Sexto e
último post em homenagem aos 60 anos de Globo através da sua teledramaturgia.
Antes leia o –
Post 1
Amor aVida (2013)
A Novela do Félix e que apresentou o primeiro beijo gay
masculino no horário nobre da Globo. Mesmo com muitas críticas ao estilo narrativo
ou à história, que depois veríamos em outras
tramas, que seria o estilo do Walcyr nesse horário, Amor à Vida foi muito bem no ibope e teve grande repercussão,
com ótimos ganchos, capítulos chave e sequencias de impacto. O Autor conseguiu
manter o interesse do público nos inacreditáveis 221 capítulos.
O Félix , do Mateus Solano, roubou Amor à Vida pra
ele logo desde o primeiro capítulo. Na pele do vilão mais caricato e
mais afetado da teledramaturgia brasileira. Mateus Solano foi
cirúrgico e totalmente entregue a interpretação
peculiar.
O Personagem é tão importante para a trama , que o Walcyr Carrasco resolveu
promove-lo de grande vilão à “mocinha” da trama. Afinal já
era nítido que o Félix, embora se regenere e contado
todos as maldades que fez contra a irmã Paloma (Paolla Oliveira),
conseguiu roubar dela esse posto.
A Relação insossa entre Paloma (Paolla Oliveira) e
Bruno (Malvino Salvador), o casal protagonista , nunca foi um ponto
forte de Amor à Vida, o casal apesar
da química nas cenas sensuais, no conjunto da obra não agradou
Em conjunto com a redenção do Félix o autor
resolveu criar um triangulo amoroso gay formado por ele , Nikos (Thiago Fragoso) e Eron (Marcelo Antony). Nada mais
ousado para os padrões globais , não ?! Isso sem falar no sempre esperado
primeiro beijo gay.
Assim o Félix que iniciou a novela jogando um bebê
na lata de lixo, protagonizou o primeiro beijo gay do horário nobre global e
ainda ganhou a inesquecível cena
final - A reconciliação de Félix e César
(Antônio Fagundes), seu pai, foi o ponto mais emocionante da trama.
Fechar a novela com aquele espetáculo que foi a dobradinha de Mateus Solano e Antônio Fagundes ,
foi o grande acerto do autor. O “Eu Te Amo” do César para o filho
que ele rejeitou a vida inteira por ser gay, levou às
lágrimas o Brasil inteiro.
Mas Amor à Vida foi muito além do beijo gay , no conjunto da
obra a trama teve mais três pilares :
Tatá
Werneck , que usou e abusou do núcleo cômico e fez da Valdirene
a periguete mais famosa da teledramaturgia brasileira. Com direito a um
texto mais livre, a comediante que sempre teve a carreira
marcada por improvisos, brilhou principalmente nesse viés dentro da
novela. As cenas dela como participante do BBB daquele ano foram
hilárias.
Vanessa Giácomo –
Aline, a grande vilã da reta final de Amor à Vida, segurou a
personagem com unhas e dentes.
Elizabeth Savalla nos
presenteou com a personagem mais crível da trama. A Atriz foi capaz de tirar
leite de pedra do texto didático do Walcyr Carrasco
e reinou absoluta dentro da novela. A personagem era tão mágica, que qualquer
outro personagem que chegasse perto dela crescia em cena. No capítulo
final a atriz ainda deu um show vestida de chacrete . Deixou
muitas saudades a Tetê para-choque.
Outra característica do texto do Walcyr que
descobrimos em Amor à Vida são
as abordagens rasas ou equivocadas em assuntos pertinentes,
que mereciam mais profundidade.
Na
trama ele falou assim sobre Gordofobia com a personagem da Fabiana
Karla, a enfermeira Perséfone, que sofreu mais bullyng do que foi ajudada
na trama. O entrecho da sua depilação intima “O
bigodinho”, que durou semanas foi desnecessário ao cubo.
Além
do bullyng e gordofobia, pipocaram outros temas
interessantes em Amor à Vida que
poderiam ter gerado debates e campanhas construtivas, mas que acabaram soando
avulsos ou desconexos, quando não mal aproveitados.
O Brasil parou para assistir o capítulo final de Amor à Vida em 1º.
de fevereiro de 2014, depois de 221 capítulos fechou em grande
estilo. Foi difícil, os críticos de plantão nas redes sociais não
perdoaram um deslize sequer. Os furos dos roteiros, os protagonistas sem
sal, as frases de efeito do Félix (Mateus Solano) , as repetitivas
investidas da Valdirene (Tatá Werneck) em um famoso e muitas outras
coisinhas foram motivos para essas críticas.
Amor à Vida pode não ter sido um “novelão” mas como
diz o ditado , os fins justificam os meios. E na novela um final
impecável transformou a trama em um clássico da teledramaturgia nacional.
Império (2014)
No conjunto da obra Império não
foi de todo um sucesso ou fracasso, a novela passou os oito meses no ar em uma
espécie de montanha russa com recordes de audiência, mas ao mesmo tempo com
chuva de críticas por causa do texto fraco e das situações inaceitáveis para
uma novela contemporânea e sem o recurso do realismo fantástico sempre presente
nas tramas regionais e clássicas escritas pelo Aguinaldo Silva.
Porém se dividirmos Império em fatias e olharmos os destaques e
grandes atuações de um elenco ímpar , a trama foi um novelão clássico do autor.
