigas da sua outra filha, Perpétua (Adriana Canabrava/Joana Fomm) , ele decide esquecer que é pai de Tieta e expulsa-a de casa. Humilhada e abandonada pela família, Tieta segue para São Paulo, fugindo do conservadorismo de Santana do Agreste. Vinte e cinco anos depois,  rica e exuberante, Tieta reaparece em Santana do Agreste, decidida a vingar-se da família e das pessoas que a maltrataram.
        O Elenco espetacular escalado para imortalizar esses personagens de Jorge Amado com certeza é responsável por 80% do sucesso da trama. Muitos atores  tiveram em Tieta seus melhores papeis desde ou até então.
        Para Betty Faria que imortalizou a Tieta na TV, o termo exuberância é o mais  apropriado. A Atriz estava em estava de graça na pele da protagonista. No auge da sua beleza Betty deu a sensualidade que a personagem pedia somado a interpretação impecável  da grande atriz que é. Betty Faria tinha acabado  de fazer a novela O Salvador da Pátria do Lauro César Muniz que antecedeu Tieta, mas como a personagem  na versão madura só entrava na trama por volta do capítulo 20, ela  finalizou a Marina Cintra que vivia na trama do Lauro e emendou em Tieta. A mudança e caracterização da personagem foram perfeita, e é impossível imaginar outra Tieta que não Betty Faria.
        Como antagonista de Tieta , Joanna Fomm uma expert em viver grandes vilãs, mais uma vez deu um show em cena com a caricata e perversa Perpétua. A Personagem foi àquela clássica vilã cômica e nos proporcionou cenas inesquecíveis, com a de quando flagra o filho com a irmã e fica cega ou o embate final dela com Tieta , onde  ao invés de desmascarar a irmã,  Perpétua é “descabelada” por ela, se mostrando careca para toda a cidade reunida na igreja.
        Outros atores também foram destaques com seus impecáveis personagens  como Paulo Betti (Timóteo); Yoná Magalhães (Tonha); Arlete Salles (Carmosina); Luciana Braga (Imaculada); Paulo José (Gladstone); Tássia Camargo (Eliza) ; Ary Fontoura (Cel. Artur da Tapitanga); Armando Bógus (Modesto Pires),Lídia Brondi (Leonora);  Lilia Cabral (Amorzinho) e os saudosos Miriam Pires e sua espetacular Milú que marcou  com o bordão “Mistéeeeeeeeeerio” e Sebastião Vasconcellos com o seu ignorante Zé Esteves.
        A trilha sonora foi outro grande acerto da novela com temas que viraram clássicos como : Coração do Agreste  (Fafá de Belém); Uma Nova Mulher (Simone); Imaculada (Elba Ramalho); Tenha Calma (Maria Bethânia); Meia Lua Inteira (Caetano Veloso); Tudo que Se Quer (Emilio Santiago e Veronica Sabino); No Rancho Fundo (Chitãozinho e Xororó); Amor Escondido (Fagner);  Eu e Você (José Augusto); Dancei (Martinho da Vila), A Lua e o Mar (Moraes Moreia e Pepeu Gomes), Luar do Sertão (Roberta Miranda) e Tieta (Luiz Caldas). Em 1994 quando a trama foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo a Som Livre  lançou o CD “Tieta Especial” com as melhores músicas dos dois volumes  da trilha.
        Inesquecível a abertura da novela, uma das mais belas da era Hans DonnerIsadora Ribeiro sucesso na abertura do Fantástico , estrelou a abertura da trama, onde as paisagens do agreste e do Mangue Seco se transformavam  ao se retorcer no corpo nu da modelo.
Duas cenas  de Tieta estão marcadas no meu pensamento até hoje. A Volta de Tieta à Santana do Agreste ao som de “Coração do Agreste”   que marcava a entrada de Betty Faria  na  trama , e o retorno da Tonha (Yoná Magalhães) depois de repaginada em São Paulo ao som de “Uma Nova Mulher”.
Tieta  foi uma das novelas mais gostosas que já assisti, e com certeza a melhor do Aguinaldo Silva.