O Comendador poder até
ter morrido no final, mas sua lenda vai ficar para sempre na história da
teledramaturgia nacional, e será para Alexandre Nero, o grande
divisor de águas da sua carreira. Poucas vezes se viu um ator com tão pouca
experiência transformar um personagem em um mito, graças a sua estupenda
interpretação.
Com esquecer personagens que não prometiam, mas
se tornaram destaque na trama : A Dupla Xananá do Ailton Graça e da
Viviane Araujo, essa sim a verdadeira revelação do ano; A Lorraine, a Xerém
vivida pela atriz Dani Barros; o homofóbico Enrico do Joaquim
Lopes, o caricato mais adorável Téo Pereira, do Paulo Betti e
compreensível Beatriz, da Suzy Rêgo, em seu melhor momento em
novelas.
No elenco vale destacar também a sempre impecável Lilia Cabral, que
apesar de não ter feito da sua Maria Marta uma grande personagem, conseguiu
tirar leite de pedra.
Leandra Leal,
Andrea Horta e Marina Ruy Barbosa também defenderam muito bem suas
personagens, apesar da troca de perfil das mesmas no decorrer da trama, o
que as transformaram em alguns momentos tão chatas que ficava impossível torcer
por elas na reta final.
Não tem como não
reverenciar em Império a personagem que sem dúvidas, depois do
Comendador, é a marca registrada da
novela. Cora dos Anjos, pode não ter sido a vilã desejada e prometida, mas a
troca das intérpretes na metade da trama transformou a personagem em um amuleto
para Império. Drica Moraes e
Marjorie Estiano serão para sempre citadas por esse diferencial na
história das novelas.
Com direito a
troca de interpretes, troca de noivas, banhos de dinheiro a lá Tio Patinhas,
do Walt Disney, Império terminou
devendo muito, mas nem por
isso deixou de ser
um novelão.
Verdades Secretas (2015)
Verdades Secretas foi um suspiro para o horário das
onze, depois do fiasco dos remakes de Saramandaia (2013)
e O Rebu (2014).
O Autor prometeu um novelão e não ficou devendo em nada. Vimos um novo Walcyr Carrasco,
que apresentou uma novela sem os vícios característicos de suas tramas
anteriores, marcando mais um horário conquistado (ele já havia
escrito para as 11 o remake de Gabriela/2020) e já
esteve presente em todos os horários de teledramaturgia da emissora.
Verdades Secretas foi
ousada e no quesito nudez, lembrou com perfeição a liberdade das
tramas dos anos 80, onde era fácil, fácil vermos bundas, seis e quase nudezes
frontais masculinas e femininas, porém apesar dos exageros , isso em nenhum
momento comprometeu a história.
Verdades Secretas não
tinha uma história central que se sustentasse por si só, afinal ficou difícil
engolir o fato do protagonista se casar com a mãe da sua amada só pra tê-la por
perto. Soou exagerado, principalmente para uma trama contemporânea,
mas o desenrolar dos fatos foram tão bem amarrados, que esse entrecho principal
passou despercebido, ou pelo mesmo foi relevado.
O
Elenco de Verdades Secretas respondeu à altura. Me parece que cada
personagem foi escrito especialmente para o seu intérprete.
Camila
Queiroz, foi alçada a grande estrela, com a beleza e o
seu talento emprestado a Angel. A Estreante conseguiu dar credibilidade ao
papel, e diferente do que aconteceu com várias outras atrizes, deu
muito mais do que esperávamos para uma estreante. Sua química com Rodrigo Lombardi explodia
em cena e isso só enriqueceu e alicerçou seu trabalho.
Grazzi Massafera foi outra
que fez de Verdades Secretas seu palco. Se alguém ainda tinha dúvidas do seu
talento com atriz, a Larissa foi a prova dos nove. Na pele da drogada modelo,
surpreendeu não só com a caracterização, mas com as várias cenas
difíceis exigidas, envolvendo drogas, prostituição e a Cracolândia. Foi uma
entrega visceral da atriz que foi aclamada pela crítica. A personagem rendeu a
Grazzi o prêmio de melhor atriz pela APCA.
DricaMoraes, como a
Carolina, uma personagem complexa que poderia beirar o ridículo e,
que ela pegou já andando, foi outro destaque do elenco. Déborah Secco viveria a
personagem, mas teve que abandonar depois de uma semana de gravações ao se
descobrir grávida. Confesso que não imagino a Déborah num perfil de personagem
como esses, já a Drica caiu como uma luva.
Marieta Severo com sua
Fanny apagou de vez a Dona Nenê da série A
Grande Família. A atriz não poderia ter voltado em uma personagem
melhor. Todo mundo adorou odiar a Fanny.
Eva Wilma, mesmo com uma
personagem à parte, Dona Fábia, demandou um trabalho preciso e marcante
abordando o tema do alcoolismo. Muito bom ver uma atriz que sabe extrapolar com
maestria o texto, lhe dando credibilidade.
No
elenco destaque também para Ágatha Moreira (Giovanna), João
Vitor Silva (Bruno), e Reynaldo Gianechinni (Anthony).
Verdades
Secretas abocanhou praticamente
todos os prêmios ligados a teledramaturgia da tv daquele ano, mas sem dúvidas
o Emmy Internacional de melhor novela foi a coroação para o
projeto onde tudo deu certo.
TotalmenteDemais (2015)
O Conto de Fadas que
virou paixão nacional! #Joliza ganhou
a disputa e Jonatas (Felipe Simas) e Eliza (Marina Ruy Barbosa) terminaram a
trama de Totalmente Demais juntos e finalmente selando o amor da princesa e
do sapo desse conto de fadas.
Há muito tempo não via um último capítulo de novela das sete ser
tão aguardado, e sem falar que o único segredo que a novela guardava era saber
com quem Elisa ficaria no final : Jonatas ou Arhtur (Fábio Assumpção). Ficou
provado que o grande trunfo de Totalmente
Demais foi esse romance entre o
príncipe , a ruivinha e o sapo mostrado desde o primeiro capítulo e que
passou por muitos percalços para finalmente ser realizado. Saber com quem a
Elisa ficaria, mesmo praticamente todo mundo já sabendo com quem seria,
passou a ser o assunto mais comentado no final de semana que antecedeu o último
capítulo, que excepcionalmente foi exibido na
segunda-feira dia (30.05) , o que só aumentou a expectativa.
Se Eliza e Jonatas foram coroados
com o grande final em Paris, seus intérpretes também não tem do que
reclamar. Marina Ruy Barbosa e Felipe Simas foram impecáveis
vivendo o casal romântico. Sem nenhum recurso de trejeitos ou caricaturas,
ambos foram a alma da trama e a novela deu um novo status em suas
carreiras .
Fábio Assumpção
mesmo tendo ficado sem a sua ruivinha no final, deu um novo fôlego a sua
carreira e se manteve fiel ao Arthur, mesmo bombardeado com críticas da
imprensa que apontavam problemas que ele supostamente estaria causando na
produção.
Mesmo
com o romance Jonatas/Elisa/Arthur como eixo da novelas, as tramas
paralelas também foram cruciais para o sucesso de Totalmente Demais. Neste campo vale destacar a
história de Germano (Humberto Martins) e Lili (Viviane Pasmanter) ; o
núcleo de Curicica encabeçado pela Rosangela (Malu Galli) e Florisval (Ailton
Graça); o drama da adoção vivido pela Carolina (Juliana Paes); Estelinha
e Maurice , numa participação mais do que especial da Glória Menezes e
Reginaldo Faria; e claro a Cassandra, da Juliana Paiva,
que em muitos momentos roubou as cenas cômicas da trama. O sucesso da
personagem lhe rendeu inclusive um seriado de 10 capítulos escritos
especialmente para ser apresentado no Globo Play.
Mencionei o drama da adoção vivido
pela personagem da Juliana Paes, mas a Carolina merece um
parágrafo próprio. Sua personagem que inicialmente ganhou uma enxurrada de
críticas pelo seu figurino e suas vilanias que lembravam as bruxas
da Disney (Talvez até propositalmente, afinal estamos falando
do conto de fadas Totalmente Demais)
foi se modificando no decorrer da trama e o carisma da
atriz acabou fazendo o público gostar também da Carolina, e assim ela foi
perdoada no final ganhando o direito de ser feliz com o filho
adotivo e com o seu príncipe Arthur.
A Explicação para o sucesso de Totalmente
Demais talvez seja ainda
muito procurada no decorrer dos anos. Será que foi sucesso por ser uma
trama simples? Por ser um conto de fadas moderno? Por ter focado no romance? Ou
porque fez desse romance o ponto de partida? Enfim muitas perguntas ainda ficarão
no ar , mas o fato que Paulo Halm e Rosanne Svartmann conseguiram
transformar a já fadada história de amor recheada de
melodrama em uma novela impossível de perder e impossível de
ser esquecida.
Êta
Mundo Bom (2016)
Eta Mundo Bom marcou a volta do Walcyr Carrasco ao
horário das seis, depois dos sucessos Amor à Vida (2013) no
horário das nove e Verdades Secretas (2015) no
horário das onze. O Autor revitalizou o horário das seis ao chegar
a Globo com títulos como O Cravo e a Rosa (2000), Chocolate com Pimenta (2003)
e Alma Gêmea (2005).
A Fórmula do sucesso do EtaMundo Bom é uma incógnita,
afinal de contas, como o próprio autor explicou em entrevistas na época, não
traria nada de novo, e realmente não trouxe. Mas é fato que o
Walcyr sabe como poucos transformar tramas simples em sucesso, fazendo com o
que público se interessasse por situações repetitivas sem
notar essa repetitividade.
Assim , A Saga do Cegonho, os casamentos e planos
da Sandra (Flávia Alessandra), as
investigações da Maria (Bianca Bin) entre outras
situações, aconteciam praticamente desde o primeiro capítulo, e
continuaram uma vez por semana ganhando um novo fôlego.
Podemos ver facilmente em Eta Mundo Bom, dada as devidas proporções, tramas
de O
Cravo e a Rosa (2000), Chocolate com
Pimenta (2003) e Alma
Gêmea (2005) , com o agravante de que, Walcyr teve
que se desdobrar para não deixar a trama perder seu brilho depois que a
Filomena não decolou como protagonista. A Débora Nascimento foi
uma figuração de luxo dentro da trama, e o Walcyr assim que percebeu que a
atriz não tinha força para segurar a personagem, alçou a coadjuvante
Maria, da Bianca Bin, à mocinha da trama. Esse percalço com a
protagonista foi um único fator contando contra Eta Mundo Bom.
O ponto de partida de Eta
Mundo Bom foi o
conto iluminista “Cândido ou O
Otimismo”, de 1759, do filósofo francês Voltaire,
que por sua vez, inspirou o filme Candinho (1954),
de Abílio Pereira de Almeida, com Amâncio Mazzaropi como
o personagem título. E ficou nítido que a novela tem muito mais do
filme do que do romance, é praticamente a mesma história.