Por Amor (1997)

        Sempre cito História de Amor (1995) e Laços de Família (2000) como as melhores novelas do autor, mas Por Amor também é considerada um fenômeno e merece um lugar entre as melhores sim.
          Por Amor apesar de falar do cotidiano, assuntos pertinentes da época, a trama é atemporal , e isso ficou nítido com a reprise no VPVN no ano passado personagem.
         O grande mote de Por Amor era a relação conturbada entre mãe e filha, mostrando que esse amor  é o mais forte que existe. Vale lembrar que praticamente todas as tramas do Maneco giravam em torno dessa relação, mas em Por Amor a Helena foi capaz de abrir mão de um filho em favor da filha, abriu mão da própria felicidade, literalmente em nome do amor a essa filha. Esse entrecho prendeu e seduziu o telespectador que tentava imaginar qual seria o final daquela trama. Como dizer para uma filha que deu seu próprio filho à ela em nome da sua felicidade? E como julgar essa mãe?!
        ReginaDuarte e Gabriela Duarte, mãe e filha  na vida real, não poderiam ter sido melhor escolha para os papéis. Numa química perfeita,  ambas brilharam e deixaram a outra brilhar na medida certa. A Eduarda da Gabriela Duarte, era tão mimada que irritava a gente.  Mas esse era o perfil necessário para dar veracidade a troca dos bebês  e desespero da Helena em perceber que aquela filha tão frágil,  não suportaria a morte do filho. Na época foi criada uma página na internet por aqueles que odiavam a Maria Eduarda. A Página teve mais de 8 mil visitas em menos de um mês e tinha o slogan: “Exigimos a morte dessa chata o mais rápido possível!”. Porém esse mesmo público que exigia a morte da personagem acabou perdoando e desejando que ela continuasse na trama. Tudo graças ao perfeito trabalho da Gabriela. Filha de peixinho . . .
         Regina Duarte viveu sua segunda Helena do autor em Por Amor. A primeira vez foi em 1995 em História de Amor e em 2006 voltaria a viver a personagem marca registrada do autor em Páginas da Vida (2006).
          Susana Vieira na pele da grande vilã Branca Letícia de Barros Mota,  foi outro grande destaque da novela. Suas vilanias regadas a muito martine contra os próprios filhos inclusive,   faziam o público delirar. Inesquecível a cena em que Branca descobre o caso do marido Arnaldo (Carlos Eduardo Dolabella) com Isabel (Cássia Kiss), sua melhor amiga. As duas protagonizam uma briga com direito a puxão de cabelo, tapa e uma queda de escada para ninguém botar defeito.
        Entre as tramas paralelas de Por Amor não posso deixar de citar a história da  tresloucada Laura, vivida magistralmente pela Viviane Pasmanter, que loucamente apaixonada por Marcelo (Fábio Assumpção), o marido da Eduarda, foi capaz de tudo. A personagem teve um final poético, morrendo em uma acidente de helicóptero deixando os gêmeos que havia tido com Marcelo como a lembrança desse amor incondicional.
          Paulo José sem sombra de dúvidas viveu seu melhor personagem na tv em Por Amor, como o  alcoólatra Orestes. Sua dobradinha com Regina Braga, que fazia a esposa,  e a  meiga Cecília Dassi, a filha,  emocionava a cada nova cena. Mesmo ainda muito novinha, Cecília Dassi  ganhou o prêmio de revelação do ano pela APCA.
         A química entre Milena e Nando, personagem da Carolina Ferraz, no auge da sua beleza, e Eduardo Moscovis, que viveram um grande amor na trama, rendeu aos seus intérpretes os protagonistas da próxima novela das seis. Eles foram escaladas para viver Carlão e Lucinha, no remake de Pecado Capital, da autora Janete Clair, reescrita por Glória Perez.
         O Humor da trama ficou por conta de Françoise Forton na pele da inesquecível emergente Meg Trajano, que era inspirada na socialite, também emergente,  Vera Loyola, com direito a aniversário de cachorro e muito mais.
         Um folhetim puro tendo como pano de fundo o cotidiano que o Manoel Carlos sabe trazer para a tv com mastreia. Tocou em temas difíceis como troca de bebês, alcoolismo, bissexualismo, preconceito racial e social, ciúme doentio, amores, traições, relação entre pais e filhos e conflitos éticos e morais. Uma mescla de assuntos pertinentes que nas mãos do Maneco se transformaram em um deleite folhetinesco inesquecível.