Sérgio Guizé, que vinha de
dois protagonistas sem muito peso – O João Gibão do remake de Saramandaia (2013) e o Caique de Alto Astral (2014),
foi crucial para o sucesso do Candinho e consequentemente da novela. Sua
entrega ao caipira que, entendia que tudo que acontecia de ruim era para
melhorar , foi notada pelo público que se apaixonou e comprou o
protagonista. Sem dúvidas o seu melhor momento na teledramaturgia.
Logo que a FláviaAlessandra foi anunciada como a vilã da
trama e seu visual loura blond divulgado pela imprensa não faltaram vozes para
dizer que a Sandra de Eta Mundo Bom seria nada mais que uma cópia da Regina de Alma Gêmea (2005),
personagem que marcou a carreira da atriz e que também é do autor Walcyr
Carrasco. Porém logo vimos que a Sandra em nada tinha a ver com a
Regina, a personagem tem vida e perfil próprios. Mas sensata do que
a Regina, a Sandra é má por puro interesse financeiro, diferentemente da Regina
que era passional ao extremo. Mesmo sem um comparsa a altura da personagem, O
Ernesto vivido pelo Eriberto Leão, não passou de figuração de luxo,
a vilã entrou para o hall das grandes vilãs da teledramaturgia
nacional consagrando novamente Flávia Alessandra vivendo um
vilã do autor.
Flávia
Alessandra, Sérgio Guizé e Bianca Bin tinham
papéis difíceis nas mãos - a Vilã extremamente
má, o mocinho ingênuo, e mocinha sofredora – e poderiam
ter caído fácil na caricatura simples, mas não. Os três foram personagens
com perfis bem interessantes e defendidos de uma forma magistral.
Nesse elenco afiado com o texto e a direção
magistral do saudoso Jorge Fernando , vale
destacar ainda: Elizabeth Savalla,
que na pele da Boca de Fumo, digo Cunegundes, muito criticada no início pelo
tom acima , soube driblar as críticas e se manter digna ao perfil,
que acabou se tornando um charme peculiar e ingrediente do
sucesso; Marco Nanini, RosiCampos, Ary Fontoura,
Anderson di Rizzi, Dhu Moraes e Flávio Migliaccio que
compunham o núcleo caipira da história.
Neste núcleo não tem como dar
um parágrafo para Camila Queiroz - Fazer uma
personagem marcante na tv e logo no trabalho seguinte conseguir destaque são
para poucos. Mel Lisboa e Larissa Maciel amargaram
papéis sem expressão depois de Presença de
Anita (2001) e Maysa (2009),
mas felizmente esse estigma não pegou a Camila Queiroz. Depois do
sucesso arrebatador da Angel de Verdades
Secretas (2015), a
atriz ganhou uma personagem que inicialmente não tinha grandes expectativas,
principalmente se comparada a Angel. Mas o carisma e talento da atriz, somado a
ajuda do “cegonho” que ela teimava em conhecer, transformaram a Mafalda em uma
grande e importante personagem dentro de Eta
Mundo Bom, isso sem falar na veia cômica que a Camila mostrou. A
Atriz provou logo em seu segundo trabalho na tv que
tem a trinca perfeita para uma boa profissional da teledramaturgia:
beleza/talento/versatilidade.
Nos
núcleos da cidade destaque para os trabalhos de ElianeGiardini (Dona Anastácia), Ana Lúcia Torre (Camélia)
e Priscila Fantin (Diana).
Com elementos característicos dos textos e tramas do
autor – melodrama, maniqueísmo, humor inocente e/ou pastelão, vilões terríveis,
núcleos caipiras, bichos de estimação, casamentos desfeitos no altar, torta na
cara entre outros, Eta Mundo Bom entrou
para o hall de mais um sucesso arrebatador de público escrito por Walcyr
Carrasco.
A
Força do Querer (2017)
A Força do Querer quebrou
o estigma de cinco anos do fenômeno de Avenida Brasil (2012),
do João Emanuel Carneiro, conseguindo
parar o Brasil em frente à tv novamente e enchendo as redes sociais de fotos e
frases ditas pelo personagem da trama, mais um literal fenômeno de audiência do
horário nobre.
Foi visceral, emocionante e forte no sentido mais
ampla dessa palavra. Glória
Perez prometeu e dessa vez cumpriu, quebrou o
estigma de rejeições de tramas no horário nobre Global e fez de A Força do Querer um
fenômeno da teledramaturgia.
Com uma trama reta, dosada com muita realidade e coerência, a autora traçou um
leque de entrechos pertinentes com personagens cativantes que tomou o
público de assalto com técnica e talento juntos em prol de um só
desejo – fazer A Força do Querer dar certo.
Sem dúvidas o grande trunfo da novela foi sua
coerência, presente do princípio ao fim – A Bibi (Juliana
Paes)
queria “amar grande”, e amou foi do 8 a 800, se arrependeu e com toda a força
que a personagem sempre apresentou começou do zero e teve o seu final feliz. A
Ritinha (Isis Valverde), nossa eterna Sereia, encantou o público e seus
pretendentes, e também teve seu final condizente com sua trama. Nunca se apegou
a ninguém, era um ser da natureza, um fenômeno. E a Jeiza, da PaollaOliveira que exigiu da atriz um trabalho duro, mostrou a polícia que
nós acreditamos que existe, que veste a camisa e luta pela honestidade. Foram
três protagonistas viscerais , os pilares da trama que de tão bem
escritas e interpretadas em nenhum momento uma suplantou a outra, mostrando
mais uma vez a força do texto da Glória e a escalação perita desse elenco.
O merchandising social da transição de gênero foi
um dos mais importantes abordados pela autora, que já falou sobre
tráfico de pessoas, barrigas de aluguel, crianças desaparecidas entre outros.
Com uma abordagem delicada e a escolha de uma atriz cara nova, mas nem por isso
sem competência para viver a Ivana que viraria o Ivan, Glória
Perez jogou o assunto na sala do Brasil inteiro, e pessoas
de vários níveis sociais e intelectuais discutiram essa transição, tentaram
entender e se ainda não entenderam no mínimo iram pensar duas vezes antes de
ignorar ou agredir simplesmente.
Outros destaque do elenco - Maria
Fernanda Cândido com a Joyce, que foi tão criticada
inicialmente, e mostrou que a personagem precisava daquele engessamento
fútil inicial para dar credibilidade na fase do descobrimento da transição da
Ivana.
LíliaCabral,
como a Silvana; Débora
Falabella, a vilã Irene; A dobradinha Zezé
Polessa e Tonico
Pereira, com a Ednalva e Seu Abel; Emílio
Dantas, o Rubinho e Elizângela, que
com sensibilidade, fez da Aurora a mãe do ano e sua melhor personagem de
todos os tempos.
A Força do Querer revelou o grande talento de Carol Duarte,
que tem formação no teatro, e estreou em horário nobre vivendo a complexa
personagem Ivana / Ivan. Era uma estrada de mão dupla. Ou seja, se não fosse
seu talento mostrado desde as primeiras cenas, a Ivana e essa transição poderia
ter soado fake e caricata. Sem dúvidas foi a melhor estreia de uma atriz em anos.
Alguns coadjuvantes também fizeram de A Força do Querer seu
palco e deram a seus personagens ares de protagonistas e se tornaram
queridinhos do público. O Caso do estreante Silvero Pereira, que
quebrou tabus com o transformista Elis Miranda e o motorista Nonato; Mariana
Xavier, que como ela mesmo declarou em entrevistas, não queria fazer a
gordinha que sofria bulling e ficava triste. Mostrou que as gordinhas tem outro
lado, além de lutar para mostrar que o sobrepeso é algo que pode ser bonito e
respeitado. No final foi premiada com um ensaio sensual de lingerie. Ah , e não
posso esquecer a Dita, da Karla Karenina, sempre impecável vivendo
a empregada nordestina que se envolve com o drama dos patrões. Mas o
coadjuvante que roubou a cena na trama foi o Jonathan Azevedo, como
o bandido Sabiá, que entrou na trama apenas para dois capítulos, e acabou
se tornando um dos grandes destaques da novela.
A Força do Querer nos apresentou e imortalizou expressões paraense
que ganharam o Brasil: “Égua!” , “Lasquei-me”, “Pomba Lesa”,
“Despombalecido”, “Pavuagem” e “O Pau de Acha”.
Tenho que fazer um
parágrafo especial para Marco Pigossi e Fiuk, quem tanto foram criticados por toda a trama pela apatia do Ruy e as
bobalhices do Zeca. A cena final dos dois no reencontro do Rio no
Parazinho selando a amizade foi uma das poucas cenas em que os dois se saíram
bem.
O Mais interessante em A
Força do Querer é que a
proximidade da trama com a realidade foi muitas vezes citadas como o grande
trunfo da Glória Perez, o que há dois anos foi apontado como
um dos problemas de A Regra do Jogo,
do João
Emanuel Carneiro, considerada um das novelas rejeitas do
horário. Porém no caso de A Força
do Querer a mescla com um folhetim dos bons e personagens
carismáticos transformaram essa realidade dura em cotidiano.
A Dona
do Pedaço (2019)
“Olha o Bolo da Paaaaaaz!”
Essa
frase marcou a trama e a protagonista de A Dona do Pedaço,
Maria da Paz, eternizada pela JulianaPaes, novela criada
em 2 semanas pelo Walcyr Carrasco,
para substituir O Sétimo Guardião,
do Aguinaldo Silva, que
acabou com a audiência do horário.
A Dona do Pedaço foi uma
máquina de captar audiência e merchandising, sem dar a menor
importância para um texto no mínimo coerente e sempre utilizando de
entrechos tão fáceis, que beiraram as novelas infantis do SBT, o
Walcyr prometeu recuperar a audiência e conseguiu mesmo.
Os desserviços de A Dona do Pedaço foram
muitos - As cenas circenses entre a
personagem trans Britney (Glamour Garcia) e seu pretendente
português; o caricaturismo de evangélicos; o casal gay quase
enrustido, com direito a beijo só para selar o final da trama (Agno/Malvino
Salvador e Leandro/Guilherme Leicam ), entre outros... mas nenhum foi tão grave
quanto a romantização do atirador Chiclete (Sérgio Guizé) e a
violência doméstica sofrida por Vivi Guedes (Paolla Oliveira) na reta
final da trama. Muitos assuntos abordados de forma irresponsável.
Walcyr Carrasco não se
preocupou nenhum pouco em alicerçar seus personagens por um bom texto, o único
e explícito interesse era ganhar audiência. A Trama é um dos maiores
sucessos do horário nobre global dos últimos anos mesmo
recheada de personagens bobos, com textos repetitivos e caricatos.