Terra Nostra (1999)

          Em 1999 Benedito Ruy Barbosa voltava ao horário nobre global com uma das novelas de maior sucesso da emissora. Terra Nostra foi aquele tipo de novela que acontece de tempos em tempos, a  trama chegou a dar 58 pontos de picos de audiência , índice alto levando em consideração os dias atuais.
        Com Terra Nostra , Benedito voltava a falar sobre um assunto o qual ele domina muito bem, a imigração. O Autor já havia falado sobre o assunto com maestria em Os Imigrantes (1981) na Rede  Bandeirantes e em Vida Nova (1988) na Globo.
        Mas em Terra Nostra Benedito pode mostrar essa imigração com toda a exuberância e veracidade que o assunto pedia. A imigração italiana no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX e sua importância na formação da sociedade brasileira. A novela conta essa história a partir do romance entre os jovens italianos Matteo (Thiago Lacerda) e Giuliana (Ana Paula Arósio), que resiste a todos os conflitos e provações para triunfar no final.  
         Thiago Lacerda e Ana Paula Arósio que viveram os inesquecíveis Matteo e Giuliana foram catapultados a astros de primeira grandeza na Globo graças ao sucesso de seus personagens. Ana Paula mesmo com uma personagem difícil e com alto grau de carga dramática , conseguiu segurar o papel e a Giuliana é ainda até hoje um dos mais conhecidos papéis da atriz.
        Os personagens de Terra Nostra são inesquecíveis, marcados por interpretações  impecáveis dos atores que lhe deram vida.
        Como esquecer o saudoso Raul Cortez e Maria Fernanda Candido, outro grande destaque da novela. O Relacionamento dos dois a certa altura da trama passou a ser tão interessante quanto ao dos protagonistas. Inesquecível o banho de banheira do casal em uma das cenas mais sensuais da novela.
         Maria Fernanda Cândido virou grande estrela do dia para a noite. A Atriz foi escolhida com a mulher mais bonita da século 20 em uma votação dentro do dominical Fantástico , vencendo nomes como Vera Fischer, Martha Rocha, Luiza Brunet e a da própria Ana Paula Arósio.  O “macarroon” criado por Paola na trama ganhou as mesas dos brasileiros. A empresa de massas Adria lançou o “Macarrão Terra Nostra” , assim com a Arisco  os  molhos e temperos tudo com a marca da trama.
        Ângela Vieira fez da  sua madame Janete , a algoz de Giuliana , um dos seus melhores momentos na TV. A Atriz estrelou a capa da edição da revista Playboy de outubro de 1999 com o slougan : A Bela vilã de Terra Nostra.
        Outros destaques absolutos no elenco : Antônio Fagundes, Paloma Duarte, Marcelo Antony,  Carolina Kasting e Débora Duarte. Débora inclusive graças ao seu bom trabalho a frente da personagem,  acabou salvando Maria do Socorro da morte.  Na sinopse a esposa de Gumercindo morreria de parto.
        Benedito idealizou Terra Nostra como um trilogia , que teria sua terceira fase terminando nos dias atuais (2000), mais apesar do grande sucesso da trama o autor preferiu encerrar a saga na início da segunda guerra mundial, mas com um enigmática frase  : “Essa história não acaba  aqui!”.
        A ideia de escrever Terra Nostra , vinha desde Os Imigrantes (1981), sucesso absoluto do autor na Rede Bandeirantes. Mas o projeto pedia altos custos de produção, e assim foi. Só nos primeiros capítulos da novela , nas cenas do navio  foram investidos mais de 1,2 milhões e em um mês de gravações a novela já havia gasto 4 milhões, 40% a mais que a novela anterior Suave Veneno (1998) do autor Aguinaldo Silva.
        Terra Nostra roubou de Escrava Isaura (1976) o trono de novela brasileira mais vendida para fora. Em 2004 a trama de Benedito Ruy Barbosa  já havia sido vista em 83 países contra 79 da novela de Gilberto Braga.
        A Trilha sonora de Terra Nostra   foi  impecável com grandes nomes da música brasileira  interpretando canções em italiano. “Tormento D´Amore” interpretado por Aguinaldo Rayol e a menina Charlotte Church  foi o carro chefe do CD e o tema de abertura da novela. A Música ganhou as rádios do Brasil e se transformou em um grande sucesso. Assim como “Malia” cantado por Sandy e Jr; “O Solo Mio” do José Augusto; “Luna Rosa” Caetano Veloso; “Lacreme Napulitane/Vunria” na voz da Zizi Possi.
       


                No cenário do bucólico bairro do Leblon no Rio de Janeiro , Helena (Vera Fischer) uma mulher exuberante é atropelada por Edu (Reynaldo Gianechinni) um médico recém formado. A Química entre os dois é imediata, e os dois se entregam a um paixão  avassaladora. Esse era o pontapé inicial da trama de Laços de Família do autor Manoel Carlos.
        O Folhetim tinha Vera Fischer como Helena , uma das mais belas já criadas pelo autor (A Minha preferida).
        A Novela consagrou vários atores, entre eles Carolina Diekmann, GiovannaAntonelli e Luigi Baricelli, e fez o Brasil inteiro chorar com a história de Camila à procura de um transplante de medula.
        A Novela foi sucesso absoluto no horário nobre daquele ano , e sua trilha invadiu o Brasil com vários ritmos e cantores.
A trama conta a história de  Helena (Vera Fischer),  uma mãe que abre mão de sua felicidade em favor da filha Camila, duas vezes. Primeiro ela entrega de bandeja à garota o namorado Edu (Reynaldo Gianecchini) – as duas disputavam o rapaz. Depois ela engravida do pai de Camila, Pedro (José Mayer), com quem não falava há anos e que a garota nem conhecia – para que o filho que nascer possa ser o doador de medula para a doença de Camila. Mas, para isso, Helena teve que abdicar pela segunda vez de um amor: Miguel (Tony Ramos), com quem estava tendo uma relação estável.
        A Novela ficou marcada pela cena em  Camila , depois de diagnosticada com leucemia resolve raspar a cabeça. A cena ao som de “Love by Gracy”  da cantora Lara Fabian, consagrou Carolina Dieckmann e se tornou parte de uma campanha de doação de medula.

        No elenco destaques para Vera Fischer, Tony Ramos, Déborah Secco, José Mayer, Helena Ranaldi e Marieta Severo que fazia sua última novela antes de passar treze anos vivendo a Dona Nenê de  A Grande Família.
               Giovanna Antonelli foi catapultada a grande estrela da casa depois do destaque como a garota de programa Capitu. A Atriz no ano seguinte foi a protagonista da novela O Clone (2001) , da autora Glória Perez.
        Reynaldo Gianechinni e Juliana Paes estrearam em Laços de Família. Ele vivendo o galã Edu e ela a doce empregada Ritinha, que acaba ganhando destaque no decorrer da novela.

                Laços de Família deu a Globo o maior  pico de audiência dos anos 2000  na cena em que Camila, personagem da Carolina Dieckmann raspa a cabeça ao ser diagnosticada com leucemia. Exibida em 11.12.2000,  ao som de “Love by Grace” na voz da Lara Fabian,  a cena teve 79% dos televisores do país sintonizados. .

O Clone (2001)

         O Clone,  da autora Glória Perez, trazia com uma de suas principais temáticas a clonagem humana, e novamente tal qual acontecera em Barriga de Aluguel (1990),  o ineditismo  do tema fez com que  a autora fosse  considerada insensata por abordar uma ficção científica que praticamente não se concretizaria jamais. Será? Na outra ponta de O Clone vinham os costumes e cultura islâmica contrastando com a discussão da clonagem humana, e cerca de três semanas antes da sua estreia, acontecera os atentados  em Washington e Nova Yorque e a  explosão  torres gêmeas , o que fez com a Globo receasse sobre a aceitação da trama. Mas nada respingou na novela, e O Clone virou um sucesso arrebatador tendo com seus pilares a Clonagem humana, o mundo islâmico que  somados ainda  com  a discussão sobre as drogas,  formaram a trinca responsável por esse  sucesso.
        O Clone consagrou Giovanna Antonelli, que ganhou o papel devido seu destaque com a Capitu de Laços de Família (2000), um ano antes. Giovanna conseguiu dar  a identidade que a personagem precisava e logo  fez com a que Jade fosse um novo sucesso em seu currículo.
         Murilo Benício, que viveu três personagens em O Clone, os irmãos Lucas e Diogo, e o clone Léo, foi muito criticado inicialmente. A Crítica alegava não haver diferença entre os gêmeos que o ator viveu na primeira fase da novela, o que fez o ator explicar que era impossível que dois irmãos criados juntos, tendo a mesma educação fossem tão diferentes. Porém na terceira fase, com a aparição do clone Léo, o ator foi aplaudido pela interpretação dos personagens Lucas de 40 anos e seu  clone  20 anos mais jovem.
        Na terceira fase de O Clone, o tema sobre a dependência química tomou conta da trama e acabou  chamando atenção do público tanto quanto a principal, o que elevou Débora Falabella, que viveu a personagem Mel, ao status de estrela da trama dividindo o protagonismo com a Giovanna Antonelli. A Mel confirmou o talento irrepreensível da Débora,   e credenciou a jovem atriz no hall das grandes estrelas globais.