Muitos desses
personagens brilharam mais graças a empatia e talento de
seus intérpretes do que pela história que viveram propriamente.
Imaginem a Maria da Paz sem uma Juliana Paes por trás, a Vivi
Guedes, que foi uma máquina de fazer dinheiro através de propagandas dentro da
novela sem o carisma e poder comercial da Paolla Oliveira;
a Fabiana sem a perícia da Nathália Dill;null o Chiclete sem
o Sérgio Guizé, ou a Kim sem a Mônica Iozzi ... Enfim
os intérpretes salvaram seus personagens.
Juliana Paes teve uma
carreira sempre em ascensão desde que estreou como a empregada Ritinha de Laços de Família, em
2000. Hoje considerada uma das grandes estrelas da sua geração com uma legião
de fãs e muito bem vista no meio artístico e
comercial, imaginem a Maria da Paz sem esse talento e
carisma de retaguarda da personagem considerada uma das mais burras da história
da teledramaturgia nacional. A Maria da Paz foi no mínimo
muito infantil, e isso ficou ainda mais nítido a partir da segunda fase
de A Dona do Pedaço,
quando ela sofreu praticamente um lavagem cerebral mostrando uma
discrepância gritante entre as personagens . Sem uma atriz do
magnetismo da Juliana a Maria da Paz não teria passado de
um bolo solado.
Musa absoluta das redes sociais e sem
dúvidas a digital influencer de maior sucesso da teledramaturgia, a Vivi Guedes
não é nada a mais que uma extensão mais exagerada
da Paolla Oliveira. Dentro
de A Dona do Pedaço a
personagem praticamente passou a novela inteira tirando fotos. Claro
que sua química como o Chiclete (Sérgio Guizé) deu uma melhorada no
perfil, mas a reta final com a Vivi enclausurada como uma
princesa da Disney sofrendo agressões do marido em um relacionamento tóxico,
para uma mulher com o empoderamento que mostrou no início da trama, foi muito
incoerente, mesmo que seja devido à chantagens com receio de que o
Camilo (Lee Taylor) entregue seu amor a polícia. É uma história muito fraca, e
sem uma intérprete sem a beleza e o talento da Paolla, não sei mesmo o que teria
sido da Vivi.
Vendida com a grande vilã de A
Dona do Pedaço, a freira do mal Fabiana, se não vivida pela
magistral da Nathália Dill, teria se esvaído logo nos
primeiros entrechos. Com um texto repetitivo – que começa e sempre termina
como a menção de que foi criado em um convento, suas
vilanias chegaram a ser hilárias de tão fracas.
A Agatha Moreira chegou
em A Dona do Pedaço vindo de
dois grandes momento na tv - a Domitila de Novo Mundo (2017) e
a Ema de Orgulhoe Paixão (2018) - e essa
vilã no horário nobre seria a cereja do bolo do seu
currículo. A Jô ficou em banho-maria praticamente a trama inteira e
ao se revelar uma patológica vilã na reta final ganhou torcida
“contra” do público, porém muito mais pelo magnetismo da atriz do
que do perfil da personagem mesmo. Protagonista de cenas
grotescas, com as da morte do seu copeiro e em seguida do amante
deste, além do show de caras e bocas da personagem cada vez que
via seus planos indo de água abaixo, transformaram
a Jô em uma personagem mais vergonhosa ainda. Só a Agatha
mesmo para segurar com dignidade uma personagem tão sem estrutura ,
que acabou ganhando o apoteótico e inesquecível final.
As tramas, sem a
preocupação de um bom texto ou histórias, com o único intuito
entreter e captar audiência, já virou marca registrada do Walcyr
Carrasco , novelas
marcadas por uma audiência espetacular, mas sem um
conteúdo importante, tendo como pilares grandes viradas, retornos de
personagens e finais apoteóticos.
Bom
Sucesso (2019)
Bom Sucesso, da dupla Rosane
Svartmann e Paulo Halm, fez uma trajetória magistral onde
tudo deu certo, nem os percalços na reta
final prejudicaram em nada o conjunto da obra.
Bom sucesso desde seus
primeiros capítulos se destacou pelo pano de fundo literário com
trechos de livros clássicos sempre citados pelos protagonistas ou
outros personagens, mas a trama foi além, sem abrir mão da linha folhetinesca,
os autores conseguiram imprimir e apresentar uma trama simples, com
entrechos conhecidos, mais tão bem emoldurados pelo belo texto e um
elenco escalado com mestria que encantou a cada cena.
A
Relação Alberto (Antônio Fagundes) e Paloma
(Grazzi Massafera) foi sem dúvidas o principal trunfo da
trama. Poucas vezes uma relação assim de sexo oposto sem temática sexual chamou
tanta atenção do público. O que dizer da cena da dupla em pleno
sambódromo no antepenúltimo capítulo na quarta – feira (22.01)
, a cena que marcou a morte do personagem no
penúltimo capítulo e a cena final com Paloma lendo para a alma de Alberto, que
fechou a novela. Há muito tempo uma reta
final não chamava tanta atenção do
público, e isso sem usar nenhum subterfúgio de quem fica com quem ou
o quem matou?
Com
ótima direção (Marcus Figueiredo e Luiz Henrique Rios) e
roteiro a trama em nenhum momento perdeu o
fôlego e apresentou entrechos inteligentes que foram se
interligando no decorrer dos acontecimentos sem precisar
de emendas grosseiras – tudo
milimetricamente apresentado seguindo um roteiro perito
para que nos próximos encontros nada soasse pura e simplesmente de
graça ou infantil.