        Outras tramas paralelas também tiveram destaque na trama. A Poligamia e o choque cultural  foram  retratada pela autora através dos costumes mulçumanos e o papel do homem e da mulher dentro dessa religião.
        Outros destaques do elenco: Adriana Lessa (A Deusa), Dalton Vigh (Said), Stênio Garcia (Tio Ali), Juca de Oliveira (Albieri), Daniela Escobar (Marisa), Nívea Maria (Edna), Letícia Sabatella (Latiffa), Eliane Giardini (Safira), Cristiana Oliveira (Alicinha), Osmar Prado (Lobato), a saudosa Mara Mazan (Odete) entre outros.
         Glória Perez trouxe para discutir as questões éticas da clonagem humana na trama os médicos Molina e Miss Braw, os mesmos que discutiram a ética sobre  o tema das mães de aluguel na novela Barriga de Aluguel de 1990, vivido pelos atores Mário Lago e Beatriz SegallO Clone acabou sendo o último trabalho na tv do ator Mário Lago, que veio a falecer em maio de 2002.
        O Clone abocanhou todos os prêmios no decorrer da sua exibição  como melhor autora, melhor novela, e melhores atores do seus elenco de vários canais, programas e associações, mas sem dúvidas o principal desses prêmios foram as homenagem que a autora ganhou devido a abordagem ao uso das drogas na trama. Glória Perez mesclou depoimentos reais de usuários à trama, desde anônimos até pessoas famosas, como o ator Carlos Vereza e a cantora Nana Caymmi. Por esse trabalho, a autora foi homenageada pela Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (Abrad) e recebeu o prêmio Personalidade dos anos 2001 e 2002, concedido pelo Conselho Estadual Antidrogas (Cead/RJ). Em fevereiro de 2003, ela e o diretor Jayme Monjardim receberam um prêmio concedido pelo FBI e pela Drug Enforcement Administration (DEA) – os dois principais órgãos do governo norte-americano responsáveis pelo controle do tráfico de drogas.
        Vale lembrar que O Clone sofreu o impacto da estreia do reality Casa dos Artistas,  apresentado às pressas pelo SBT em outubro de 2011, um mês depois da estreia da trama. Mas  a história forte, a direção cirúrgica ,  o elenco estrelar  e o ineditismo da tema conseguiram atenuar o impacto do reality na audiência, e a novela seguiu sua trilha de sucesso.


        E Quem se lembra da Nazaré Tedesco e Maria do Carmo, antagonista e protagonista vivida por Renata Sorrah e Susana Vieira na trama de Senhora do Destino ?  A Novela é um dos grandes sucessos de audiência dos anos 2000, e mesmo 10 anos depois nenhuma outra novela conseguiu chegar a sua marca. A  trama  teve média de 50,4 pontos e 73,7% de participação nos televisores ligados.
               Aguinaldo Silva escolheu a protagonista da história como nordestina  se auto homenageando. O Autor é nordestino ,  Maria do Carmo e Sebastião eram os nomes da sua mãe e de um tio. A Trama principal da novela foi tirada dos noticiários. O Autor se comoveu com a história do sequestro de Pedrinho, raptado de uma maternidade em 1986, sendo criado pela sequestradora até ela ser descoberta em 2003. 
                O Autor resolveu levantar  várias bandeiras dentro da trama. Falou sobre violência doméstica com a personagem Rita (Adriana Lessa); a gravidez na adolescência com Leidi Daiane (Jéssica Sodré). Prestou informações sobre a doença de Alzheimer com a personagem vivida pela atriz Glória Menezes,  e mostrou as falcatruas na política através dos personagens Reginaldo (Eduardo Moscovis , vivendo o seu primeiro vilão) e Viviane (Letícia Spiller), respectivamente prefeito e primeira-dama da fictícia cidade de Vila São Miguel.
               O Lesbianismo também foi retratado com aceitação do público através das personagens Jennifer e Eleonora, vivida pelas atrizes Bárbara Borges e Mylla Crhistie.  O Autor deu tanta dignidade as personagens que o público acolheu o romance, mesmo sem beijo entre elas.
               Mas quem roubou a novela sem dúvidas foi a grande vilã da trama, a inesquecível Nazaré Tedesco, vivida pela atriz Renata Sorrah. Sem dúvidas em seu melhor momento na Tv. A personagem foi aquele tipo de vilã  que o público adorava odiar. Ao mesmo tempo em que torcíamos para ela se dar mal, aplaudíamos os show´s de elogios que ela dava à frente do espelho  e os apelidos que criava para seus desafetos. Entre eles a “Anta Nordestina” como ela chamava Maria do Carmo; “Songa Monga” como se referia a enteada Cláudia vivida pela Leandra Leal entre outros. A Escada da casa e uma tesoura  sempre pronta para entrar em ação viraram marca registrada de Nazaré. 
                O Capítulo de maior audiência de Senhora do Destino foi exibido em 26 de outubro de 2004, uma terça-feira. Neste dia foi ao ar o acerto de contas entre Maria do Carmo e Nazaré Tedesco. A Nordestina finalmente pode vingar o sequestro da filha com uma surra mais que merecida em Nazaré. Sem dúvidas a cena mais aguardada de toda a novela.
      Em Senhora do Destino , Aguinaldo Silva arriscou mais uma vez e tal qual fez em Suave Veneno (1999), abandonou sua zona de conforto, as novelas regionais  com realismo fantástico que o consagraram (Tieta/1989,  Pedra sobre Pedra/1992, Fera Ferida/1993 e A Indomada/1997), e apostou mais uma vez em uma trama urbana. Diferentemente do ocorrido em Suave Veneno, Senhora do Destino foi um tiro certeiro. A Trama agradou a gregos e troianos e não é à toa que nem mesmo o próprio autor tenha batido seu próprio recorde com Fina Estampa em 2011 ou com  Império em 2014.  