A Grazzi Massafera sem dúvidas foi o grande acerto do
ótimo elenco de Bom Sucesso. Se
a paloma não funcionasse no ar, talvez isso prejudicasse todo o
andamento da novela, mas felizmente ela mostrou que é sim
uma grande atriz, e na pele de uma personagem simplória, sem
subterfúgios ou alegorias, segurou com muita
competência cenas de humor e dramas na mesma proporção. Sua
dobradinha com Antônio Fagundes , tão criticada em Tempos Modernos (2010),
primeira trama em que a dupla se encontrou, em Bom
Sucesso foi crucial para
fluidez da história - literalmente dois grandes
personagens que entraram para o seleto hall dos melhores da teledramaturgia
nacional.
O retorno do Antônio Fagundes as
novelas não poderia ter sido em melhor estilo. Depois do controverso Coronel
Saruê de Velho Chico (2016), o
ator precisava do Alberto de Bom Sucesso para mostrar que ainda estava em
plena forma. O Alberto foi a essa altura da carreira do Fagundão um personagem
que marcou seu vasto currículo.
Nesse elenco vale
destacar também - Fabíula Nascimento que fez da sua
coadjuvante Nana uma personagem inesquecível. Rômulo Estrela sai
de Bom Sucesso coroado por um trabalho impecável. Depois do
apagado Afonso, o príncipe de Montemor de Deus Salve o Rei (2018),
o Marcos mostrou que o ator era muito maior. Ingrid Guimarães na
pele da exuberante Silvana Nolasco foi o alívio cômico, porém sem
destoar das outras tramas. Passou por várias fases até se encontrar
com Mário, o personagem do Lúcio Mauro Filho, ai
não teve pra ninguém. As Sequências da Silvana e Mário renderam
ótimos momentos a trama e mesmo torcendo para o Mário e Nana , a
dupla Silvana e Mário foi muito importante para a história.
O Diogo do Armando
Babaioff foi um personagem moldado a cada capítulo e mostrou que
seu intérprete a tempos estava preparado para voos mais altos. De
coadjuvante, acabou se transformando no grande antagonista de Bom Sucesso, dando
ao Bababiof um novo status. Uma pena, mais uma pena mesmo que nesta reta final
o personagem tenha sido levado para uma sequência tão incoerente com toda sua
trajetória. Muito triste vê-lo terminar assim, mas seu conjunto da obra
fica registrado como um dos pilares desse sucesso da novela. Se o Armando
Babaioff foi o coadjuvante alçado a antagonista pelo trabalho
impecável a frente do Diogo, a Sheron Menezzes não
fez por menos. De vilã a salvadora da pátria! A Gisele
foi a personagem mais transformada da trama de Bom Sucesso.
Mesmo com alguns percalços na reta
final, como a já citada transformação do Diogo em um “vilão
pastelão” ou o entrecho do retorno do marido da Paloma vivido
pelo Marcelo Faria, que nada acrescentou a trama , a não
ser ganhar tempo enquanto o Diogo havia saído de cena, Bom Sucesso terminou
provando que a qualidade e a boa audiência podem sim andar de
mãos dadas, e por isso foi aclamada pela crítica e público.
Pantanal (2022)
Foi difícil imaginar que uma novela do estilo de Pantanal, fenômeno de outros
tempos, anos 90, que primou pela emoção e lentidão, conseguisse em
pleno anos 2020, pós uma pandemia, conseguisse atingir o
mesmo sucesso e se transformasse, contada praticamente da mesma
forma, em novamente um fenômeno da teledramaturgia, aclamada por
crítica e público.
Assim
como nos anos 90, Bruno Luperi conseguiu
por a história do Velho do Rio, Juma e cia na boca do povo, nas ruas
e todos os programas da Globo e os fora da Globo também.
Não teve quem não falasse em Pantanal, não teve que não
tenha usado alguma estampa de onça, de cobra . . . ou tenha
incluído no vocabulário palavras e expressões como “Fivela de
Respeita”, “Ara”, “Flozô”, “Reiva”.
Com uma primeira fase impactante e
inesquecível, destaque para Juliana Paes, que nos
apresentou uma Maria Marruá visceral; Renato Góes, nosso Zé
Leôncio; Bruna Linzmeyer e sua apaixonante
Madeleine; além de Irandhir Santos, Malu Rodrigues, Enrique Diaz , Leopoldo Pacheco e
a estreante Letícia Salles, perfeita como a Filó nesta fase.
Na transição para a segunda fase, a escalação dos
atores foi certeira, tanto no âmbito do talento com da
proximidade física entre eles. Nesta fase fomos presenteado por grande momentos
protagonizados por nomes como Marcos Palmeira (Zé
Leôncio), Dira Paes (Filó), Alanis
Guinle (Juma), JesuítaBarbosa (Jove), Osmar Prado (Velho
do Rio), Murilo Benício (Tenório), Paula
Barbosa (Zefa), Camila Morgado (Irma), Júlia
Dalávia (Guta), Juliano Cazarré (Alcides), Selma Egrei (Dona
Mariana) e as revelações Bela Campos (Muda), Guito (Tibério),José Loreto (Tadeu), Gabriel Sater (Trindade)
e Isabel Teixeira que foi o grande destaque na pele da Maria
Bruaca.