        A novela da autora Glória Perez que mostrava  o contraste entre  a cultura indiana  e a brasileira virou um marco na história da teledramaturgia e é a primeira novela global a ganhar o Emmy Internacional de melhor novela.
          A Trama consagrou Juliana Paes e Rodrigo Lombardi ,  que estreavam como protagonistas vivendo  Maya e Raj. A química entre o casal foi tão grande, que Bahuan, vivido pelo Márcio Garcia, que era o par romântico de Maya e seu grande amor, acabou sendo suprimido da trama. O Público começou a torcer por um  final feliz entre Maya e Raj, e o Bahuan passou a ser o vilão do triângulo amoroso.
        Caminho das Índias , assim com a  A Favorita (2008), a trama anterior no horário, também sofreu com uma baixa audiência inicial, mas os costumes indianos, a bela história de amor entre Maya e Raj, e as tramas paralelas fizeram da novela um dos grandes sucessos da autora.
        O Núcleo dos Cadore  ficou marcado por  brigas pelo poder das empresas  entre os irmãos  Raul (Alexandre Borges) e Ramiro (Humberto Martins).  Foi no núcleo dos Cadore  que duas tramas paralelas tomaram forma : A morte forjada de Raul, que seguia a ideia da psicopata Ivone, vivida magistralmente por Letícia Sabatella; e a esquizofrênia que  foi mostrada de uma forma bem clara através do personagem Tarso Cadore,  filho de Ramiro, em mais um trabalho complexo e impecável do ator Bruno Gagliasso.
        Outro núcleo forte e que virou febre nacional foi o da Norminha e Abel, personagem da Dira Paes e Anderson Muller. O leitinho do Abel e as safadezas da Norminha abrilhantavam o núcleo cômico de Caminho das Índias.
        As expressões usadas na novela ganharam os quatro cantos do Brasil, e quem não se viu repetindo com exaustão  firanghi estrangeira (expressão usada erroneamente, um pleonasmo, já que a palavra “firanghi” já quer dizer “estrangeira”), “arrastar o sári no mercado”, “as lamparinas do juízo”, “are baba!” (ai meu Deus!, puxa vida!), “baguan keliê” e “arebaguandi” (meu Deus!), “tchalô” (vamos!), “atchá” (expressão de satisfação) e “namastê” (saudação).
         No elenco vale destacar grandes atuações de Tony Ramos, Laura Cardoso, Lima Duarte, Osmar Prado, Letícia Sabatella, Nívea Maria, Christiane Torloni, Marjorie Estiano, o saudoso Elias Gleiser entre outros.
        Glória Perez foi criticada por mostrar uma Índia muito estereotipada e quase fake,  já que na Índia atual   as mulheres não se vestiam em casa como se estivessem sempre prontas para uma festa, nem as famílias dançavam por qualquer motivo , e principalmente pelo tratamento aos intocáveis, algo que a lei fez acabar na Índia atual.  Apesar de ainda ser usado em algumas regiões do país.  Claro que vale lembrar que a  trama é da  Glória Perez, e que voar é preciso, e para uma novela a licença poética é permitida.

Texto : Evaldiano de Sousa


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