A nostalgia ainda tomou conta da gente na festa de
casamento triplo com alguns nomes do elenco da versão original entre os
convidados – CristianaOliveira (Juma), Sérgio Reis (Tibério)
e Ingra Liberato (Madeleine).
O Remake de Pantanal provou que a
teledramaturgia está cada dia mais viva dentro de nós e que um bom novelão para
entreter e emocionar ainda é muito bem-vinda.
Vai na
Fé (2023)
“Vai na Fé”, mais um sucessão do
horário das sete da autora Rosane Svartmann. A novela que falou de fé, justiça, tocou em
pontos importantes e questões sociais pertinentes, foi sem dúvidas o maior
projeto do ano da Globo , aclamada pela
crítica, com ótima audiência e
jorrando dinheiro para emissora.
Uma das primeira qualidades de Vaina Fé é a representatividade com um elenco
praticamente 50% de negros em papéis de muito destaque inclusive no
protagonismo, onde aqui vai todas as reverencias para Sheron Menezzes,
finalmente no posto de protagonista que sempre mereceu, e Samuel de
Assis que apresentou um Benjamim cheio de nuances que cativaram o
grande público.
A Sol é sem dúvidas a
grande personagem do ano, muito mais que uma protagonista evangélica, ela se
mostrou uma mulher de várias nuances que fez com que várias
outras se identificassem. A ótima interpretação da
atriz, somada ao texto perfeito transformaram Vai na Fé nesse
sucesso.
Sheron Menezzes já
havia mostrado em vários outros personagens ditos coadjuvantes, mas que em
muitas vezes tiveram ares de protagonismo, todo o seu
talento e competência para encarar qualquer protagonista, mas
talvez essa espera de 20 anos se explique pelo fato de só agora, com
essa mudança de consciências uma personagem do viés da Sol pudesse ser escrita
da forma que foi e estava reservada a mesma com certeza. Impossível imaginar
outra atriz nesse posto.
E o que falar do elenco de Vaina Fé , uma fórmula , uma junção
de profissionais que poucas vezes acontece na teledramaturgia. Destaque
para RenataSorrah como a Wilma Campos, ela merecia essa
personagem desde a Nazaré de Senhora
do Destino(2004), um papel a altura do seu
talento. O Entrecho da personagem reverenciou clássicas peças
teatrais e a teledramaturgia cada vez que Wilma se via como uma protagonista de
novela ou lembrava de alguma que havia “perdido” para outra grande estrela da
nossa Tv. No capítulo final ainda deu tempo de relembrar a Fernanda (Christiane Torloni) em Selva de Pedra (1986) em
que ela se casava de preto.
Poucas vezes vemos em tramas do horário das sete um vilão tão
complexo e completo como o Théo , que além de ser bem
escrito, Emílio Dantas esteve do
início ao fim irretocável. Entre as características do vilão, o que
mais chamou atenção no personagem foi o fato dele ser um abusador de mulheres
em todos os níveis , conseguiu traumatizar todas que o rodearam, e mesmo assim
conseguiu sair ileso.
Carolina Dieckmann passou
para outro status em sua carreira com a Lumiar. A
intérprete ganhou da autora grandes momentos, destaque para quando
Lumiar descobre o verdadeiro caráter do Théo (Emílio Dantas). Depois de ouvir
da Kate todo o relato da trajetória doentia do então namorado. O Embate entre
eles, num misto de medo e ao mesmo tempo força da Lumiar
em bater de frente com Théo foi impactante e muito enriquecedor para trama e
para a personagem. Não posso deixar de citar também sua dobradinha
com Cláudia Ohana, em destaque
para a cena final, da morte da Dora, numa despedida entre mãe e filha
emocionante e sensível.
Regiane Alves, é mais uma
desta lista. Brilhou nas cenas de confronto com a Sol, com o
Théo quando resolveu finalmente abrir os olhos, mas o grande
destaque da personagem na trama foi sem dúvidas o relacionamento homoafetivo
com Helena (Priscila Sztejnman). O Romance quase foi limado com os adiamentos
do tão esperado primeiro beijo delas, porém depois de uma pressão do
público, o romance deslanchou e o receio da Globo, que o público
mais conservador, pudesse se afastar da trama anunciada como pano de fundo
evangélico. Clara e Helena tiveram um final feliz selado por um beijão!
Clara Moneke, a grande revelação e estrela
de Vai na Fé, logo na sua estreia! O
que aconteceu com ela, poucas vezes ocorre na teledramaturgia, uma
atriz explodir e se destacar assim logo em sua primeira personagem. A atriz
recebeu a Kate de presente da autora e não desperdiçou uma cena sequer – brilhou em
todas, no humor e no drama com a mesma maestria, o que só
enriquece ainda mais o trabalho da estreante.
Não posso deixar de cita nesse elenco nomes como Claudia
Ohana, um espetáculo à parte como a Dora; José Loreto como
o impagável Lui Lorenzo; Caio Manhete como Rafa; Elisa
Lucinda como a Dona Marlene; Carla Cristina Cardoso ,
a Bruna; Bela Campos na pele da Jennifer; Zé Carlos
Machado , o Fábio Lorenzo; Mc Cabelinho como
Hugo, Jean Paulo Campos como Iuri, Mel Maia na
pele da influencer Guiga entre outros.
Vai na Fé foi muito
além de uma novela “evangélica”, como anunciada no início das
divulgações pela imprensa, foi em sua essência uma novela sobre a
Fé, em todas as suas formas e credos. Isso
comprovado no último capítulo no casamento ecumênico de Sol e Benjamim.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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